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Copa das Confederações

Removidos por obras participam de torneio no Rio e protestam contra Copa

15 jun 2013 - 14h47
(atualizado às 17h50)
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Enquanto em Brasília, local da abertura da Copa das Confederações, o protesto contra o uso de dinheiro público para a construção de estádios tem ânimos exaltados, no Rio de Janeiro a manifestação foi diferente, e sem qualquer sinal de confusão.

Peladeiros moradores de comunidades afetadas por remoções para a realização de grandes eventos participaram da Copa Popular contra as Remoções, na Gamboa, zona portuária da cidade. Integrantes do movimento prometem, no entanto, ir às ruas durante a competição, a exemplo do que aconteceu na sexta-feira em São Paulo, e vem ocorrendo em Brasília.

Confira todos os vídeos da Copa das Confederações

Organizador do movimento, Renato Cosentino comentou o crescimento dos movimentos de protestos nas ruas de todo ao País. Segundo ele, esse processo já era esperado, diante da revolta que o brasileiro vinha demonstrando nas redes sociais. "Isso iria acontecer. Serviços essenciais, como o transporte, estão tendo aumentos acima da inflação. Ao mesmo tempo, a qualidade desses serviços fica estagnada", declarou.

Ele explicou que a intenção da Copa é aproximar os moradores dessas comunidades, e alertar para o que classificou como uma série de "violação dos direitos", especialmente os relativos à moradia. O movimento calcula que, em todo o Brasil, 250 mil pessoas tenham sido removidas para dar espaço a obras relativas à Copa do Mundo, no ano que vem, e a Olimpíada, em 2016. Somente no Rio, esse número é de, pelo menos, 40 mil pessoas. "Acreditamos que tem muito mais do que esse número. A secretaria de Habitação não fornece os dados. Sinal de que não tem coisa boa", afirmou.

O movimento alega que a retirada os moradores serve para atender ao interesse privado, especialmente o imobiliário. Muitas das casas removidas darão lugar, no futuro, a conjuntos residenciais, acusa Altair Antunes Guimarães, representante dos moradores da Vila Autódromo, comunidade localizada ao lado do antigo autódromo de Jacarepaguá. Morador dali há 18 anos, ele já passou por outros dois processos de remoção, e sustenta que, mesmo que seja oferecida uma indenização vantajosa, não quer deixar sua casa.

Veja relato de manifestante no estádio do jogo do Brasil:

"Tenho que ter o direito de escolher o lugar onde viver. Não é a prefeitura que tem que definir isso. Eles podem me oferecer um palacete, mas quero ficar na casa que construí com meu suor", observou.

Apesar de a prefeitura já ter mencionado que os moradores da Vila Autódromo estão em situação irregular, Guimarães garante que tem a concessão do terreno doada pelo governo estadual. Ao todo, 540 famílias vivem próximo ao autódromo, onde será instalada o Parque Olímpico para os Jogos de 2016.

"Essa remoção se deve à especulação imobiliária. Serão erguidos prédios ali construídos por empreiteiras. Não há mais espaço na cidade, e hoje, a menina dos olhos das construtoras é a área da Barra e Jacarepaguá", comentou.

Os irmão Luiz Cláudio Barbosa Alves, 30, e João Paulo Barbosa Alves, 19, não correm o risco de ter as casas removidas, mas integram o movimento que quer impedir a remoção de 522 famílias da comunidade do Horto, ao lado do Jardim Botânico, na zona sul da cidade. Segundo eles, a especulação imobiliária também é pano de fundo para a questão. Existe um projeto de ampliação do Jardim Botânico, que na visão deles, poderia ser feito sem que se expulsasse qualquer família.

"Tem gente que mora lá há mais de 50 anos. Eles ajudaram a construir o Jardim Botânico, e foram levados para lá para isso. E fizeram o Horto. Moramos ali, nossas raízes estão ali, não é uma questão financeira", comentou Luiz Cláudio. Eles moram uma parte do Horto que não é alvo da disputa.

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Fonte: Terra
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