F1 em Porto Alegre: como isso afetou o Grêmio?
Em 1953, durante a comemoração dos 50 anos do Grêmio, carros de Fórmula 1 correram ao redor da Redenção em uma prova organizada pelo clube.
O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense é um dos clubes mais tradicionais do Brasil. Mas saibam que, naquela época, o clube também tinha um departamento de automobilismo, capaz de trazer carros de F1 para disputar uma corrida em Porto Alegre.
O ano de 1953 marcou não só o cinquentenário do Grêmio, como também a criação do departamento de automobilismo, idealizado pelo gremista Catarino Andreatta, piloto que venceria as 1000 Milhas Brasileiras em 1958, 1959 e 1960. Uma das primeiras missões desse departamento foi organizada, junto com o Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, uma corrida para celebrar essa data tão especial.
O Grande Prêmio do Cinquentenário foi inicialmente marcado para 18 de outubro. A intenção era reunir nomes de peso, como Juan Manuel Fangio, então campeão mundial, que depois conquistaria mais quatro títulos, e Chico Landi, o primeiro brasileiro na F1. No entanto, o evento não se concretizou exatamente como planeado.
O clube cuidou de todos os custos para trazer pilotos e carros para Porto Alegre. A corrida foi dividida em duas categorias: carros de até 1.200 cc e força livre, sem restrição. A procura pelo evento foi um sucesso, com arrecadação de Cr$ 500.000,00, um recorde para qualquer evento esportivo no Rio Grande do Sul até então.
Na categoria força livre, a nota contava com três Ferraris, modelos 125 e 166, e quatro Maserati A6GCM, usados nas primeiras temporadas da F1, além de monopostos com motores Ford e Chevrolet. Já na disputa até 1.200 cc, o carro francês Simca 8 dominou o grid, mas também havia modelos da Fiat, Austin e DKW.
No dia da corrida, Porto Alegre amanheceu sob forte chuva, e a prova precisou ser adiada para 25 de outubro. Mesmo assim, a chuva persistiu. A bateria dos carros até 1.200 cc aconteceu primeiro e foi vencida pelo Uruguai Óscar González, de Simca 8, que mais tarde disputaria o GP da Argentina de 1956, terminando em 6º lugar. Na Fórmula Livre, a vitória ficou com o brasileiro Henrique Casini, de Ferrari 125.
Assim terminou a história de um clube de futebol brasileiro organizando uma corrida com carros de F1, um feito único que provavelmente jamais se repetirá.