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Futebol Americano já rivaliza com o 'soccer' em Mato Grosso

Nenhum time de futebol do estado atraiu mais público à Arena Pantanal do que o Cuiabá Arsenal, time de futebol americano

22 ago 2017 - 14h58
(atualizado às 15h26)
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O futebol, também em Mato Grosso, é o esporte mais popular. Mas uma bola oval, muito apreciada na América do Norte, ganha espaço rapidamente no estado e já rivaliza com o soccer, pelo menos no número de fãs que atrai aos estádios. Em 2015, a semifinal do campeonato brasileiro de Futebol Americano, entre Cuiabá Arsenal e Coritiba Crocodiles atraiu 15.197 pagantes à Arena Pantanal.

Cuiabá Arsenal enfrenta o Corinthians Steamrollers na Arena Pantanal (Foto: Divulgação/André Romeu)
Cuiabá Arsenal enfrenta o Corinthians Steamrollers na Arena Pantanal (Foto: Divulgação/André Romeu)
Foto: Lance!

Naquele ano, o estádio só recebeu mais público para o clássico entre Flamengo e Vasco, válido pelo Campeonato Brasileiro, quando 16.602 torcedores compareceram, sendo apenas 14.010 pagantes. Em 2016, 11.372 pessoas pagaram para ver a estreia do time cuiabano na antiga Superliga Nacional diante do Corinthians Steamrollers, público menor apenas do que a disputa entre Santos e Flamengo, pelo brasileirão, com 21.799 pagantes.

- Desde a inauguração da Arena Pantanal, nenhum jogo de futebol entre equipes mato-grossenses levou mais gente ao estádio do que o Futebol Americano - comemora o vice-presidente da Federação Mato-Grossense de Futebol Americano (FMTFA) e presidente do Cuiabá Arsenal, Paulo Machado.

Comparando os campeonatos estaduais de Futebol Americano e de Futebol, a diferença é pequena em favor do tipicamente brasileiro. A média da bola redonda é de 766 pagantes por jogo contra 634 da bola oval. Nos jogos de campeonatos brasileiros, a média de público do Futebol Americano é de 1.360 pagantes. Para Machado, a presença no estadual só não superou o soccer por um motivo:

- O Cuiabá Arsenal está impedido de jogar em Cuiabá e só não aumentamos esta média porque não tínhamos um estádio com grande capacidade. O Dutrinha está interditado por uma questão de segurança e na Arena Pantanal não temos prioridade, mas se a tivermos, voltamos a jogar lá. Caso contrário, não queremos interferir no futebol local.

Se por um lado a falta de estádio da capital atrapalha a presença de público, por outro estimula o esporte em outra cidade. A pequena Acorizal, município de aproximadamente 3 mil habitantes que fica a 67 quilômetros de Cuiabá, costuma levar uma média de 812 pessoas aos jogos do Arsenal, que, pela falta de iluminação, são disputados no sol escaldante das 14 horas.

- Nós fizemos uma parceria com a Prefeitura para nos ceder o estádio Monteirão, que agora está todo caracterizado com as cores e símbolos do Arsenal e só é utilizado para o Futebol Americano. Infelizmente ainda só podemos jogar à tarde, e mesmo assim levamos quase um terço da cidade ao estádio, quando tivermos com a iluminação, esta média, certamente, será superior - pondera Paulo Machado.

O Cuiabá Arsenal foi fundado em 2006, sendo o time mais antigo de Mato Grosso e também o de maior sucesso. Se orgulha de ser bicampeão Brasileiro, bicampeão Mato-Grossense de ter diversos títulos de bowls.

Na esteira do Arsenal veio o Sinop Coyotes, que tem sua gênese no final de 2008 quando um atleta do Arsenal se mudou para a cidade do norte de Mato Grosso. Junto com Arsenal, o Coyotes representa o estado no Brasil Futebol Americano (BFA), a primeira divisão nacional. Os outros times que se destacam no cenário nacional são o Sorriso Hornets, atual campeão estadual, e Rondonópolis Hawks, ambos jogando a Liga Nacional, que corresponde à segunda divisão. Neste ano, as meninas do Coyotes conquistaram, pela primeira vez, o campeonato brasileiro feminino, batendo as, até então invictas, meninas do Cariocas FA, que hoje jogam pelo Fluminense.

