Amputado de guerra ucraniano luta para chegar aos Jogos de Paris
Quando foi ferido em combates ferozes perto da cidade de Bakhmut, no leste do da Ucrânia, em março do ano passado, o soldado ucraniano Yevhenii Korinets pensou que fosse morrer.
"Eu quase disse adeus à vida", disse, à Reuters na cidade de Reshetylivka. "Havia um pensamento em minha mente: 'Tenho 25 anos, não fui a lugar nenhum, não viajei para lugar nenhum, não vi o mundo e agora estou morrendo'."
Dezessete meses depois, a vida de Korinets deu uma guinada.
O ex-paramédico militar, cuja perna esquerda foi amputada na altura do quadril, se classificou para a equipe nacional de vôlei sentado e falou durante uma pausa no treinamento com outros atletas antes dos Jogos Paralímpicos de Paris, que começaram na quarta-feira.
"Agora estou viajando, já estive em todos os lugares: Estados Unidos, China, países assim e, obviamente, também na Europa", disse Korinets no início de agosto, durante um intervalo nos treinos em uma academia na região central da Ucrânia.
Ele é um dos cerca de 140 atletas ucranianos que estão competindo nos Jogos Paralímpicos de 2024, uma competição que adquiriu maior importância após a invasão em grande escala do país pela Rússia, que deixou milhares de soldados e civis com ferimentos que alteraram suas vidas.
Os atletas russos e bielorrussos podem competir apenas como neutros, sem bandeiras, após sua participação em eventos esportivos globais ser severamente restringida após a invasão.
Para Korinets, o esporte tem sido de grande ajuda em sua recuperação após a perda de um membro, e ele incentiva outros veteranos de guerra a tentar.
A reabilitação deles na sociedade é um grande desafio para as autoridades após dois anos e meio de um conflito definido por intenso fogo de artilharia e campos de batalha altamente minados.
"Todos os tipos de esporte devem ser popularizados nas vilas e cidades para que os veteranos de guerra não fiquem em casa sem saber o que fazer", disse. "Os rapazes devem continuar ligando para ele, procurando-o, dizendo-lhe: 'Esta atividade está disponível, vamos treinar juntos, vamos lá, vamos'."
Korinets, de Zhytomyr, cidade na região central da Ucrânia, disse que foi direto para o escritório de recrutamento no dia em que os russos enviaram tropas para a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Ele primeiro se juntou a um esquadrão de defesa encarregado de proteger infraestrutura crítica, antes de se mudar para a 30ª Brigada Mecanizada Separada como paramédico posicionado perto de Bakhmut.
A cidade foi palco de alguns dos confrontos mais ferozes da guerra até o momento, e a Rússia assumiu o controle de suas ruas arruinadas em maio do ano passado.
O desempenho da Ucrânia nas últimas Paralimpíadas superou em muito o da Olimpíada. A equipe paralímpica ficou em sexto lugar nos Jogos de Tóquio realizados em 2021 e em terceiro no Brasil em 2016.
Antes de partir para Paris, Korinets tinha apenas um objetivo.
"Vitória, não precisamos de mais nada."