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Olimpíada 2016

Mural grafitado por Kobra simboliza união de etnias dos 5 continentes no Rio

19 jul 2016 - 06h02
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Um gigantesco mural de quase 3 mil metros quadrados no qual se destacam os rostos de representantes de etnias dos cinco continentes é o presente do famoso grafiteiro brasileiro Eduardo Kobra ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos.

Apesar dos poucos patrocínios que recebeu para o projeto e às restrições de tempo devido aos trabalhos que desenvolve no exterior, Kobra aceitou o desafio de pintar seu maior mural no Brasil com a intenção de aproveitar a visibilidade dos Jogos Olímpicos para promover a mensagem de paz e de união que vem promovendo com diferentes obras em vários países.

"Este projeto é um seguimento de alguns murais que fiz por todo o mundo e que chamei de "Olhando a Paz". São painéis que fiz com algumas personalidades que são importantes em relação à paz, como Malala, Martin Luther King e Nelson Mandela. Já fiz alguns na Europa e nos Estados Unidos", afirmou em entrevista à Agência Efe o grafiteiro, de 39 anos e natural de São Paulo.

O novo mural, batizado como "Todos somos um" e que ocupa totalmente a parede frontal de um estacionamento abandonado no porto do Rio de Janeiro ao longo de uma quadra, retrata os rostos de cinco indígenas, um por cada continente. Um deles é da etnia Mulsi, da Etiópia (África), seguido por um da tribo Karen, da Tailândia (Ásia), outro dos Tapajós, no Brasil, um quarto dos Chukchis, da Sibéria (Europa), e o último da etnia Hulis, de Nova Guiné (Oceania).

"É um mural para falar sobre a união dos povos. Fala justamente da importância de deixar de lado as diferenças religiosas e as diferenças políticas; de evitar os conflitos, e de realmente buscar a união dos povos", afirmou o grafiteiro, que se dedicou à arte como válvula para escapar da violência.

A obra, ao mesmo tempo, mostra os anéis olímpicos e sua mensagem complementa a dos princípios olímpicos.

Para um dos artistas de rua mais conhecidos do Brasil, o objetivo de seu novo mural é "conscientizar as pessoas sobre a importância da paz em meio a um momento tão difícil que estamos passando, com tantos conflitos mundiais ocorrendo".

Kobra disse que o convite da Prefeitura de Rio e do Comitê Organizador dos Olímpicos para contribuir com um mural no chamado Boulevard Olímpico permitiu a ele cumprir com seu sonho de montar uma obra monumental na Cidade Maravilhosa.

"Eu tinha interesse de realizar um grande mural no Rio de Janeiro. Tinha feito alguns painéis em pequenos formatos, mas queria fazer algo bem grande na cidade, como estou acostumado. E estava com três trabalhos internacionais, dois murais na Rússia e outro nos Estados Unidos, mas quando me convidaram a realizar este trabalho no Rio imediatamente vim visitar a área", relatou.

O Boulevard Olímpico é um dos principais legados dos Jogos Olímpicos. Trata-se de um novo parque que se estende por grande parte da área que ocupavam as adegas e píeres do porto do Rio de Janeiro, que foi totalmente revitalizado seguindo o modelo de Barcelona e Buenos Aires, e que ganhou grandes museus, um aquário e vários espaços culturais.

"Eu mesmo escolhi o muro. Me apaixonei pelo muro porque tem 3 mil metros quadrados em uma área que estava bastante degradada. A parede estava bastante destruída, e nós a restauramos e a pintamos de branco. Em seu interior há um estacionamento que está desativado", explicou.

Kobra iniciou os trabalhos no início de julho com três membros da equipe com o qual trabalha e sua previsão é entregá-lo em 2 de agosto, a três dias da cerimônia de abertura dos Jogos.

"Chamamos algumas pessoas de Rio para trabalhar conosco, até há um argentino trabalhando conosco. Mas a parte de planejamento e montagem foi a mais complicada. Eu tinha desenvolvido uns dez ou 15 bosquejos diferentes, mas não estava satisfeito. Os modifiquei de última hora", garantiu.

O grafiteiro, com enormes murais em São Paulo nos quais imortalizou personagens como o piloto Ayrton Senna e o arquiteto Oscar Niemeyer, diz que o novo mural é o maior projeto de sua carreira e que pode se tratar da maior pintura de grafite no mundo, o que lhe garante um recorde antes dos Jogos Olímpicos.

Seu maior mural no Brasil é um que pintou na cidade de Macaé em um espaço de 2.300 metros quadrados e no exterior é um feito neste ano em Chicago em uma área de 1.500 metros.

Seus últimos trabalhos ocorreram no Japão, onde pintou murais com os músicos mais representativos da Bossa Nova, um releitura do Cristo Redentor e uma obra tridimensional. "Foram obras para promover o Rio durante os Jogos Olímpicos", explicou.

Seu próximo trabalho será feito em Cincinnati, onde pintará entre 5 e 18 de agosto um mural sobre o astronauta Neil Armstrong, que se somará aos vários que já tem nos Estados Unidos e em 15 países como Polônia, Rússia, Itália, Suécia, México, Japão, Emirados Árabes, Taiti.

EFE   
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