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Na 4ª divisão, empresários de salário mínimo assombram Kobayashi

16 mai 2012 - 09h53
(atualizado às 10h42)
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Novo técnico do Jabaquara na 2ª divisão do Campeonato Paulista (equivalente a quarta), Paulinho Kobayashi busca a afirmação na carreira de treinador, aos 42 anos. Mas o ex-meia de Santos e Portuguesa convive, no ambiente em que a maioria esmagadora dos atletas ganha de um a dois salários mínimos, com a mesma praga reclamada por dirigentes da elite: os temíveis empresários.

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"Eu acho que esses jogadores deveriam primeiro pensar em vencer para depois escolher alguém para administrar suas carreiras", reclamou o treinador. "Não sei se eles acham chique e bonito ter um empresário", emendou.

Paulinho Kobayashi também falou sobre o trabalho de reativar a tradição de um clube fundado em 1914, responsável pela revelação do lendário ex-goleiro Gilmar dos Santos Neves (campeão mundial com a Seleção em 1958 e 1962). No site oficial, a agremiação recorda com orgulho dos feitos do passado, como a vitória sobre o Santos de Pelé por 6 a 4 em 1957.

"Não pensamos ainda na meta de chegar à elite, mas o objetivo é passar para a Série A3 em 2013 e alcançar a A2 no ano do centenário do Jabaquara (em 2014)", salientou Paulinho Kobayashi.

Confira aentrevista com Paulinho Kobayashi:

O Jabaquara foi um time que alcançou uma projeção maior nas décadas de 1920, 1940 e 1960 e depois sumiu. Essa tradição antiga ainda é percebida no clube?

Em Santos, o Jabaquara é visto como a Portuguesa em São Paulo, um time que todos gostam. Por mais que tenha a Portuguesa Santista, o São Vicente, o AD Guarujá, o Jabaquara é o querido da cidade. É desta forma que o Jabaquara é representado em Santos.

O que você pode falar deste projeto do Jabaquara? Há uma parceira?

A própria diretoria assumiu o time. Antes havia uma parceria com um banco, mas houve a separação. Agora é só a diretoria que está tocando, e o Gilson, que é o diretor de futebol, que me contratou e está à frente de tudo.

Sem uma parceria, como estão os recursos financeiros do Jabaquara?

Aqui está bem profissional, com apoio total da diretoria. O nosso diretor que comanda tem uma visão profissional. A ideia é em 2014 colocar o clube na A2. Queremos subir direto. O objetivo é passar para a Série A3 em 2013 e alcançar a A2 no ano do centenário do Jabaquara.

É possível ser otimista e pensar no Jabaquara na elite em 2015?

Para ser sincero, não traçamos esse objetivo. A primeira meta é essa que te falei do centenário em 2014. Não pensamos na elite até porque você alcançar a Série A2 já é muito difícil, é uma competição muito dura.

Neste projeto ambicioso de evolução, o que foi colocado para você à disposição de estrutura?

Na realidade temos espaço para fazer o CT e um campo. Temos um campo pequeno de areia e temos o projeto de fazê-lo como society. Tem espaço na parte de trás para construir um campo de treino. Hoje, o nosso trabalho é feito em um campo de aluguel em um clube, é um campo de boa qualidade.

Um clube de quarta divisão trabalha com uma comissão técnica completa?

Inicialmente, não temos fisiologista. Já o nutricionista trabalha como uma consultora, faz a parte da alimentação, mas não tem acompanhamento total, não é um profissional contratado. Quem sabe no ano que vem, na Série A3, eu possa pensar nesses profissionais. Mas já temos, pelo menos, a possibilidade de comprar suplementos adequados aos atletas.

E o que falar da quarta divisão do Paulista? É uma competição atrativa?

É um campeonato que está crescendo. Quando eu jogava, as divisões menores não eram tão vistas, a própria Série B do Brasileiro e a Série A2 do Paulista. Hoje, a Série B do Brasileiro é como se fosse a Série A, bem nivelada. Acho que as coisas estão mudando, inclusive na nossa divisão. A visibilidade da nossa divisão aumentou porque há uma regra em que os clubes podem usar apenas três jogadores acima dos 23 anos, então os empresários ficam mais atentos.

