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Em protesto, mas focado: elenco do Botafogo garante trabalho e se fecha com Anderson Barros e Barroca

Apesar de 'greve de silêncio' pelas dificuldades financeiras, jogadores não cogitam boicote dentro de campo; presenças de gerente de futebol e técnico é importante para os atletas

7 set 2019 - 07h04
(atualizado às 10h28)
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Os jogadores resolveram se pronunciar de forma oficial. Insatisfeitos com a situação dos funcionários, com dois meses de salários atrasados, os atletas, representados por Carli, João Paulo e Gabriel - três dos líderes do elenco e voz ativa nesta "nova fase" - resolveram não fazer nenhuma ação de marketing e não mostrar nenhum patrocinador do clube, em forma de protesto. A questão, contudo, passa longe do mérito dentro das quatro linhas.

Desde o momento do anúncio oficial, os jogadores asseguraram que não colocariam a parte desportiva sob risco. Assim como na greve de silêncio, realizada durante a Copa América, não passou pela cabeça dos jogadores, em nenhum momento, não treinar ou, de alguma forma, realizar algum tipo de W.O. A ação é direcionada exclusivamente à falta de respostas da diretoria.

No início da semana, Nelson Mufarrej se reuniu com o elenco. Como de praxe, não fez promessas em relação a uma possível data de pagamento, mas assegurou que busca realizar o pagamento o mais rápido possível. É a terceira vez no ano que a diretoria fica com dois meses de salários em atraso. Nas outras duas, as possíveis ações de protesto vindas do elenco lograram êxito.

Sem gostar dos microfones, presença de Anderson Barros é importante dentro do elenco (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

O possível W.O. veio à tona na cabeça de alguns torcedores por conta do "caso Figueirense". No mês passado, os jogadores do Figueira se recusaram a entrar em campo contra o Cuiabá, pela Série B, por conta dos atrasos salariais. Não há a possibilidade dos atletas do Botafogo realizarem isto pela confiança em Eduardo Barroca, técnico, e Anderson Barros, diretor de futebol, e, acima de tudo, o respeito junto à instituição.

Anderson Barros, inclusive, é uma figura muito importante dentro do elenco. Longe dos microfones por não gostar de aparecer, o dirigente é figura constante para com os jogadores. As duas partes se reúnem praticamente toda a semana para debater sobre a situação financeira e o diretor de futebol é marcado por jogar limpo e, acima de tudo, concordar com o movimento dos jogadores nos casos de protesto.

Incomodado com qualquer notícia que envolva a parte de salários atrasados, Anderson Barros é um homem de confiança dos jogadores e é uma das figuras mais importantes dentro do Estádio Nilton Santos. Com Eduardo Barroca, os fatores são inalterados: os jogadores fazem questão de colocar o treinador como uma figura que garanta o ápice esportivo. Não à toa, o técnico sempre faz questão de trazer a responsabilidade para si - e jamais nos atletas ou nas atividades propostas - em caso de uma derrota.

Barroca possui relação com o elenco (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

A situação não é fácil. Os jogadores cobram respostas da diretoria e mostram incômodo com a situação dos funcionários. Constantemente no Estádio Nilton Santos, Anderson Barros e Eduardo Barroca acabam virando, até de uma forma indireta, os principais elos entre o elenco e a diretoria, assumindo importância com os atletas.

Jogadores valorizam torcida

Mais do que a presença de Anderson Barros e Eduardo Barroca, os jogadores fizeram questão de exaltar, no comunicado realizado na última quinta-feira, que a presença dos torcedores é importante em um momento complicado. Nas redes sociais, a maioria dos internautas botafoguenses deram razão à ação dos atletas, mas o público nos estádios ainda é pequeno.

Joel Carli, principalmente, exaltou a importância de um "abraço" vindo da torcida. Para o jogo contra o Atlético-MG, no próximo domingo, às 16h, no Nilton Santos, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, a diretoria colocou promoção em todos os setores, com ingressos em R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), com a esperança de públicos maiores.

- Nesse momento o torcedor não precisa ser convocado. Eles mesmo desde ontem (quarta) começaram uma ação para ajudar e, sem dúvida alguma, eles estarão muito perto da gente, como sempre estão. Mesmo com a dificuldade, vão mostrar torcida - completou o capitão - comentou o argentino.

Busca por novas fontes de renda

A dificuldade de conseguir novos patrocinadores e aumentar o fluxo de caixa talvez sejam os principais "responsáveis" pela asfixia financeira e os atrasos salariais. Por isto, o Botafogo procura novas fontes de ganhar dinheiro para conseguir fechar o ano. É necessário dizer que, internamente, há um processo para profissionalizar o futebol, com a entrada de novos investidores, para 2020.

Recentemente, a diretoria abriu mão de ter a maioria da torcida no estádio e vender o mando de campo da partida contra o Fluminense, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, para Brasília. Uma das exigências da empresa da capital brasileira foi colocar público dividido, o que foi acatado pela diretoria, necessitando do dinheiro. Além disto, a companhia também bancará os custos de viagem e manutenção do Estádio Mané Garrincha.

Outra forma de arrecadar fundos é com a venda de jogadores. O negócio de Jonathan para o Almería por 1 milhão de euros (cerca de 4 milhões de reais) ainda não foi suficiente para confortar a situação financeira. Com a janela europeia fechada, o Botafogo pode arrecadar um valor para não ter problemas com salários por, pelo menos, o fim do ano, com vendas de Gatito Fernández e Alex Santana para Catar ou Emirados Árabes, países com a janela aberta. Os dois, inclusive, receberam sondagens ao longo do ano, mas nenhuma proposta oficial chegou ao conhecimento do Glorioso.

Antes de partida contra o Atlético-MG, elenco do Botafogo mostra união (Foto: Divulgação/Botafogo)
Antes de partida contra o Atlético-MG, elenco do Botafogo mostra união (Foto: Divulgação/Botafogo)
Foto: Lance!
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