Apoio a Bolsonaro estremece relação de Neymar com torcida
Jogador atraiu antipatia de parte dos brasileiros antes da Copa
por Renan Tanandone - Faltando poucos dias para a Copa do Mundo do Catar, o atacante Neymar, principal estrela da seleção brasileira, estremeceu sua relação com parte da torcida por apoiar ativamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em suas redes sociais, o craque do PSG compartilhou materiais de campanha, participou de uma live com Bolsonaro e apareceu cantando e dançando uma música em alusão ao atual mandatário. Além disso, prometeu que celebraria seu primeiro gol na Copa fazendo o número 22, usado pelo presidente na corrida eleitoral.
Por conta disso, virou piada entre apoiadores de Lula nas comemorações pós-eleições na Avenida Paulista, em São Paulo, com dezenas de pessoas gritando "Ei, Neymar, vai ter que declarar", em referência aos problemas do jogador com a Receita Federal e suas declarações de imposto de renda.
"Não acho interessante que uma figura prestes a disputar uma Copa viesse a falar. É um direito dele, mas acho ruim que ele tenha prometido fazer um gol e uma comemoração que remetesse ao Bolsonaro. Na Copa, ele não é só o Neymar, ele é a seleção", disse à ANSA Vinicius Lordello, professor da Academia da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e especialista em gestão de reputação e crises no esporte.
Segundo Lordello, o atacante precisará "jogar muita bola" para se redimir com boa parte da torcida. Já Luiz Antonio Ramos, mestre em gestão do esporte, afirmou à ANSA que "a postura ideal para atletas famosos é não se envolver em polêmicas", principalmente em virtude dos patrocínios.
"O recomendado é que seja um assunto superado e não apareça mais nas redes sociais dos atletas nem nas entrevistas. O foco deve ser na Copa e na seleção brasileira, blindando os jogadores de distrações e polêmicas. Caso continue, a gestão da CBF pode tentar ser o motivo de união do povo brasileiro, com uma campanha de atletas com diferentes visões políticas", ressaltou Ramos.
No entanto, apesar da proporção que a situação tomou, Lordello não acredita em reflexos dentro do elenco. "Não vejo que isso possa afetar o relacionamento porque, dentro do universo do futebol, a maioria dos jogadores tem uma posição política semelhante", disse.
O especialista ainda explicou que não havia um documento formal proibindo a manifestação de apoio político nas eleições, mas sim um pedido interno para que assuntos extracampo não atrapalhassem o bom momento vivido pela seleção. .