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Copa do Mundo

Na 4ª Copa, Fátima Bernardes relembra "entrevista proibida"

7 jun 2010 - 18h08
(atualizado às 18h14)
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Marcelo do Ó
Direto de Johanesburgo

Em mais uma Copa do Mundo, Fátima Bernardes, apresentadora do Jornal Nacional, da Rede Globo, une-se ao time feminino que segue a Seleção Brasileira em Johanesburgo.

Sem atuar diariamente no universo esportivo, ela chega à África do Sul com a missão de "levar esse universo à família, em um jornal que não é de esportes".

Em entrevista ao Terra, Fátima lembra histórias engraçadas da Copa de 1994, a primeira na carreira. Conta como, sem querer, entrevistou Dunga, Romário e Ricardo Teixeira, em Dallas, em um local em que as filmagens eram proibidas durante o Mundial dos Estados Unidos.

Para ela, não há diferença entre homens e mulheres em uma cobertura de Copa e sim, o olhar de quem é ou não da área. Confira:

Terra - Quantos anos cobrindo Seleção?
Fátima Bernardes - Já são quatro Copas do Mundo.

Terra - Você teve algum receio na primeira cobertura? Qual era seu maior desafio?
Fátima Bernardes - Meu maior desafio era, na verdade, saber qual a melhor maneira de mostrar em um jornal geral, que não é especializado em esportes, como é o universo de uma competição como essa. Em outras palavras, trazer o futebol e a Seleção para a família. Esse era o único desafio. Nunca tive medo ou receio desse tipo de cobertura por ser um universo masculino. Tinha uma certa expectativa mais por ser de uma outra área do que pelo fato de ser mulher.

Terra - Os jogadores se comportam de forma diferente quando falam com uma mulher?
Fátima Bernardes - Não. Era engraçado porque eles percebiam que eu não estava lá para falar de futebol, mas para mostrar quem estava por trás dos "super-heróis" que vestiam a camisa da Seleção.

Terra - Os companheiros de imprensa, agora já acostumaram, mas no início como foi?
Fátima Bernardes - Em 1994, não causou muita estranheza porque eu ficava mais no IBC (International Broadcast Center) e lá havia outras mulheres. Era muito misturado. Em 2002, sim, éramos em menor número, mas nem por isso havia uma dificuldade maior, nem diferença de tratamento.

Terra - Com a sua experiência, você pode nos dar um exemplo de como é essa relação?
Fátima Bernardes - Eu me lembro de uma história muito engraçada na Copa de 1994. Havia uma restrição para gravação no hotel em que a Seleção estava hospedada, em Dallas (EUA). Eu não sabia dessa proibição e já cheguei lá gravando. Falei com o Dunga, com o Romário e até com o Ricardo Teixeira. Quando eu terminei a gravação, um homem chegou me disse: "olha, você não pode filmar aqui". Eu só respondi que não sabia, pedi desculpas e fui embora. Foi engraçado. Em 2002 também me lembro de um café que a gente tomou com Felipão e os jogadores. Felipão não largava o chimarrão. Foi bacana o contato.

Terra - Como você vê o espaço e a participação das mulheres nesse tipo de cobertura?
Fátima Bernardes - Eu nem de longe fui a pioneira. Há muitos anos as mulheres acompanham o esporte, não é? Fico feliz em ver que as mulheres estão cada vez mais ocupando esse espaço. Há um flanco aberto para ser ocupado por aquelas que gostam e fazem com competência esse trabalho. E hoje não há mais aquele olhar de "novidade". Apenas em eventos como Copa do Mundo, que aparecem algumas ¿extras¿, que não estão cotidianamente nessa área e participam da cobertura.

Terra - O olhar feminino consegue captar coisas que falham aos homens numa cobertura esportiva?
Fátima Bernardes - Acho que não, na verdade, o que aconteceu comigo é que, por não ser do "esporte", trouxe um olhar mais curioso. Quem olha de fora vê coisas que quem está no dia a dia, às vezes, não consegue ver.

Fátima Bernardes vai trabalhar em sua quarta cobertura de Copa do Mundo
Fátima Bernardes vai trabalhar em sua quarta cobertura de Copa do Mundo
Foto: Revista Quem / Divulgação
Fonte: Terra
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