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Newey: "Apenas 50% do meu tempo na Red Bull é dedicado à F1"

Em entrevista ao The Telegraph, Adrian Newey mostra outras atividades, diz que "sucesso é trabalho de equipe" e que não pensa em parar

10 nov 2023 - 18h09
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Newey, Horner e Wache: o trio de ferro responsável pelo sucesso da Red Bull
Newey, Horner e Wache: o trio de ferro responsável pelo sucesso da Red Bull
Foto: Oracle Red Bull Racing / Red Bull Pool Content

Adrian Newey é tido como o gênio da raça da F1. Longe vai o tempo em que um carro dependia de uma única mente pensante. Hoje, um exército de técnicos se ocupa de pensar em escritórios e tuneis de vento o direcionamento de como é feito um amontoado de quase 15 mil peças. Mas ainda existe a figura daquele que lança as diretrizes e supervisiona tudo.

Por isso não se pode subestimar a colaboração de Newey para o atual sucesso da Red Bull. Afinal de contas, além de sua comprovada competência (se ele fosse um construtor, simplesmente o 2º maior vencedor) é um dos poucos que teve convivência direta com o efeito solo quando trabalhou na F1 (começou na Fittipaldi em 1980 com o F8) e depois na IndyCar. Não é à toa que os taurinos conseguiram andar bem desde o início e depois deslancharam.

Porém, em entrevista ao jornal The Telegraph, Newey faz questão de dizer que o sucesso atual é resultado de um trabalho de equipe. Desde 2007 com a Red Bull, o técnico teve liberdade para montar um time de técnicos da maneira que queria. Desta forma, conseguiu criar uma estrutura que consegue se autogerir e se renovar, sem depender de uma única pessoa.

A maior prova é dada pelo próprio Newey, que declarou que cerca de 50% do seu tempo de trabalho é dedicado à F1. O restante, ele se dedica a outras frentes como o Hypercar RB17, consultoria para o Team Alinghi, que disputa a America’s Cup (onde tem como um dos concorrentes o Britannia, concebido pela equipe Mercedes de F1) e ainda o desenvolvimento de um submarino, que foi um dos últimos pedidos de Dietrich Mateschitz, ex-CEO da Red Bull, para que ele pudesse circular entre suas ilhas particulares.

“Sou como uma espécie de independente aqui. Consegui criar uma situação em que o time de F1 pode operar procedimentalmente sem mim, o que me permite ser mimado ao ponto de estar em qualquer área que eu queira”.

Esta foi uma exigência de Newey em suas últimas renovações de contrato, incluindo a última feita ano passado, quando se falou muito em possibilidade de mudar de ares ou até aposentadoria.

Este sistema permite que ele não vá a todas as corridas e possa também se dedicar a outras atividades. Por exemplo: enquanto a Red Bull estava correndo o GP de São Paulo, ele estava em Daytona pilotando carros antigos, tendo como companheiro Jeff Farley, o CEO da Ford Motor Company.

Pierre Wache: o projetista improvável

Pierre Wache: o "carregador de piano" do dia-a-dia da Red Bull
Pierre Wache: o "carregador de piano" do dia-a-dia da Red Bull
Foto: Red Bull Content Pool

A tarefa de tocar mais o dia a dia da F1 fica nos ombros de Pierre Wache. O francês é um dos principais membros do time técnico e foi decisivo nos últimos sucessos da Red Bull. Desde 2013 na equipe, Wache desde 2018 é formalmente o Diretor Técnico da equipe, respondendo diretamente a Newey.

Nesta entrevista, Wache conta que foi parar no automobilismo de modo inesperado. Embora se considerasse um fã, nunca imaginou trabalhar na área. PhD em Mecânica dos Fluidos, seu interesse era estudar o fluxo sanguíneo na área cardíaca, especialmente a interação das células com a corrente sanguínea.

De alguma forma, Wache foi parar na Michelin e foi para o departamento de competições. “Baseado de onde vim, não pensava em chegar aonde parei. Mas me achei e gostei massivamente: a engenharia de competição, a velocidade que você usa para desenvolver coisas.”. Depois de 5 anos na Michelin, foi para a BMW Sauber trabalhar na parte de dinâmica automotiva, especialmente com suspensões e pneus. E em 2013, se mudou para a Inglaterra, onde se radicou (dois de seus três filhos se preparam para ser engenheiros de F1).

“Adrian não pode estar em todo o lugar”- Horner

Embora possa se considerar Newey como a estrela, Wache não se importa com isso e Horner vai além, dando o veredicto sobre o trabalho que fazem ali

“É um cenário perfeito, onde construímos uma máquina que não depende de um único indivíduo, mas que permite Adrian criar, direcionar e desafiar ideias. Suponho que nos últimos quatro ou cinco anos que Adrian vem se envolvendo com outros projetos. Ele não pode estar em todo lugar”

“Olhando para 2013, ele desenhava uma grande porcentagem das superfícies aerodinâmicas do carro e tratava da engenharia durante o final de semana. Mas em um mundo de teto orçamentário, especialmente com as regras que temos, Adrian está apto a fazer menos na prancheta. Obviamente, ele é ainda é crucial na fase conceitual.”

Mesmo com toda a tecnologia, Newey usa a prancheta para suas ideias....
Mesmo com toda a tecnologia, Newey usa a prancheta para suas ideias....
Foto: Red Bull Pool Content

Um ponto que Horner faz questão de ressaltar na importância da equipe foi quando Newey teve que se afastar do trabalho em 2021 ao sofrer um acidente de bicicleta na Croácia durante as férias de verão. “Após o acidente de Adrian, o pessoal teve que prosseguir com o projeto do RB18. Pierre fez um grande trabalho com isso. Em uma base diária, esta é a responsabilidade de Pierre agora, total responsabilidade. O relacionamento entre os dois é forte. Honestamente, é o time de engenharia mais forte que tivemos”

Aposentadoria? Não por enquanto

Da maneira que as coisas estão, Newey vai se divertindo. O RB17, segundo Hypercar que projeta (o primeiro foi o Aston Martin Valkyrie), deve ficar pronto em 2024. Também agora tem os barcos, área que lhe chama a atenção não é de hoje, e os submarinos. Aos 65 anos, se mostra totalmente ativo.

Newey com a equipe Alinghi em Barcelona este ano: os barcos também são sua atenção
Newey com a equipe Alinghi em Barcelona este ano: os barcos também são sua atenção
Foto: Red Bull Content Pool

Perguntado se pensa em parar, Newey brincou: “Quando eu tinha 50 anos, pensava que aos 60 estaria deitado em uma praia. Mas é realidade é que ficaria entediado. Me faz lembrar uma história com Mario Andretti na Indy, quando eu era seu engenheiro.”

“Naquela época, ele tinha 47 anos e ainda era competitivo. Dali a um tempo, ele começou a se envolver em alguns acidentes e estava claro que a sua competitividade estava caindo. Cruzei com ele uns anos depois e ele me disse: “Eu sei que não estou tão afiado como antes. Mas enquanto as pessoas forem bobas de me darem um carro para correr, vou pilotar até eu parar de gostar”. Acho que é uma boa maneira de ver as coisas”.

“Se eu perceber que ou outra pessoa disser para mim “olha, sua contribuição não é mais necessária”, eu vou embora sem problema algum, pois não quero prejudicar o time. Mas enquanto eu me sentir bem e puder contribuir...felizmente, eu ainda estou contribuindo”.

O link para a entrevista original está aqui.

Parabólica
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