Derrota tripla: Brasil perde jogo contra Uruguai, Neymar por lesão e ofensividade com Diniz
Numa noite apagada, seleção brasileira se mostra previsível e dá condições para uruguaios quebrarem tabu nas Eliminatórias.
Os números não mentem e através deles é possível ver o declínio da seleção brasileira que estava desde 2015 sem perder nas Eliminatórias da Copa do Mundo; eram 37 jogos de invencibilidade. A informação só piora quando mencionamos o Uruguai, há 12 jogos e 22 anos sem ganhar do Brasil. O passado de superioridade na América do Sul foi quebrado por um adversário que passa por uma renovação com Marcelo Bielsa, técnico argentino que gosta de roubar a bola e definir a jogada. Assim ele surpreendeu o Brasil, duas vezes. Desde 1983 a seleção brasileira não perdia por dois gols para o Uruguai.
Os passes brasileiros aumentaram e os erros, também. Uma decepção para quem aguardava uma partida ofensiva dos dois lados e viu o Brasil atuar com problemas no meio-campo, com um jogo previsível, pouco ritmo e sem criação. Sem volume de jogo para Bruno Guimarães, a seleção jogava para trás no primeiro tempo e concentrou muito a bola nos pés do goleiro e dos zagueiros. Sem falar da falta de organização no coletivo e de modo individual, dos jogadores com atuações bem inferiores. Aliás, individualidade prejudicada pelo coletivo - os erros fizeram com que o bom elenco perdesse a confiança.
Até o inflexível Bielsa surpreendeu com o Uruguai não se abrindo tanto como o esperado e, sem isso, o Brasil não soube ganhar campo e ficou 45 minutos sem chutar à gol. A crise no ataque teve Rodrigo participando pouco e Vini Jr vivendo uma contradição. No Real Madrid, ele está acostumado a atuar no um conta um, agora precisa concentrar a atenção defensiva em mais jogadores na seleção. Essa confusão tornou o Brasil incapaz, já que para o Dinizismo dar certo é necessário tempo de adaptação.
Neymar até conseguiu sair da pressão uruguaia, mas em regiões do campo que não levavam perigo. Com a lesão no joelho esquerdo do camisa 10, a seleção perde em rendimento e no esquema do Diniz será difícil encontrar substituto que funcione. Algo que poderá demorar meses de recuperação para Neymar, enquanto Diniz tem pressa para se afirmar.
Com um elenco semelhante à última temporada, o treinador pegou uma seleção bem trabalhada por Tite - apesar da eliminação na Copa. Diniz tem um perfil autoral e foi escolhido para propor algo novo, mudar o sistema de jogo. Contra o Uruguai, ele mostrou que esse modelo ainda não se encaixou e pode ser arriscado. O atual técnico do Brasil ficará até junho? Se a ideia é esperar Ancelotti, o perfil do italiano é mais parecido com o do Tite. Por que da mudança tão brusca? Caso o técnico do Real Madrid não cumpra com a palavra, permanecer com Diniz é a ideia? Restam várias dúvidas e a principal delas é saber se Diniz vai insistir nessa ideia de jogo ou irá se adaptar, como Bielsa.