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Com a parada do Paulistão, 144 jogadores de clubes do interior vão ficar sem contrato até maio

Paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus cria impasse sobre o desmanche dos elencos das equipes menores

1 abr 2020 - 15h38
(atualizado às 18h38)
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Enquanto o calendário do futebol mundial está paralisado por causa da pandemia do novo coronavírus, vários clubes do interior de São Paulo devem ficar em breve sem jogadores para escalar caso a competição seja retomada. Levantamento feito pelo Estado nos contratos profissionais dos atletas vinculados aos 12 times do interior que disputam a elite do Campeonato Paulista mostra que 144 atletas vão encerrar os contratos entre abril e maio.

A reportagem conferiu no site da Federação Paulista de Futebol (FPF) as fichas contratuais de todos os jogadores e encontrou clubes em situação bastante delicada. Times como Mirassol, Inter de Limeira e até o dono da melhor campanha do Estadual, o Santo André, têm cada um mais de 20 jogadores com vínculos a expirar em breve. Alguns dos atletas já até assinaram pré-contratos com outras equipes e não jogarão mais o Estadual.

Destaques e referências do Mirassol, os meias Chico e Camilo têm jogado bem no Estadual, porém também estão com os contratos no fim
Destaques e referências do Mirassol, os meias Chico e Camilo têm jogado bem no Estadual, porém também estão com os contratos no fim
Foto: Divulgação/Mirassol / Estadão

A pandemia atingiu em cheio a organização dos times do interior porque a maioria deles costuma montar elencos com contratos curtos, válidos somente para a disputa do Paulista. Muitos desses clubes não têm calendário previsto para o restante do ano. Outros não têm condições de ampliar os acordos atuais por mais alguns meses ou trazer reforços importantes por falta de dinheiro. Se o Estadual for retomado, talvez seja necessário escalar garotos da base. O Estadual de São Paulo serve de vitrine para outras equipes do Brasil. Para os clubes, vender jogador é uma fonte de renda.

Segundo a FPF, a entidade está em contato com clubes, atletas e sindicatos para debater possíveis soluções ao impasse. O objetivo é diminuir o impacto inesperado da pandemia. O Campeonato Paulista está suspenso desde o dia 16 de março. A paralisação é por tempo indeterminado.

"A FPF precisa decidir, com urgência, uma data para a retomada do retorno. Se não der para retornar, prorrogar por 15 dias (a pausa). Se não der, ainda, cancelar a disputa. O quanto antes for decidido isso, antes começaremos a nos planejar", disse ao Estado o diretor executivo da Inter de Limeira Enrico Ambrogini. O time tem 24 jogadores com contrato no fim e alega não ter condições de fazer renovações. "A FPF e a CBF teriam de assumir o excedente dos dias nos contratos", completou.

Os clubes ouvidos pelo Estado afirmam que mesmo se quisessem renovar com parte dos jogadores, não seria possível porque alguns deles já assinaram vínculo com outras equipes pelo restante do ano. Um dos casos é o do atacante Ronaldo, do Santo André. O autor de cinco gols no Estadual, ele assinou acordo para jogar pelo Sport, no Recife. Ronaldo é um dos 22 atletas do clube paulista com contrato perto do término.

O presidente do Mirassol, Edson Ermenegildo, tem como problema lidar com o fim de contrato de 22 integrantes do elenco. Os membros da comissão técnica também só têm acordo de trabalho até abril. Todos estão no momento em férias coletivas. "Não existe outra saída a não ser mudar a regra do campeonato e permitir que se façam novas contratações e inscrições de jogadores. Devemos marcar uma reunião com a FPF para o meio de abril para discutir isso", contou.

Grande parte dos clubes do interior depende dos contratos de transmissão de TV para pagar as despesas. Em alguns times, essa verba chega a representar mais de 80% do orçamento. As equipes ainda não sabem se os direitos de transmissão serão pagos no mês de abril, já que a competição foi interrompida e não houve mais partidas.

ANGÚSTIA

O impacto inesperado da pandemia mexe principalmente com os jogadores. Quem tem contrato curto, esperava se destacar no Estadual para conseguir algum trabalho pelos meses seguintes, como é o caso do zagueiro Luizão, do Santo André. "Eu só tenho contrato até o dia 7 de abril. O Paulista é uma vitrine e nosso time estava sendo muito observado, porque fazia grande campanha. O ruim é que todos os outros clubes não vão nos contratar porque também não sabem quando vão jogar", lamentou.

Estadão
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