Voepass entra com pedido de recuperação judicial e culpa Latam por crise financeira
Empresa aérea revelou no pedido dívida total de R$ 429 milhões
A Voepass Linhas Aéreas entrou na noite de terça-feira, 22, com um pedido de recuperação judicial após ter todas as operações suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Citando como "principal responsável" pela crise financeira o grupo chileno Latam, a empresa revelou no pedido dívida total de R$ 429 milhões.
Das dívidas da empresa aérea, R$ 209 milhões estão sujeitas à recuperação, dos quais há R$ 43 milhões em passivos trabalhistas, com mais de 400 processos, e R$ 3,4 milhões com empresas de pequeno porte.
Outros R$ 162.2 milhões são classificados pela companhia como créditos quirografários, ou seja, de pessoas jurídicas que têm a receber da empresa, mas que, em um eventual processo de recuperação ou de falência, não têm prioridade.
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No pedido de recuperação, a Voepass faz alguns requerimentos de liminar judicial, entre eles manutenção de slots de pousos e decolagens, concessão de 120 dias de suspensão de ações e execuções judiciais e prazo de 60 dias para apresentação de plano de reestruturação.
O Terra procurou a Latam em busca de um posicionamento diante das acusações da Voepass, mas não obteve retorno até esta publicação.
Pós-acidente
A crise financeira da Voepass se agravou principalmente por conta dos desdobramentos de um desastre aéreo que matou 62 pessoas em agosto de 2024, em Vinhedo (SP). No entanto, no documento, a empresa culpa a Latam pela piorar financeira.
A Voepass tinha um contrato de compartilhamento de voos (codeshare) com a Latam desde 2014, mas alega no documento entregue à Justiça que esse acordo foi suspenso em setembro do ano passado
A Voepass afirmou que após a queda de seu avião a Latam teria tomado "decisão unilateral" de suspender atividades de quatro das 10 aeronaves turboélice da companhia que eram utilizadas "exclusivamente para operação de codeshare mantida entre as partes".
A empresa também afirmou no pedido que a Latam também passou a "reter ilegalmente" valores devidos à Voepass relativos aos custos fixos gerados pelas aeronaves mantidas em solo.
Além disso, a companhia afirma que a Latam deixou de fazer pagamentos da ordem de R$ 34,7 milhões, o que ajudou a agravar sua situação financeira. Esse valor é referente a custos das aeronaves paradas em solo.
Este é o segundo pedido de recuperação da história da Voepass, que em outubro de 2012, então com o nome de Passaredo, buscou a Justiça para se proteger dos credores. O processo durou até 2017. (*Com informações da Reuters e do Estadão)