Daniel Alves recebe chuva de elogios por ter 'engolido' o racismo
O lateral brasileiro Daniel Alves, do Barcelona recebeu inúmeros elogios por ter reagido a um ato de racismo com humor e personalidade, ao comer uma banana atirada no gramado durante a vitória por 3 a 2 da sua equipe sobre o Villareal, no último domingo.
"O clube deseja manifestar seu apoio total e sua solidariedade com o jogador Daniel Alves após os insultos racistas de domingo, no estádio do Villarreal", declarou o Barça em um comunicado.
O baiano de 30 anos se preparava para cobrar um escanteio quando uma banana foi atirada no campo do estádio El Madrigal. O jogador não se abalou. Num gesto simbólico, simplesmente descascou a fruta e comeu um pedaço antes de retomar a partida.
"Estou na Espanha há onze anos e a há onze anos sofro com o mesmo problema. Acabei levando isso com humor", declarou o jogador, que foi um dos destaques da vitória catalã, com dois cruzamentos que resultaram em gols do Barça.
"Nós não conseguiremos mudar isso, infelizmente. Mas se não lhes dermos importância, eles não vão conseguir seu objetivo", completou.
O gesto de Daniel Alves desencadeou uma onda de manifestações de apoio nas redes sociais. Um dos primeiros a se pronunciar foi o jovem craque Neymar, companheiro de equipe do lateral no Barça e na seleção brasileira.
O atacante postou no Instagram uma foto em que aparece comendo uma banana ao lado de seu filho Davi Lucca, que carrega uma pelúcia em forma da fruta. "Somos todos macacos", escreveu Neymar no comentário sobre a foto.
A presidente Dilma Rousseff também reagiu, por meio de uma mensagem na sua conta oficial do Twitter.
"O jogador @DaniAlvesD2 deu uma resposta ousada e forte ao racismo no esporte", escreveu Dilma; "Diante de uma atitude que infelizmente tem se tornado comum nos estádios, @DaniAlvesD2 teve atitude", elogiou.
"Em seu apoio, @neymarjr lançou a campanha #somostodosmacacos para mostrar que temos todos a mesma origem e que nada nos difere, a não ser a nossa tolerância com o outro", acrescentou a chefe de Estado.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, também fez questão de escrever uma mensagem de apoio a Daniel Alves.
"Isso é um ultraje. Precisamos combater, unidos, todas as formas de discriminação. Haverá tolerância zero no Mundial", publicou o dirigente na sua conta da rede social Twitter.
O técnico do Bayern de Munique, Josep Guardiola, que comandou Daniel Alves no Barcelona de 2008 a 2012, disse que o lateral era "um cara fantástico".
"Achei ótimo ele reagir na base da brincadeira. Este tipo de incidente pode acontecer em qualquer lugar do mundo, não apenas na Espanha. A educação é a única forma de acabar com isso. Todos nós somos responsáveis", declarou o treinador nesta segunda-feira, na véspera da partida de volta das semifinais da Liga dos Campeões entre Bayern e Real Madrid.
O jogador também recebeu várias mensagens de apoio na Espanha. Uma apresentadora da televisão pública do país chegou até a comer uma banana ao vivo durante seu programa em sinal de solidariedade.
O ato racista contra o brasileiro foi registrado na súmula da partida pelo árbitro. O Comitê de competições, órgão disciplinar da Federação Espanhola (RFEF) poderá assim sancionar o Villareal durante a reunião que realiza cada terça-feira.
Em 2006, este comitê multou o Racing Santander após torcedores do clube terem proferido insultos racistas contra o atacante camaronês Samuel Eto´o, que na época jogava no Barcelona.
Nessa temporada, Neymar e Daniel Alves foram vítima de ofensas semelhantes, em outras ocasiões, assim como outro brasileiro, o zagueiro Paulão, do Betis.
Todos os direitos de reprodução e representação reservados.
-1ji798gzkd6ia.jpg)
-uvjojts19ycx.png)
