Luana vira "nova mulher" para remar com Beltrame por sonho olímpico
- Danilo Vital
Em julho de 2010, Fabiana Beltrame voltou ao Brasil coberta de louros por um feito inédito alcançado: conseguiu o primeiro pódio do remo brasileiro em etapas da Copa Mundo, ao terminar em terceiro em Lucerne, na Suíça. Quando se reapresentou ao Flamengo, a atleta se dirigiu aos colegas e passou a mensagem: "se eu consegui, todos vocês conseguem. Acreditem, que dá". Luana Bartholo ouviu aquilo e decidiu mudar sua vida. Hoje, essa nova mulher quer remar junto a Beltrame rumo à Olimpíada de Londres.
"A partir desse momento, eu decidi entrar com tudo nessa disputa. Foi quando decidi virar peso leve. Precisei perder 10 kg até chegar ao peso de competição. Agora eu continuo com isso na cabeça. Ela disse aquela frase há mais de um ano. Até o último segundo, eu continuo acreditando", disse Luana, 25 anos, ao Terra. Hoje, ela sobe na balança antes das competições e não passa dos 59 kg, peso limite para a categoria. Mas chegar a isso exigiu muito esforço e persistência.
Natural do Rio de Janeiro, Luana Bartholo começou no esporte na natação, aos 12 anos de idade, e por volta dos 15 mudou para o basquete. Fez teste para defender o time do Vasco, mas não passou. Sua ficha foi aproveitada pela equipe de remo, na qual fez avaliação e acabou aprovada. Defendeu o clube por oito anos, mas não dava prioridade ao esporte: simultaneamente, cursou e se formou em publicidade, e depois em jornalismo. Quando precisou decidir o que fazer da vida, em 2010, optou pelas competições.
Inspirada por Fabiana Beltrame, tentou baixar seu peso sem sucesso no final de 2010. Programou-se para emagrecer paulatinamente e, no meio de 2011, já estava em condições de competir. "Isso mudou a minha vida", contou, por telefone. No processo, fez sessões com psicólogos "para entender essa nova fase, esse novo corpo e essa nova vida". Desde então, mantém o peso, mas o máximo que conseguiu baixar na balança foi para 58 kg.
"Eu desfilava no Carnaval como destaque em carro alegórico. Hoje, sou realmente uma mulher muito magra", disse Luana, que frequentava a escola mirim da Vila Isabel quando criança e, já crescida, passou a sair na Sapucaí pelo Salgueiro - primeiro como passista, para então subir no carro alegórico. "Esse ano me chamaram para desfilar na Imperatriz, mas não sei se vai dar. Acho que não vou conseguir ir aos ensaios. Meu foco é só os treinamentos", disse, de olho na vaga como parceira de Fabiana Beltrame.
Ela vai competir com Camila Carvalho, do Vasco, para remar ao lado da campeã mundial e lutar por vaga na Olimpíada deste ano. O técnico da equipe brasileira, o francês José Oyarzabal, deve definir qual das duas será mantida em fevereiro. Em março, será realizado o Pré-Olímpico de Tigre, na Argentina. Luana tem uma adversária experiente, que foi à Olimpíada de Pequim 2008 nesta mesma prova e que conviveu mais com Beltrame, durante os treinamentos da Seleção Brasileira. O fato de ser novata no time não tira sua confiança.
"Eu tenho sobretudo a capacidade de me concentrar, de não deixar as coisas externas me abalarem. Acho que até por conhecer a Fabiana e conviver com ela há muitos anos, não vou sofrer com a ansiedade. (A vaga) é o que eu venho buscando por muitos anos. Agora que a chance é real, vou agarrar com unhas e dentes", prometeu. Luana Bartholo jura que não mede esforços: "eu esqueci até da família um pouco. Estou só treinando e descansando para poder melhorar e conquistar essa vaga".
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