Mudança de fuso horário, um fantasma que poucos temem
- Sebastián Purgart
- Direto de Londres
As consequências das bruscas mudanças de fuso horário em Pequim 2008, agora se transferem para os orientais em Londres 2012. Sete horas separam o Reino Unido da China. Mas, além da influência sobre esses atletas, quanto essa questão afeta o rendimento dos americanos, por exemplo? Existem segredos para uma melhor adaptação? Quatro atletas falam sobre o assunto.
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Jorge Balliengo é desses atletas que pode chegar dois dias antes de um torneio do outro lado do mundo e mesmo assim está pronto para competir. O lançador de disco lembra que em Pequim, chegou de Formia, na Itália, e levou uma semana para adaptar-se ao novo horário. "É chato a partir do terceiro ou quarto dia. Nos primeiros dias você levanta e logo fica cansado", disse o atleta que está fora de Londres 2012.
O nadador Damián Blaum teve que superar 13 horas de diferença. "Tive que ficar em Barcelona para fazer a preparação", confessa. É que antes da competição na Ásia, o atleta passou por um circuito de águas abertas na Itália, Sérvia, Macedônia até acabar no Canadá.
Uma forma de adaptação ao novo fuso horário é fincar base de treinos próxima ao lugar da competição. Por exemplo, a equipe de boxe australiana está, nesses dias, em Belfast, Irlanda, treinando com Cuba e Argentina.
Os atletas tem outras receitas. Blaum ensina que ao deslocar-se para um país com meio dia de diferença "é melhor dormir cedo ou aguentar o sono". Já Balliengo aposta na medicina. "Tomo melatonina para que me ajude, mas as vezes se ela se junta com o cansaço aí é ruim", conclui.
A argentina Rócio Comba não vê como um problema ter que mudar bruscamente a rotina. "Sou de dormir muito. Nos aconselhavam a dormir a tarde para dormir bastante. Mas para mim o horário afeta pouco", disse a lançadora de disco que estará em Londres. Ela completa: "Tudo isso de troca de horário vai muito da cabeça de cada um. Se está pensando na hora daqui e dali, a cabeça não se acostuma onde está."
Comba, por sua vez, se mostra como uma pessoa que sente muito a falta dos companheiros nessa situação. "Em Pequim, o Comitê Olímpico Argentino nos deu créditos ilimitados para nos comunicarmos. No nosso caso era especial, estivemos trabalhando por dois meses antes dos Jogos. Até precisava falar com meu treinador, que não pode viajar", destaca.
A internet ajudou a diminuir distâncias, ainda mais quando os entes queridos estão tão longe. O nadador peruano Maurício Fiol conta que "separava uma hora para falar com a família que não afetasse o horário de descanso". O jovem de 18 anos vai estar cerca de seis horas longe de Lima nesses Jogos.
Que horas são?
Além do Peru, seis horas separam Colômbia, Equador, México e o centro dos Estados Unidos (Dallas e Houston) da capital britânica. A cidade de Los Angeles vai assistir aos Jogos com oito horas de atraso. Chile, Bolívia e a cidade de Miami (cinco horas de atraso) não estão tão favorecidas como Argentina e Brasil, com apenas quatro horas.
No oriente, Austrália e Japão viverão a experiência olímpica nas noites. Nove e oito horas, respectivamente, é a distância que tem. Um pouco mais perto no mapa, a Índia está a quatro horas e meia, como a Rússia, a três. Apesar de estar no mesmo fuso horário, Espanha, França, Holanda, Itália e Suíça aparecem com uma hora a mais.
Fiol recorda com um sorriso o Mundial de Dubai em 2010, nos Emirados Árabes, quando bateu os recordes nacionais dos 100 m costas e 100 m borboleta com apenas 16 anos. Comba fala do bom trabalho no Mundial Juvenil em Pequim 2006, como Blaum, que lembra que conseguiu no dia 1 de junho de 2008 a classificação olímpica no mesmo lugar que em que seriam realizados os jogos meses depois. Exemplos positivos de superação pessoal, que vão além dos efeitos da mudança de horário.
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O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, de 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura conta com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.