Maldonado quer brilhar em SP para entrar na elite do UFC
Substituto de Cigano, brasileiro admite que carreira "está andando devagar"
Fábio Maldonado estreou no UFC de forma promissora. Há quatro anos, lutando em Londres, o "Caipira de Aço", como é conhecido, nocauteou o dono da casa James McSweeney. Porém, depois disso vieram três lutas, três derrotas e um ponto de interrogação no futuro do brasileiro. Aos poucos, o paulista foi reconquistando a confiança da organização, conseguiu outras três vitórias e tem a chance de dar um grande passo na sua carreira. Neste sábado, Maldonado fará a principal luta da noite pela primeira vez no UFC, contra Stipe Miocic, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
O evento principal seria o combate entre os rivais Wanderlei Silva e Chael Sonnen nos meio pesados, pela final do The Ultimate Fighter Brasil 3. Porém, a luta foi adiada e passou a ser entre Junior Cigano e Miocic. O que ninguém esperava era que o brasileiro se lesionaria e seria substituído por Fábio Maldonado.
Em entrevista exclusiva ao Terra, Maldonado admitiu que sua carreira tem andado devagar e que uma vitória poder dar novos ares. Após disputar as primeiras lutas pelo UFC no exterior, o brasileiro se viu em um "segundo escalão" da organização e fez as últimas cinco lutas no País. Ele não reclama, até gosta do carinho do público brasileiro, mas diz que sente falta de lutar nos grandes palcos do MMA mundial, inclusive para ter uma noção de como está sua popularidade nos Estados Unidos.
Conhecido por sua garra dentro do octógono, Maldonado não consegue nocautear um adversário desde 2010, quando estreou pelo UFC. Segundo ele, a derrota para Glover Teixeira e a chance de ser demitido da competição mexeram com seu psicológico e o deixaram mais cauteloso em suas lutas.
Confira na íntegra a conversa do Terra com Fábio Maldonado:
Terra - Você aceitou a luta com pouco tempo para treinar. O que mudou na sua preparação?
Fábio Maldonado -
Na verdade, todo mundo sabe que o treino é só de saúde. As últimas cinco, seis semanas acabam sendo tão desgantantes que se você fizer sempre isso acaba muito cansado. Durante quase três semanas, procuro fazer um trabalho forte, no fim eu diminuo. Dessa vez peguei a luta com menos de um mês e tive só duas semanas de trabalho forte.
Terra - Além disso, você estreará nos pesados. Quais as vantagens e dificuldades que você pode ter na categoria?
Fábio Maldonado -
São muitas as dificuldades. Uma delas é a vantagem que eles (lutadores do peso-pesado) possuem um jiu-jitsu melhor que o nosso. Ele pode engatar um golpe de força, uma kimura, e aí me complica. Eu tenho mais experiência no chão, mas, com certeza, ele derruba melhor do que eu. É muito difícil ficar por baixo de um cara desse tamanho.
Terra - Pretende seguir nos pesados ou deve voltar para o meio-pesado?
Fábio Maldonado -
Por enquanto, a ideia é seguir no meio-pesado, mas vamos ver como será a luta...
Terra - Qual você acha que será a estratégia utilizada por Miocic?
Fábio Maldonado -
Ele tem duas armas, pode surpreender tanto na trocação, quanto no wrestling. É difícil lutar com um cara desse tamanho, tenho que focar nos dois estilos, não posso ficar fixo em apenas um.
Terra - E qual será a sua estratégia?
Fábio Maldonado -
Acho que posso ganhar nos dois estilos. No chão deve ficar um pouco mais complicado. Então, acho que o ideal é evitar o chão e lutar em pé. No boxe, ele é melhor com distância e eu no espaço curto.
Terra - O que está faltando para entrar um nocaute? Suas últimas três vitórias foram por decisão...
Fábio Maldonado -
Existem lutadores incríveis como Roy Jones Jr, Rashad Evans e Pacquiao, não que eu seja igual eles, mas se você reparar, antes deles serem nocauteados, eles eram incríveis. Depois do primeiro nocaute, o lutador nunca mais é o mesmo. Foi o que aconteceu comigo. Depois da luta contra o Glover, em que eu recebi tantos golpes, eu fiquei muito receoso, ou seja, era melhor eu ganhar a luta do que arriscar muito. Nunca entrei para dar show, vou em busca do nocaute. Se der para nocautear, beleza. Se não, é melhor garantir a vitória.
Terra - Se vencer, já é possível sonhar com uma disputa pelo cinturão? Ou pelo menos ficar próximo disso?
Fábio Maldonado -
Se eu vencer, entro no top 10 dos meio-pesados. Vou pensar no Miocic antes. Muitas pessoas falam que sou um cara que fala muito, acham que estou aqui para ser mais um. Corro em busca desse sonho, nao quero só aparecer.
Terra - Você já lutou pelo UFC em Barueri, São Paulo. Como foi a recepção do público paulista? E como espera esse novo encontro?
Fábio Maldonado -
A recepção foi ótima, tanto no treino aberto, quanto na pesagem. Eu que deveria ter ido melhor. Lutei machucado e só cumpri tabela. Rompi o ligamento do joelho 12 dias antes da luta e deixei a desejar. Mas o público foi muito bom, não tenho do que reclamar.
Terra - Desde 2012 você só luta no Brasil. Como é isso para você? Sente falta de lutar nos grandes palcos do UFC? Como Las Vegas, por exemplo...
Fábio Maldonado -
Eu sinto falta. Entrei para o UFC, fiz duas lutas lá e nunca mais. Não sei como está minha moral com o público americano. Ninguém me falou nada, mas quero sim lutar lá. Mas quero deixar claro que adoro o povo brasileiro. Onde tiver UFC, eu quero estar. Seria importante para minha carreira, que, inclusive, acho que tem andado muito devagar. Essa vitória seria um grande passo para minha carreira. Miocic é melhor que meus três últimos rivais, será uma luta importante.