'Maradona romeno', Hagi brilhou em 94 e acumulou polêmicas
Gheorghe Hagi encantou o mundo na Copa de 1994, no Estados Unidos. No comando de uma surpreendente seleção romena, marcou um dos mais belos gols da competição, contra a Colômbia: um chute a cerca de 50 metros de distância. Além disso, foi protagonista na vitória por 3 a 1 que eliminou a Argentina do torneio nas oitavas de final. Não por acaso, a genialidade com a bola nos pés e seu forte temperamento, que lhe rendeu algumas punições ao longo da carreira, fizeram com que ele entrasse para a história do futebol com o apelido de "Maradona dos Cárpatos".
O meia canhoto começou a carreira no modesto Sportul Studantesc. Em 1987, suas boas atuações fizeram com que ele fosse levado ao Steaua Bucareste, um dos principais times romenos, para jogar apenas um jogo: a final da Supercopa da Europa, contra o Dínamo Kiev. Hagi marcou o gol do título e ficou na equipe até 1990, período no qual ganhou três campeonatos romenos e um chegou à final da Liga dos Campeões.
O jogador poderia ter saído mais cedo do seu país, já que em 1988 foi cotado para substituir o recém-aposentado ídolo francês Michel Platini. No entanto, o Steaua, que pertencia ao então comunista Estado romeno, recusou a proposta, que envolvia até o financiamento da construção de um hospital pelo time italiano.
Em 1990, já depois da queda do regime comunista, o clube não conseguiu segurar seu maior ídolo, que partiu para sua primeira aventura espanhola: o Real Madrid. A passagem não foi das melhores, e Hagi ganhou apenas uma Supercopa da Espanha. Em baixa, acabou acertando com oBrescia para jogar a série B italiana.
Voltaria ao centro do futebol mundial apenas em 1994, quando se transferiu para o Barcelona. Mas, assim como em sua passagem pelo Real Madrid, seus dois anos na equipe catalã não foram bons. Ganhou apenas a Supercopa da Espanha e acabou na periferia do futebol: o então desconhecido campeonato turco.
Porém, a passagem do já veterano jogador, nascido em 1965, pelo Galatasaray foi brilhante. Ganhou quatro campeonatos nacionais entre 1997 e 2000 e levou o time, montado em torno de seu talento, a seu mais importante troféu internacional, a Copa da Uefa de 2000. Hagi ainda experimentou o gosto da vingança ao vencer o favorito Real Madrid na final da Supercopa Europeia.
"Sempre fui um homem que lutou pelas cores de meu país, e eu morreria em campo para ajudar meu time", disse certa vez. Isso ficou claro em sua última partida pela seleção romena, quando foi expulso no jogo em que o time perdeu para a Itália, nas quartas de final da Eurocopa. Este foi apenas mais um dos episódios conturbados para um jogador tido como temperamental e que chegou a chutar a bola no rosto de um juiz quando jogava na Turquia, recebendo seis partidas de punição.
Hagi, no entanto, já havia marcado época com a Romênia em 1994. Quatro anos depois, a seleção teve participação bem menos brilhante, marcada apenas por todos os jogadores terem pintado os cabelos de amarelo, cor da Romênia, após passarem para as oitavas de final, perdendo para a Croácia.
Ao encerrar a carreira no time turco, em 2001, Hagi já carregava há anos o apelido de "Maradona dos Cárpatos", região na qual fica a Romênia. Além disso, é considerado o melhor jogador da história de seu país e, em 2004, foi considerado um dos 100 melhores jogadores da história do futebol em uma lista feita por Pelé para celebrar o centenário da Fifa.
Se com as chuteiras Hagi encantou, como técnico foi bem menos brilhante. Em 2001 estreou como técnico da seleção romena, mas não conseguiu classificar o time para a Copa do Mundo de 2002. Em 2003, voltou à Turquia, dessa vez como treinador do Bursaspor, com o qual fez temporada decepcionante no campeonato nacional. Isso não impediu Hagi de voltar a seu último grande palco: treinou o Galatasaray e faturou a Copa da Turquia em 2005.
Hagi ainda voltou à Romênia para treinar o modesto Politehnica Timisoara, mudando-se, depois para o Steaua Bucareste. Em ambos os times, teve resultados ruins. Sua última experiência no banco de reservas foi em um curto retorno ao Galatasaray, em 2010. Atualmente, a principal ocupação de Hagi é cuidar de sua academia de formação de jogadores, na Romênia.
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