SEGREDO DO SUCESSO

O Futebol Americano não é profissional e os orçamentos anuais variam de R$ 80 mil a 130 mil. A maioria dos atletas não tem dedicação exclusiva, nem recebe salários. Alguns, como os do Coyotes, chegam a gastar até R$ 1 mil, do próprio bolso, por temporada. Por outro lado, a gestão dos clubes - associações sem fins lucrativos - se mostra mais preparada do que muitos times de futebol que jogam o Brasileirão. A começar pelo tratamento que dão aos torcedores durante os jogos, conforme explica o presidente do Coyotes, Ricardo Bonadimann:

- O torcedor já não vem mais ao estádio só pela curiosidade. Ele paga para entrar no estádio porque é muito bem tratado. Os banheiros são limpos, a alimentação é de qualidade e com preços justos, não há violência nos jogos, tem narradores e comentaristas, enfim, o torcedor se sente valorizado.

Fora de campo, os diretores se viram para viabilizar patrocinadores e dar retorno. Os três times têm suas linhas de produtos, que incluem camisetas, bonés, copos e chaveiros. No Arsenal, esses produtos representam de 15% a 20% da arrecadação anual. No Coyotes e no Hornets, eles ajudam na divulgação das equipes.

O marketing é outra ferramenta característica dos times. Todos têm diretores para a área e as mídias sociais são o principal canal de divulgação. O exemplo mais bombado é do clipe feito pelos jogadores do Arsenal, em 2013, parodiando a música Show das Poderosas, da Anitta. O vídeo levou o time para os principais programas esportivos do Brasil.

- A gente trabalha muito com o marketing e produz muito material para as redes sociais. Este foi um caso que viralizou e que deu uma repercussão muito positiva - diz Machado.

FUTURO PROMISSOR

Alguns passos são dados rumo ao profissionalismo. O caso mais concreto é do Sorriso Hornets, que foi abraçado pela cidade, conquistou patrocinadores sólidos e já consegue firmar contrato com jogadores por um período de cinco meses.

- A tendência é ampliarmos as contratações se conseguirmos subir a primeira divisão - declara o presidente Ângelo Santos.

Este ano, o time deve terminar a temporada gastando R$ 130 mil. A renda vem de patrocínios, mensalidade de atletas, receita dos jogos em casa e de licenciamento de produtos.

- Em breve vamos lançar o programa de sócio-torcedor e esperamos alavancar nossas receitas em 30% - adianta Santos.

No Coyotes a ideia também é profissionalizar. Bonadimann revela que já tem um terreno que pode ser emprestado por um longo prazo e também a sinalização da cessão de uma área por parte da prefeitura de Sinop. A intenção é construir um estádio próprio, para jogos e treinamento, já que, a exemplo do Arsenal, a equipe não tem prioridade para jogar no estádio Gigante do Norte, que está emprestado ao Sinop Futebol Clube.

- Estamos viabilizando o terreno e buscando um projeto federal para que possamos construir nossa casa. A profissionalização é o caminho. Eu pensava que isso aconteceria em dez anos, mas acho que será bem antes, por isso estamos nos movimentando neste sentido - diz Bonadimann.

O presidente do Sorriso Hornets, Ângelo Santos, também vê crescimento do Futebol Americano em Mato Grosso e coloca o estado ao lado de Santa Catarina no topo da modalidade no Brasil.

- Hoje Mato Grosso não é só o Arsenal. Vamos crescer e incomodar muito no futuro.

Paulo Machado, que se divide entre a gestão do Cuiabá Arsenal e da Federação Mato-grossense não se incomoda com o pensamento do dirigente do Hornets. Também a favor da profissionalização da modalidade, ele fala em levar o esporte para mais municípios e já comemora o fato de 2018 poder ter até oito times no estadual.

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