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Vingança de Dorival contra o Flamengo tem requintes de crueldade e Landim engolido pela própria soberba

Descartado após conquistar duas Copas, técnico dá a volta por cima levando São Paulo a título inédito diante do ex-clube

24 set 2023 - 18h49
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Torcedor do Flamengo protesta contra o presidente Rodolfo Landim
Torcedor do Flamengo protesta contra o presidente Rodolfo Landim
Foto: Delmiro Junior/Photo Premium/Gazeta Press

Embora Dorival Júnior tenha rechaçado o sentimento de mágoa ou vingança antes da final, é inevitável contar a história do inédito título do São Paulo sem associá-lo à volta por cima do treinador diante do Flamengo. Justamente por se tratar da Copa do Brasil, que serviu de baliza para que a diretoria rubro-negra resolvesse mudar a comissão técnica para 2023.

Dorival era o comandante do Flamengo na conquista do torneio no ano passado. Mesmo depois de adicionar outra copa – a Libertadores – ao cartel, o técnico acabou trocado por Vítor Pereira, que impressionou a cúpula flamenguista pelo segundo tempo do Corinthians na final, ainda que tenha sido derrotado nos pênaltis.

Por obra de uma escolha que rapidamente se mostrou equivocada, o clube carioca vive um doloroso carma. Neste domingo, perdeu a quarta decisão de título do ano. Eliminado do Mundial e da Libertadores por adversários considerados mais frágeis e, neste momento, em sétimo lugar no Campeonato Brasileiro, a 11 pontos do líder Botafogo, se encaminha para terminar a temporada sem um título sequer pela primeira vez na gestão de Rodolfo Landim, que viu o roteiro mais sádico possível colocar Dorival no caminho da Copa do Brasil.

O troco do técnico, por sinal, veio com requintes de crueldade. No Maracanã, onde havia se sagrado campeão um ano atrás, vitória do São Paulo e vaias da torcida rubro-negra para Landim e companhia. No Morumbi, os donos da casa tiveram frieza para buscar e segurar o empate que garantiu o título.

Nos dois jogos da decisão, os gols são-paulinos contaram com contribuição dos goleiros. Enquanto na ida o jovem Matheus Cunha falhou ao tentar impedir Calleri marcar, o argentino Rossi, promovido à titularidade contra o Goiás, também saiu mal e não conseguiu afastar para o lado a bola que caiu no pé de Rodrigo Nestor, que empatou e garantiu a taça para o tricolor.

A ironia do destino é que ambos os goleiros foram apostas frustradas do técnico Jorge Sampaoli, que substituiu Vítor Pereira após um primeiro semestre abaixo da crítica. Titular absoluto com Dorival nas conquistas da Copa do Brasil e Libertadores, Santos virou apenas a terceira opção do Flamengo.

Sem adotar uma postura rancorosa, Dorival ainda teve a grandeza de cumprimentar todos os jogadores adversários, que até pouco tempo eram seus comandados, depois do apito final. Preferiu exaltar “o processo e o ambiente gerado” no São Paulo, dizendo estar com o “coração limpo” ao conquistar seu terceiro título da competição.

Mais prestigiado do que nunca no cenário dos treinadores brasileiros, Dorival desfruta do êxtase que se contrapõe ao momento do Flamengo, contestado e em crise como há muito não se via. A volta por cima do técnico deixa uma lição dolorosa e, ao mesmo tempo, humilhante para Landim: a roda do futebol não gira, capota. E quem resolveu desprezar duas conquistas seguidas de Copas, acabou engolido pela própria soberba e hoje colhe a inglória sensação de perda total.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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