SF-23 não rende mas os pilotos precisam ajudar a Ferrari
Depois de um 22 cheio de erros da equipe, o GP da Austrália trouxe uma condição razoável para a Ferrari, mas os pilotos não aproveitaram
O começo de temporada da Ferrari é bastante decepcionante. A equipe de Maranello fechou o Grande Prêmio da Austrália sem pontuar pela primeira vez desde 2009 e não tinha um duplo zero nos pontos desde Baku em 2022, quando as duas unidades de potência falharam e os italianos sofreram com um abandono duplo.
Havia uma expectativa de que a Ferrari conseguisse uma recuperação na Austrália. Brigar contra a Red Bull era absolutamente impossível, mas se estabelecer como segunda força era um alvo, ainda mais porque não atingir este patamar representaria uma regressão com relação à temporada passada.
Tudo isso parece um pesadelo sem fim. Frederic Vasseur, novo chefe de equipe, que substitui Mattia Binotto, falou muito de pensar nos domingos e ter consistência. De fato, ao menos na Austrália, não foi o carro que faltou, mas sim os pilotos.
É lógico que o desempenho não está como o esperado. Afinal de contas, a Ferrari perdeu terreno para a Aston Martin e atualmente é a quarta força no geral. Porém, é justo dizer que eles deram passos à frente no último fim de semana. O comportamento do carro estava em ritmo parecido com Aston Martin e Mercedes - em que pese que o carro alemão estava mais bem acertado, bem como a gestão de pneus. Mesmo assim, azares e erros dos pilotos impossibilitaram algo melhor.
Desta vez, faltou que os pilotos fizessem o seu trabalho. Na classificação, Leclerc não conseguiu colocar toda a sua velocidade de volta lançada e a equipe se confundiu com a possibilidade de chuva no radar, o que atrapalhou ainda mais a última volta dos seus dois carros. O monegasco soma seis pontos no campeonato até agora, sendo a sua pontuação mais baixa em três corridas desde 2019. As ocasiões anteriores, como por exemplo o estouro do motor na corrida do Bahrein, não são culpa dele, mas na corrida da Austrália ele poderia ter sido um pouco mais cauteloso na largada e apostar no ritmo do carro para subir o pelotão.
Pelo lado de Sainz, foi possível ver uma recuperação ótima do espanhol, após ter tido um azar na primeira bandeira vermelha, uma vez que parou para trocar pneus e a direção de prova acionou bandeira vermelha momentos depois, fazendo-o cair para a 12ª posição. Numa pista difícil de ultrapassar, foi interessante ver como ele conseguiu subir no grid e se posicionar no quarto lugar, tendo ritmo quase igual à Aston Martin e Mercedes. Na segunda bandeira vermelha, ele tentou superar Alonso e buscar um pódio, mas exagerou na dose e acabou acertando o compatriota. A consequência disso foi uma punição de cinco segundos e ele despencou na classificação, saindo dos pontos.
Analisando o desempenho do SF23, o ritmo de corrida não foi ruim. Mas termos que considerar que caso os três primeiros tivessem realmente no seu máximo, em vez de controlar o desgaste de pneus, a diferença seria maior. Apesar de uma corrida em que os carros estavam mais próximos, isso não foi muito bem uma reprodução da realidade, porque até mesmo a própria Red Bull estava conservadora. O que significa que, apesar da Ferrari ter andado perto de Aston Martin e Mercedes, ainda está atrás no que diz respeito à segunda força.
A pressão da mídia e da torcida em cima da equipe é enorme e isso com certeza reflete em muita coisa, mas colocar a cabeça no lugar e tentar melhorar é o caminho. Com quase um mês para a próxima corrida, no Azerbaijão, a expectativa é que o carro siga evoluindo na medida de cortar a diferença para a Red Bull, mas de nada vai ajudar se os pilotos não tiverem sangue frio.