Explosiva, Rosi revela “tortura” ao ver Mundial de Judô das arquibancadas
Técnica da Seleção feminina está de licença maternidade, mas fez questão de ir ao ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, para acompanhar o primeiro dia de competições
Nos últimos anos, o fã de judô se acostumou a ver as atletas brasileiras em ação em competições com a imagem, ao fundo, de uma técnica que, se entende tudo da arte marcial japonesa, beira o descontrole diante do desempenho das judocas. Foi assim nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando Sarah Menezes levou o ouro e viu a treinadora da Seleção Brasileira vibrar mais do que a própria medalhista. "É o meu jeito", explica Rosicleia Campos.
Ela pula, gesticula, grita e até leva alguns shidos (advertência) dos juízes de vez em quando. Mas no primeiro dia de competições da terceira edição do Mundial de Judô no Rio de Janeiro, na última segunda-feira, Rosi, como é mais conhecida entre os judocas, assistiu tudo das arquibancadas. Mãe de primeira viagem dos gêmeos Matheus e Ana Clara, com três meses recém-completados, a treinadora, aos 43 anos, assistiu as lutas de Sarah Menezes e Felipe Kitadai, na categoria ligeiro, das arquibancadas. E, claro, a contragosto.
"Foi uma tortura", confessou. "É bem difícil para mim, estou com saudade e louca para voltar", completou Rosi, que, por estar ainda de licença maternidade, não pôde orientar bem de perto as atletas. "Eu amo muito o que eu faço. As meninas estão muito bem assessoradas, mas estou com uma vontade louca para voltar. Como estou ainda de licença, oficialmente e juridicamente, é contra a lei. Mas estou prontinha, se der 'mole'...", brincou.
Em entrevista ao Terra ao término do primeiro dia de lutas, que teve a atual campeã olímpica Sarah Menezes conquistando a terceira medalha de bronze em mundiais, Rosi atendeu a reportagem rouca, com a voz quase falhando. "Não dá para elas ouvirem (com o barulho). Estou rouca mesmo. É uma válvula de escape. Se eu não eu não gritar eu enfarto", explicou.
Sem poder dar gritos e orientações de incentivo ao alcance das atletas, Rosi foi substituída por Mario Tsutsui no comando da Seleção feminina e analisou o combate em que a brasileira foi derrotada, na semifinal, pela mongol Urantsetseg Munkhbat, que viria a ser a campeã ao derrotar na decisão a japonesa Haruna Asami.
"A atleta da Mongólia entrou para parar a Sarah. Foi uma tática da atleta. Ela é alta, o que sempre dificulta. Quando muda a estatura, o braço de alavanca muda. E ela lutou fazendo isso muito para baixo, o que impedia a Sarinha de impor estilo. Acabou funcionando", lamentou Rosi. "Foi mérito dela, tanto que ela ganhou depois da japonesa no chão, por imobilização. Era o dia dela", completou.
Rosi diz que intercalou os combates, ora junto da delegação brasileira e em outros momentos com amigas. Ela comentou também o fato de as atletas terem a primeira real experiência de uma competição de nível olímpico atuando em casa, no Rio de Janeiro, a exemplo do que ocorrerá nos Jogos Olímpicos de 2016.
"A gente está acostumado com esse tipo de público. Não vejo como fator negativo, apenas positivo. O que tem que ser analisado é o peso da competição. Um Mundial é como uma Olimpíada, e temos que desmistificar isso. Que os nossos atletas encarem como uma competição qualquer, sem qualquer tipo de glamour", orientou.
Sobre as lutas desta terça, na categoria meio leve (52 kg e 66 kg), em que o Brasil terá a cabeça de chave Érika Miranda estreando diante da vencedora do combate entre Esther Sandor, da Zâmbia, e Birgit Ente, da Holanda, Eleudis Valentim encarando a argentina Abi Betsabe Cardozo, a treinadora fez uma análise.
"A Érika é superexperiente, e já tem dois quintos e um sétimo (em mundiais), é uma atleta que está engasgada e quer muito subir no pódio. A Eleudis é jovem, não é muito conhecida, e pode ser um coringa. Eu creio que a Erika suba no pódio, e que a Eleudes caminhe bem", concluiu.