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Ado: 'Félix foi um grande amigo e se superou para garantir o tri do Brasil'

No especial 'LANCE! na Copa de 70', o reserva imediato do camisa 1 da Seleção detalha o que pesou para Zagallo fazer sua escolha para a meta e diz que Félix merecia consideração

13 jun 2020 - 07h40
(atualizado às 07h41)
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A certeza de que a Seleção Brasileira ficou em boas mãos para lutar pelo tricampeonato mundial no México segue na memória de um colega de posição de Félix. Passados 50 anos da conquista, seu reserva imediato, Ado, não poupa elogios ao camisa 1 canarinho.

- Foi uma grande pessoa e acho muita injustiça as críticas feitas a ele em relação ao desempenho na Copa - afirmou, ao LANCE!.

Em mais uma entrevista do especial "LANCE! na Copa de 1970", o ex-goleiro fala sobre como foi a disputa pela titularidade na meta, a preparação da equipe canarinha e o que pesou para que Félix ganhasse a posição no torneio.

LANCE!: A primeira lista de convocados, ainda em fevereiro com João Saldanha, contou apenas com você e o Leão para a meta. Como foi já se adaptar a uma rotina intensa de treinos de olho no Mundial tão cedo?

'Félix (à esquerda) não foi para a Seleção à toa', detalhou Ado, goleiro reserva em 1970 (Reprodução/Divulgação CBF)
'Félix (à esquerda) não foi para a Seleção à toa', detalhou Ado, goleiro reserva em 1970 (Reprodução/Divulgação CBF)
Foto: Lance!

Ado: É, este início de preparação no Rio de Janeiro foi muito exaustivo. Treinávamos muito, havia uma preocupação muito forte com o condicionamento físico e principalmente com a nossa concentração. Muito disto, acredito, que devia ser em virtude daquele ambiente pesado da situação política do país (o Brasil, que tinha como presidente Emílio Garrastazu Médici, estava em meio ao período dos "anos de chumbo" da Ditadura Militar).

L!: O que chamava atenção nas atividades com o restante dos jogadores?

Havia muita disposição. E eu, na época, com 23 anos, estava diante de muitos dos meus ídolos. Ver Pelé, Gerson, Carlos Alberto (Torres) lutando dia a dia, trabalhando em "circuit training", só reforçava meu desejo de contribuir para a Seleção. O Piazza nos treinos era uma coisa de doido. Puxava a fila, corria como ninguém. Internamente, a gente falava: "precisamos ganhar esta Copa, para dar orgulho para a torcida".

L!: Como foi lidar com a mudança do Saldanha para o Zagallo?

O Saldanha jogava com quatro (atacantes) na frente. O Zagallo preferia o 4-3-3, mas não encontrava a formação ideal. Lembro de um empate em 0 a 0 com a Bulgária no qual saímos muito vaiados. Só mesmo com o recuo do Piazza para a zaga que o time encaixou.

L!: A chegada de Zagallo coincidiu com o retorno do Félix à meta da Seleção Brasileira. O que você procurava passar para ele neste início de preparação?

O Félix estava em recuperação de um problemas nas costas, vi o drama que ele passou. Procurava motivá-lo, dizer a cada dia: "vamos lá, você é o cara". Eu via o quanto ele era um goleiro de qualidade e não tinha ido para a Seleção à toa. Ele se superou para jogar a Copa.

L!: O que o Zagallo falou para vocês quando definiu o Félix como titular da Seleção no Mundial?

Bom, o Zagallo chamou o Félix, Leão e eu e disse o seguinte: "sei o quanto vocês se empenharam durante a preparação e só vieram a acrescentar, mas estou escolhendo o Félix pela experiência dele". Bom, eu estava com 23 anos e o Leão tinha 20. Acho que a atitude foi boa. Além de ser um ótimo goleiro, o Félix esteve na meta do Brasil nas Eliminatórias da Copa e tinha 32 anos.

L!: Como era a relação entre você e o Félix?

Foi um grande amigo, muito querido e nos ajudou muito. Em partidas como Brasil e Inglaterra, Félix fechou o gol. Muitos se lembram da defesa do Gordon Banks, mas ele também fez uma defesa providencial que garantiu nossa vitória.

L!: O que acha que foi fundamental para a Seleção Brasileira ter conquistado o tricampeonato mundial?

A gana que tinha aquela Seleção Brasileira. Pelé, Gerson e Carlos Alberto Torres nos ajudaram muito com a experiência deles. Depois de cada jogo, o Pelé se reunia com a gente e dizia: "valeu pelo empenho, pessoal, mas temos de fazer mais na próxima partida". O Gerson, então, não queria perder nem em treino! Ninguém segurava o "Papagaio" durante os 90 minutos. É um privilégio ser lembrado, mesmo como coadjuvante, neste grupo que ficou para a história.

NÃO PERCA: na próxima segunda-feira, WILSON PIAZZA segue a lista de entrevistas exclusivas do especial LANCE! na Copa de 1970.

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