Você falou desta regra dos 23 anos. O Jabaquara tem um projeto nas categorias de base?

Aqui tem categorias de base, júnior e juvenil. Eu acompanho mais o time sub-20, que fica próximo ao profissional. Já puxei dois atletas, um deles está jogando conosco, temos algumas opções que podem ser aproveitadas. Na categoria sub-17 e sub-15, temos parcerias.

Por ter jogado no Santos, você tentou contratar alguns atletas que não estão sendo aproveitados pelo Muricy?

Sim, eu tentei, mas existe uma resistência dos atletas. O jogador prefere ficar na reserva do Santos, já que tem um salário que dá para pagar uns atletas do Jabaquara, então há uma distância, não é nem o fato de o Santos barrar. Mesmo assim, vocês conseguiram nomes como o Rodrigão (centroavante, ex-Atlético-PR, Santos e Palmeiras) e o Rubens Cardoso (lateral ex-Santos e Internacional). Como adaptar esses atletas à realidade do Jabaquara?

O problema é o seguinte, como posso ter apenas três acima da idade, eu visualizei atletas que são, em primeiro lugar, profissionais, esses são os casos do Rodrigão e do Rubens Cardoso. Eu não joguei com nenhum dos dois, mas o fato de ter enfrentado esses atletas, buscando informações, você sabe quando o cara não é profissional. Eu quero que eles sejam um espelho aos jovens, mas vão ter que trabalhar igual aos outros. Não é porque eles têm história que não vão precisar fazer mais nada.

Como combater essa realidade de que todo jogador jovem conta empresário e já se acha o melhor do mundo?

Esse é um fato que falo sempre. Agora, nós fizemos 90 testes para a nossa equipe, a maioria pedindo uma oportunidade, então você dá chances a atletas sem clube, sem empresário, sem nada. Depois, eu escolhi esse, esse e esse para assinar contrato e jogar. Na hora de assinar, aí chamam um empresário. Então é dessa maneira que está funcionando. Não sei se eles acham chique e bonito ter um empresário.

Pelo que entendi, esses jogadores arrumam empresário de uma hora para outra.

Sim, é de uma hora para outra. Eu penso o seguinte: o empresário tem que arrumar um contrato para o atleta sem teste. Se você está fazendo um teste, está se sujeitando a ser aceito ou não. O jogador acha que vai se valorizar com um empresário, acha que é bonito. Mesmo porque, na segunda divisão (na realidade é a quarta) não há muito como valorizar, tem um teto, aqui não é o Santos que pode classificar os atletas por valores.

As estatísticas mostram que a maioria dos jogadores no Brasil ganham entre um e dois salários mínimos. É isso que ganha um jogador da quarta divisão?

É exatamente isso. De um salário mínimo a dois. Mesmo assim, dois salários mínimos não são todos que ganham. Então é difícil montar uma equipe qualificada, mesmo porque o clube não tem condições. Você não pode pensar em contratar um atleta por quatro salários mínimos e depois não pagar nem dois. Então é mais fácil contratar quatro por um salário mínimo e pagar.

Você costuma receber muitos atletas que estavam trabalhando em outras profissões e tentam uma nova chance no futebol?

Não, tem muitos atletas que saíram da categoria de base de outras equipes e não foram aproveitados. Também temos casos de jogadores que saíram da várzea ou ainda não tiveram sucesso em testes. Eles observam como a última chance e você dá a oportunidade. O problema é que aparecem os empresários, procuradores, atrapalha muito. Eu acho que eles deveriam primeiro pensar em vencer para depois escolher alguém para administrar. Vai administrar o que de alguém que ganha um salário mínimo?

Assim como tinha adiantado, o técnico Emerson Leão treinou nesta terça-feira com o zagueiro Paulo Miranda e o meia Jadson entre os titulares, preparando o time para o duelo de quarta-feira contra o Goiàs, às 21h50 (de Brasília), no Estádio do Morumbi
Assim como tinha adiantado, o técnico Emerson Leão treinou nesta terça-feira com o zagueiro Paulo Miranda e o meia Jadson entre os titulares, preparando o time para o duelo de quarta-feira contra o Goiàs, às 21h50 (de Brasília), no Estádio do Morumbi
Foto: Bruno Santos / Terra
Fonte: Gazeta Esportiva
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