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Terra na Copa

Polícia Civil estuda indiciar advogado de Ray Whelan

11 jul 2014 - 12h17
(atualizado às 14h04)
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<p>Ray Whelan (esquerda), executivo da Match Services, chega a delegacia após ser preso no Rio de Janeiro</p>
Ray Whelan (esquerda), executivo da Match Services, chega a delegacia após ser preso no Rio de Janeiro
Foto: Stringer / Reuters

Fernando Veloso, chefe da Polícia Civil, afirmou nesta sexta-feira que Fernando Fernandes, advogado de Ray Whelan, pode ser indiciado por facilitar a fuga do britânico, que está foragido: “Faz parte do trabalho do advogado defender o direito do seu cliente. O problema é na conduta, quando ele dá fuga a seu cliente. Ele pode assessorá-lo e orientá-lo até mesmo a não se apresentar, mas há indícios que de o advogado teria saído do Copacabana com o cliente, inclusive com o aviso de mandado de prisão. Aí a conduta dele merece ser avaliada”, disse Veloso, afirmando que vai ser instaurado um procedimento contra Fernandes.

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Whelan, funcionário da Match Hospitality, é acusado de ser chefe de uma complexa rede internacional de revendedores das entradas para a Copa de 2014, aparentemente fugiu de seu hotel quando seria detido por oficiais da 18ª Delegacia da Polícia Civil. Nas imagens cedidas pelo hotel, ele e o advogado são vistos saindo por uma porta lateral exclusiva dos funcionários do local. “Nesse caso há provas de que o senhor Raymond teria conhecimento de que o argelino Lamine Fofana era fornecedor de cambistas. E há elementos no inquérito de que o senhor Raymond negociava com senhor Fofana ingressos fora do pacote”, afirmou.

Delegado Fábio Barucke, que atuou na prisão de Raymond Whelan
Delegado Fábio Barucke, que atuou na prisão de Raymond Whelan
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O chefe da Polícia Civil ainda explicou que a investigação que já apontou para Whelan e o empresário argelino Mohamadou Lamine Fofana ainda está em sua fase inicial. Ainda existem seis nomes que pode estar ligados ao esquema. “Os policiais seguem traduzindo as conversações que foram interceptadas com autorização judicial e outras pessoas podem ser identificadas. Essa é uma fase da investigação e outras fases virão. O laboratório de lavagem de dinheiro também está envolvido na investigação”, confirmou.

Para Veloso, o delegado Fábio Barucke disse que a Fifa está colaborando mas o chefe da polícia civil quer mais pressa nessas informações para que não se corra o risco de que as pessoas deixem o país antes de prestar contar à justiça. “Essa investigação deve ser concluída com essas pessoas aqui no Brasil, sob  pena delas depois saírem do país e aí fica mais difícil a aplicação da lei brasileira. Algumas informações a gente precisa com alguma celeridade”, cobrou. “O objetivo da polícia não é culpar ninguém, e sim investigar e chegar à verdade. Às vezes acontece de chegarmos a um ponto em que a pessoa investigada não tem nada com isso”, lembrou.

De acordo com a polícia, membros da Fifa o teriam comunicado ontem à noite que Whelan se apresentaria ainda na quinta-feira na delegacia, o que acabou não acontecendo. “As pessoas que porventura  estejam ajudando o sr. Raymond Whelan podem estar incorrendo numa conduta criminosa”, disse Veloso, que afirmou ainda que a Fifa e Match estão sendo informadas de tudo desde que não atrapalhe o andamento das investigações. 

Em comunicado, o advogado do britânico declarou que a defesa recorreu da decisão da Justiça de decretar uma nova prisão e justificou que Whelan entregou seu passaporte e se comprometeu a colaborar com as investigações, mas não mencionou seu paradeiro. Whelan, detido na segunda-feira, foi beneficiado um dia depois por um habeas corpus que lhe permitia responder às acusações em liberdade. Fernando Veloso não teme uma fuga para o exterior de Whelan. “Desde o primeiro momento a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão avisadas e temos mecanismos para capturar foragidos”, afirmou.

Após pagar uma fiança e entregar seu passaporte às autoridades como compromisso que não abandonaria o País, o britânico deixou a delegacia e não tinha uma data definida para prestar um novo depoimento.

O executivo foi identificado como chefe do grupo por um advogado detido na operação que aceitou colaborar com as investigações em troca de redução nas penas.

Os membros da organização investigada estavam com ingressos que pertenciam a dirigentes de diversos países, confederações e empresas que tinham comprado pacotes. Essas entradas eram vendidas por preços muito superiores aos estabelecidos pela Fifa, como a Polícia Civil confirmou em escutas telefônicas.

Os ingressos eram administrados pelo empresário franco-argelino Mahamadou Lamine Fofana, um dos detidos na semana passada e em cujo telefone celular foram identificados dezenas de ligações para integrantes da Match Hospitality, incluindo Whelan.

Fonte: Terra
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