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Rodízio de Chefe de Equipe: especialidade da Ferrari na F1

A saída de Mattia Binotto não surpreende, dada a história panela de pressão que é a Ferrari. Um novo nome já entra pressionado ao máximo

30 nov 2022 - 18h30
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Sede da Gestão Esportiva da Ferrari. Binotto fica até dezembro. E depois?
Sede da Gestão Esportiva da Ferrari. Binotto fica até dezembro. E depois?
Foto: Scuderia Ferrari / Divulgação

Se muita gente chama a Red Bull de máquina de moer carne por conta de como lida com seus pilotos, a Ferrari merece o apelido com louvor. Ao ver a história do time não só na F1, mas como um todo, verá que é um festival de rede de intrigas, punhaladas a céu aberto e uso da imprensa de modo desabrido.

A Ferrari nasceu e cresceu à imagem e semelhança de seu fundador, Enzo Ferrari. Em uma de suas diversas intervenções, o próprio se definiu como “um agitador de homens e ideias”. Mesmo ainda quando estava na Alfa Romeo, sua participação era baseada em muita politicagem. Quando houve a criação de sua própria fábrica em 1947, tudo isso foi levado à novos níveis...

Ferrari gostava de levar seus homens aos limites para tentar extrair o melhor deles. Mas tivemos casos de dirigente saindo no tapa com piloto (Romolo Tavoni batendo em Jean Behra em 1959) ou simplesmente uma debandada de técnicos incomodados com uma série de situações, incluindo a insatisfação de terem que lidar com Laura Ferrari, esposa de Enzo...

Não podemos esquecer das indicações “diferentes”, como foi o caso de Franco Lini. Para fazer um paralelo bem simplista, seria como Helmut Marko chamasse Reginaldo Leme para ser Diretor da Red Bull. O jornalista, que era um crítico das ações da equipe, foi chamado por Enzo Ferrari, impressionado pela capacidade de se comunicar em várias línguas, para coordenar os programas esportivos da marca em 1967. E ficou somente um ano, justamente por não se adaptar ao vulcão que era a situação.

Mesmo com a chegada da FIAT para dar as cartas, o processo seguiu o mesmo. Embora dois nomes tenham se sobressaído: Luca de Montezemolo (1974-1975) e Marco Piccinini (1978-1988). O primeiro foi quem trouxe Lauda. O segundo foi um dos arquitetos do Pacto de Concórdia e, de certa forma, começou a jogar a Ferrari em uma estrutura mais moderna.

Dinheiro nunca faltou, mas houve a caracterização por soluções mágicas e imediatas, bem como a questão da “política de porta giratória”: pessoas entrando e saindo a todo tempo, sem tempo de desenvolver um trabalho. Sem contar a questão da briga interna, com intrigas sendo montadas pela imprensa, o que levou a momentos limite, em que a Ferrari simplesmente não concedia entrevistas.

O momento em que a Ferrari teve estabilidade foi quando teve um Presidente com plenos poderes (Luca de Montezemolo) e alguém que teve carta branca para fazer o que deveria ser feito. Jean Todt foi quem mais durou na Direção de Equipe e teve o mérito de fazer uma reconstrução do time no início dos 90 e teve o mérito de ir buscar a qualidade onde ela estivesse: trouxe de volta John Barnard, depois fez a aposta em Schumacher e trazer quem o cercava.

Aí que está a ironia: o período mais vencedor da Ferrari, com Michael Schumacher, foi justamente o que não seguiu o padrão ferrarista. Foi uma equipe montada em torno de um único piloto e talvez sendo a mais cosmopolita de sua história. Enzo Ferrari adorava vencer, mas gostaria de ser com os italianos à frente...

Lista de todos dos chefes de equipe da Ferrari na F1
Lista de todos dos chefes de equipe da Ferrari na F1
Foto: Do Autor

O tempo pós-Schumacher se caracterizou por gestões mais duradouras, porém tão agitadas quanto antes. A chegada de Sergio Marchionne ao comando da Ferrari, em um movimento para desmembrar do mundo Fiat e tornar uma marca com voo próprio de fato, trouxe uma nova abordagem: como uma compensação pelo fato da Ferrari agora ser uma empresa de capital aberto, em bolsa, se adotou a figura de “um italiano feito por italianos”.

Isso não foi somente para os carros, mas foi para a F1. Maurizio Arrivabene, ex-executivo da Phillip Morris (Marlboro), assumiu o comando e foi levar esta filosofia para as pistas. Além disso, Marchionne quis levar uma linha de cobrança extrema, que deu certo na “ressurreição” da Fiat, mas gerou um grande clima interno de medo.

Sua morte repentina em 2018 levou a uma grande mudança interna. John Elkann, então Presidente do Conselho e um forte pupilo de Marchionne, assumiu o posto e deu força ao pessoal interno, entronizando Binotto no comando. Só que mais uma vez as intrigas políticas bateram ponto e o suíço sai do time depois de 4 temporadas no comando e 28 anos de serviço.

A Ferrari sabe que precisa de um tiro certo na escolha. Porém, por mais que seja um grande nome, vai ter que encarar o lado passional e toda a pressão política interna que existe, embora muita coisa tenha mudado. Mesmo o longevo Todt teve que lidar com os “inimigos na trincheira”. Mas além de velocidade, a intriga e a política estão no DNA da Ferrari. O próximo escolhido sabe que entra com uma mira em sua cabeça. E as coisas seguirão da mesma forma.

Parabólica
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