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Vítima de guerra, bósnio revive Argélia após horror de 2010

30 jun 2014 - 13h06
(atualizado às 13h38)
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<p>De personalidade forte e mentalidade ofensiva, Halilhodzic fez a Argélia surpreender quem esperava a retranca de 2010</p>
De personalidade forte e mentalidade ofensiva, Halilhodzic fez a Argélia surpreender quem esperava a retranca de 2010
Foto: Getty Images

Nenhuma seleção da Copa do Mundo mudou tanto em quatro anos quanto a Argélia. A seleção que foi eliminada na primeira fase do torneio em 2010 sem marcar sequer um gol jogava um futebol defensivo, pesado, repleto de veteranos e marcadores sem criatividade. Hoje, a seleção africana é a melhor colocada no ranking da Fifa e alcançou as oitavas de final com um jogo que não deixou a aplicação tática para trás, mas injetou juventude, energia e velocidade na parte ofensiva. E o grande responsável por reviver um time sem brilho é o bósnio Vahid Halilhodzic.

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Treinador há 24 anos, Halilhodzic tem uma história de vida impressionante. Quando jogador, foi um dos principais atacantes da seleção da Iugoslávia. Começou a carreira de técnico em 1990, mas dois anos depois foi ferido na Guerra da Bósnia, e logo teve que fugir do país ao ser ameaçado por autoridades croatas. Sua casa foi queimada e saqueada, e na França ele encontrou a nação que o adotou.

Seus principais trabalhos aconteceram em seu novo país: ele levou o Lille da segunda divisão para o terceiro lugar do Campeonato Francês, e foi campeão da Copa da França de 2004 pelo Paris Saint-Germain. No mesmo ano, foi nomeado cavaleiro de honra pelo governo, e até hoje ele mora em Lille com a mulher e os dois filhos, aos 61 anos.

A relação forte com a França e a fluência no idioma foi determinante para que Halilhodzic comandasse duas seleções africanas que foram colonizadas por franceses nas duas últimas Copas do Mundo. Em 2010, não conseguiu fazer a Costa do Marfim superar o grupo que tinha Brasil e Portugal. Mas neste ano, deixou Rússia e Coreia do Sul para trás e garantiu a primeira classificação em Mundiais da história da Argélia.

A transformação do time de uma retranca inofensiva para um conjunto dinâmico e empolgante, que animou o Beira-Rio ao fazer 4 a 2 na Coreia do Sul na primeira fase, passa pela confiança de Halilhodzic nos jovens. Nomes como Feghouli, Bentaleb, Brahimi e Slimani deram uma nova cara aos argelinos, que enfrentam nesta segunda-feira o maior desafio desta geração: a Alemanha, novamente em Porto Alegre, pelas oitavas de final.

"Teremos um grande adversário, que já ganhou três Copas do Mundo e é um excelente candidato para ganhar esta também", disse o bósnio, deixando clara sua mentalidade de não apenas se defender. "A Alemanha é a favorita neste jogo, é óbvio, mas a Argélia vai surpreender. Temos total confiança nisso, avançamos e melhoramos a cada jogo. Não podemos decepcionar os fãs do bom futebol".

A personalidade forte do treinador também vem sendo importante para impedir que a Argélia entre em campo com sensação de inferioridade diante dos alemães. Halilhodzic mostra seu estilo incisivo nas entrevistas: fala em voz alta, usa frases diretas. Não foge de nenhum tema polêmico – afirmou que a Espanha, por exemplo, perdeu porque seus jogadores já não tinham nenhuma motivação para jogar –, e mostra sua veia mais temperamental quando o assunto não o agrada. Um caso óbvio foi quando ameaçou ir embora se outra pergunta sobre o Ramadã fosse feita.

A caminhada na Copa do Mundo pode se encerrar nesta segunda-feira diante da Alemanha, apesar de o bósnio já ter afirmado que deseja "visitar o Rio" nesta competição. Ainda que o sonho de jogar a final no Maracanã não seja alcançado, porém, o legado do treinador para a seleção permanecerá. Como o próprio zagueiro Halliche afirmou: "temos que jogar nosso jogo, com toque de bola e muita vontade". Se a Argélia resgatou seu ideal de futebol depois do horror de 2010, deve muito a Vahid Halilhodzic.

Fonte: Terra
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