Dirigente diz que Era dos anabolizantes no beisebol terminou
Ao longo dos 17 anos em que Bud Selig está no comando da Major League Baseball, ele promoveu a paz entre a organização e o sindicato dos jogadores, internacionalizou o esporte, introduziu competições com outras ligas e supervisionou um crescimento sólido na receita das equipes integrantes do grupo.
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Mas, a despeito de todas essas realizações, Selig está muito incomodado com a possibilidade de que o legado de seu longo período como comissário do beisebol dos Estados Unidos possa ser o de uma Era na qual dezenas dos astros do esporte terminaram envolvidos no uso de anabolizantes ou de outros medicamentos que melhoram o desempenho.
Como quase todos os demais dirigentes e profissionais de beisebol, Selig preferiu esperar antes de confrontar a questão dos anabolizantes. Mas desde o momento em que decidiu implementar exames compulsórios de anabolizantes para as equipes de primeira divisão, em 2003, ele vem tentando se mostrar visível e determinado quanto ao assunto. Com a ajuda do Congresso americano, ele conseguiu persuadir o sindicato dos jogadores a aceitar mais de um aperto nos padrões de teste para o uso dessas substâncias.
E, preocupado com a possibilidade de que o Congresso cumprisse sua ameaça de investigar mais a fundo o programa de teste de drogas do beisebol profissional, Selig apontou George Mitchell, antigo senador e líder da maioria democrata no Senado, para liderar uma extensa investigação sobre o uso de medicamentos que propiciam melhora de desempenho nos esportes.
Tendo tudo isso em mente, não surpreende que Selig tenha se apressado a declarar, na segunda-feira, que a era dos anabolizantes já se encerrou, depois que o jogador Mark McGwire admitiu o uso de medicamentos de melhora do desempenho.
"O uso de anabolizantes e anfetaminas pelos atuais jogadores reduziu consideravelmente e praticamente desapareceu, como os resultados de nossos testes demonstram", afirmou Selig em declaração.
"A chamada Era dos anabolizantes - rótulo que desagrada a muitos dos jogadores que estavam ativos durante aquele período mas jamais usaram as substâncias proibidas - claramente ficou no passado, e a admissão de Mark, hoje, é mais um passo na direção correta".
Selig declarou em seu comunicado que, em 2009, houve apenas dois testes positivos para a presença de anabolizantes entre os jogadores da Major League Baseball, em um total de 3.722 amostras.
"Foi isso que ele disse?", comentou Travis Tygart, diretor da Agência Antidoping dos Estados Unidos, que fiscaliza os testes de drogas dos atletas olímpicos americanos, ao ler a declaração de Selig.
"Se é fato, parece que ele continua a manter aquela atitude de esconder a cabeça na areia, exatamente o que causou essa confusão toda. Para mim é difícil acreditar que ele tenha dito isso".
Tygart afirmou que mencionar o baixo número de resultados positivos quanto à presença de drogas e enfatizar que o programa de testes era forte demonstra a posição difícil que os esportes profissionais enfrentam quando surge a necessidade de fiscalizar suas atividades e promovê-las para fins lucrativos.
Bob Costas, que entrevistou McGwire na segunda-feira para a rede de TV da MLB e é um veterano comentarista de beisebol, afirmou que, em termos gerais, concordava com Selig.
"O uso de anabolizantes foi seriamente reduzido, e o pior parece já ter passado", afirmou, embora apontasse que "sempre vão existir químicos renegados dispostos a ajudar um atleta que queira trapacear".
Tim McCarver, veterano comentarista de beisebol na rede Fox de televisão, disse que "em minha opinião, o melhor resumo está em uma citação de Churchill".
A citação de Winston Churchill, com relação à Segunda Guerra Mundial, é: "Não chegamos ainda ao fim. Não chegamos nem mesmo ao começo do fim. Mas talvez tenhamos chegado ao fim do começo".
Tradução: Paulo Migliacci