Talisca se aventura no trap, sonha com Rock In Rio e revela segredo de astro do Botafogo
Em conversa com o Terra, atacante do Fenerbahçe falou sobre o sonho musical
Talisca, conhecido no futebol e na música como Spark, revelou sua paixão pela arte, conciliando carreiras, sonhos de sucesso no trap e planos para o Rock in Rio, enquanto mantém a vida esportiva e artística separadas.
Anderson Souza Conceição ganhou o mundo como Talisca, o astro dos gramados e que atualmente defende o Fenerbahçe, da Turquia. O que pouca gente sabe é que o sonho do Spark --alter ego utilizado na música-- surgiu antes do desejo de jogar futebol com Cristiano Ronaldo, Neymar e companhia.
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“Comecei na escola, em 2006, quando tive que me matricular e fazer música. Toquei na banda de fanfarra, lá começou a minha história com a música. Eu realmente sempre tive uma ligação com a arte”, conta em conversa exclusiva com o Terra, em meio à agenda de shows.
Aprender música foi uma forma de o garoto conseguir uma bolsa de estudos em uma escola de Feira de Santana, na Bahia. Apesar do carinho pela música, Talisca não conseguiu escapar do talento com a bola no pé e precisou abandonar o sonho de viver dos palcos.
“Nessa época, queria ser músico. Estava muito empolgado com a arte, foi a primeira coisa que aprendi. Um certo dia estava jogando futebol, duas pessoas passaram e me chamaram para fazer um teste. Fui para ficar sete meses e acabei ficando sete anos”, recorda.
Depois das passagens pelas categorias de base de Vasco e Bahia, e os primeiros passos no futebol profissional pelo Tricolor de Aço, Talisca se juntou ao Benfica, de Portugal, em 2014.
Foi só então que o jogador conseguiu mais tempo na rotina e voltou a estudar música, mas de maneira ainda tímida. O aprendizado passou a ser colocado em prática em 2019, por meio de suas empresas. “A minha motivação foi o meu sonho mesmo. Quando eu senti o timing certo, até na condição financeira que lá atrás não tinha condições para uma gravadora. Então, quando as coisas evoluem, eu coloco esse sonho em prática.”
Já familiarizado com o mundo artístico, Talisca coloca 2021 como o ponto de partida de Spark, quando lançou o EP Cartas Marcadas. Um ano antes, porém, o pseudônimo já havia lançado o EP Sorte.
Vida de Spark nos palcos
De 6 a 22 de junho, a agenda de Spark contou com nove shows, passando pelas cidades do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Rio das Ostras (RS) e Goiânia (GO). A turnê é dedicada ao álbum Notas, que traz parcerias com nomes reconhecidos como Luccas Carlos e BIN.
Nas produções, o cantor aparece como intérprete, mas ele explica que também se garante em instruções de percussão e com o piano, além de participar do processo criativo das músicas.
“Na verdade, trago ideias e história. Como o meu lado futebolístico é muito corrido, às vezes eu não consigo parar pra compor com os moleques. Mas eu passo a história, eles metem marcha e eu dou uma afinada.O processo é bem bacana, é muito divertido”, detalha sobre o processo de composição.
Em suas letras, Spark carrega histórias próprias e de amigos. Ao se definir como um ‘gangster amoroso', o artista gosta de falar sobre relacionamentos, mudanças de vida, vivência de rua e ‘papos mais quentes’.
Enquanto divide o tempo entre a vida nos gramados e palcos, Anderson tem alguns sonhos em seu lado artístico. Além da vontade de fazer um feat com Matuê, ele mira o palco do Rock in Rio.
“É criar uma base de fãs bem sólida. Fazer muito sucesso. Poder tocar cada vez mais com as pessoas e fazer mais lançamentos. Transformar mais as pessoas. Acho que esses são meus sonhos [na música]. Tocar em palcos que eu acho que o trap, o meu movimento, deve estar. Acho que eu posso fazer isso”, responde ao ser questionado pela reportagem.
Com objetivos ainda a serem alcançados, o artista se orgulha de algumas conquistas já alcançadas, como o reconhecimento de pessoas que não sabem de sua vida como jogador de futebol.
Apesar de, na música, o foco ser totalmente no trap, Spark não descarta se arriscar no samba futuramente. No ritmo, Sorriso Maroto e Belo são alguns exemplos citados por ele.
Diante da vida dupla, o nervosismo é maior antes de jogos importantes do que à caminho de shows, mas há uma diferença grande entre os públicos de Spark e Talisca: “Os meus fãs me cobram lançamento, e no futebol me cobram muito pela Seleção Brasileira”
Futebol e música para Anderson
“O Spark não fala do Talisca e o Talisca não fala do Spark. O Spark só fala de música e o Talisca só fala de esporte”. Essa é a maneira que Anderson encontra para separar o lado do jogador e do artista.
Mesmo sabendo que nunca deixou a desejar dentro de campo e que uma coisa não atrapalha a outra, o baiano de Feira de Santana prefere não misturar as agendas. Isso é o que impede de fazer shows na Turquia, país de seu atual clube.
Em uma possível volta ao ao futebol brasileiro, inclusive, Talisca admite que possivelmente fecharia sua agenda de shows --que hoje só fica aberta em períodos de férias-- e seguiria apenas com lançamentos em plataformas digitais.
“Depende muito. A música hoje é muito digital. Se qualquer pessoa quiser lançar uma música, ela não precisa divulgar. Ela precisa planejar e lançar, sem divulgação, qualquer pessoa pode lançar uma música. Dentro do quarto de casa, você pode lançar uma música. A música mudou muito, evoluiu muito. Então, eu acho que seria mais difícil em termos de shows, mas, de lançamento digital, o Memphis [Depay, do Corinthians] fazendo tá aí. O Memphis não faz shows e lança música. Isso não é um problema”, projeta sobre o futuro.
Na mesma linha do craque do Corinthians, utilizado como exemplo por Talisca, há Gabigol. Ao mesmo tempo em que vê diferença na maneira com que os companheiros de profissão tratam a música, o craque se mostrou aberto a uma parceria artística com eles.
“Fortalece, sim, isso é bacana. Fica boa a forma como eles tratam a música. Só que eu vejo que eles fazem essas paradas mais por hobby”, diz o jogador do Fenerbahçe.
Ainda no futebol, também há talentos musicais escondidos. Ex-companheiro de Talisca no Al Nassr, da Arábia Saudita, e atualmente no Botafogo, Alex Telles é um desses casos.
"Tem um parceiro que toca muito que é o Alex Telles. Toca e canta muito. Só que ele é um cara que nunca expôs isso, eu tô falando real. Chega até a ser bizarro. Ele canta e toca muito. Ele tem esse desejo, só que tem vergonha. Ele canta muito, tudo que é música. Ele canta muito. E ele gosta de cantar sertanejo. Toca piano, toca violão. Tem muito jogador talentoso na música, mas o Alex Telles é o mais bizarro”, completa.
Enquanto trabalha na divulgação do álbum Notas, Spark já mira seu próximo lançamento para o fim deste ano, mas ainda sem spoilers de possíveis parcerias.