STJD rejeita tese da defesa de prescrição e vai julgar Bruno Henrique, do Flamengo, por manipulação; siga
Atacante é suspeito de ter forçado um cartão amarelo e beneficiado apostadores em 2023, em um jogo contra o Santos pelo Brasileirão
STJD rejeita a tese de prescrição e julgará Bruno Henrique, do Flamengo, por suposta manipulação de resultado e benefício a apostas, com risco de suspensão e multa.
A Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) rejeitou a tese de prescrição apresentada pelas defesas dos réus do caso Bruno Henrique, atacante do Flamengo. O atacante está sendo julgado na sede do STJD, no Centro do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 4, por supostamente ter forçado um cartão amarelo e beneficiado apostadores em 2023, em um jogo contra o Santos, no Mané Garrincha, pelo Brasileirão.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Com a rejeição da prescrição, o julgamento passa para análise do mérito da ação - ou seja, a acusação de manipulação de resultados em apostas esportivas.
O jogador pode ser punido com até dois anos de suspensão, além de 24 partidas fora dos gramados e multa de até R$ 200 mil.
Defesa queria prescrição
Os advogados de Bruno Henrique sustentavam que a denúncia do caso teria passado do prazo regimental de 60 dias e, por isso, deveria ser arquivada. No entanto, o relator, auditor Alcino Guedes, pontuou que a prescrição não caberia ao caso.
De acordo com o relator, o prazo passaria a contar após o compartilhamento do relatório da PF com as provas do sigilo telefônico, e não da suspeita inicial. O voto foi seguido pela maioria dos auditores.
O que disse Bruno Henrique?
Durante o julgamento, Bruno Henrique, que participou de forma remota, deu uma declaração sem responder perguntas.
"Eu gostaria de reafirmar a minha inocência e dizer que confio na justiça desportiva. Jamais cometi as infrações que estou sendo acusado. Meus advogados estão aí, falaram por mim durante a defesa do processo. Faço questão de mostrar o meu respeito e a minha confiança nesse Tribunal, e desejo um excelente julgamento a todos. E que tudo transcorra de forma leve e justa", disse.
A Procuradoria, a pedido da defesa do jogador, reprisou um vídeo que mostra o lance em que Bruno Henrique leva cartão amarelo, contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023. Depois, o advogado Michel Assef Filho, que fez a a sustentação oral em defesa do Flamengo e de Bruno Henrique, leu uma declaração enviada pelo Flamengo em que o clube afirmou que não houve prejuízo esportivo.
A Procuradoria afirma, no entanto, que a análise completa do jogo indica um comportamento "cada vez mais violento" de Bruno Henrique para tomar um cartão amarelo. Além disso, a confissão do apostador Douglas Ribeiro Pina Barcelos foi destacada. Ele afirmou que sabia com antecedência que o atacante do Flamengo receberia um cartão amarelo.
O procurador Caio Porto Ferreira ainda reiterou o artigo 243, dizendo que Bruno Henrique atuou deliberadamente contra o próprio time, e mesmo se o irmão não tivesse apostado, teria configurado o artigo 243A, porque fere a ética desportiva.
Depois da fala da procuradoria, todos os advogados, incluindo o de Bruno Henrique, pediram a improcedência da denúncia e a absolvição dos clientes.
Votos
Bruno Henrique foi denunciado pela Procuradoria do STJD em vários artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva): art. 243, §1º; art. 243-A, parágrafo único; art. 184 e art. 191, III. Além do artigo 65, II, III e V, do regulamento geral de competições da CBF de 2023.
Como votaram os auditores:
- 1º Alcine Guedes, relator (12 jogos + R$ 60 mil de multa)
- 2º Guilherme Martoreli (R$ 100 mil de multa)
- 3º William Figueiredo (12 jogos + R$ 60 mil de multa)
- 4º Carolina Ramos (12 jogos + R$ 60 mil de multa)
- 5º Marcelo Rocha (12 jogos + R$ 60 mil de multa)
Relembre o caso
Bruno Henrique é acusado de ter compartilhado informações antecipadas sobre o cartão amarelo recebido em jogo contra o Santos no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia 1º de novembro de 2023. O lance teria beneficiado seu irmão, Wander, que ainda teria repassado as informações a amigos.
Além da dupla, também foram denunciados pelo STJD Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Reis e Douglas Barcelos. Também estão envolvidas Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima de Bruno Henrique, mas ambas estão fora da mira do STJD.
Indiciamento
Em abril, a Polícia Federal indiciou Bruno Henrique, com a acusação de fraude esportiva, pautada no artigo 200 da Lei Geral do Esporte. Ela se refere a fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para uma fraude, de qualquer forma, em relação ao resultado de competição esportiva ou evento a ela associado.
A investigação da Polícia Federal teve início em agosto do ano passado. Em novembro, o jogador e outros suspeitos passaram por uma operação de busca e apreensão. Investigadores extraíram conversas do celular de Wander Nunes Pinto Júnior (irmão do atleta) que embasaram o indiciamento.