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'Gosto de partir de um objetivo ambicioso'

29 out 2018 - 11h44
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CEO do grupo Edenred no Brasil, o francês Gilles Coccoli (foto), comanda time com duas mil pessoas. No total, a empresa tem oito mil colaboradores distribuídos por 42 países entre as seis empresas do grupo: Ticket, Ticket Log, Repom, Edenred Soluções Pré-Pagas e Accentiv. Graduado em ciências da computação e em gestão de empresas, Coccoli entrou no grupo em 1997.

Contratado pela Ticket, foi enviado ao Brasil para atuar como gestor de projetos. Antes, havia servido ao exército francês por um ano e trabalhado dois anos e meio na Arthur Andersen. A empresa de auditoria não existe mais mas foi, segundo ele, uma escola de metodologia financeira e de análise interessante para sua carreira. Aos poucos, Coccoli alçou novos cargos. Foi diretor financeiro, diretor operacional e diretor de tecnologia. Depois disso, sentiu necessidade de se movimentar.

Passou, então, um ano como diretor geral na operação instalada na Turquia, atuou três anos em Londres, como diretor geral da PrePay Solutions - maior empresa de pré-pagos da Europa, resultado de parceria da Edenred com a MasterCard. Por último, antes de retornar ao Brasil como CEO, em 2013, ficou um ano como vice-presidente de estratégia e desenvolvimento na matriz francesa. A seguir, trechos da entrevista.

Em sua trajetória, houve alguma figura que o inspirou?

A Edenred é uma grande família e aqui no Brasil a empresa teve alguns gestores que ficaram muito tempo no grupo e que ainda são próximas. O Firmino Antônio, que foi o presidente do grupo Accor Brasil, quando a empresa ainda tinha esse nome, é uma pessoa muito próxima. Ele tem grande experiência de Brasil e dos negócios que temos atualmente. Eu diria que ele é a pessoa para a qual eu olho muito. Ele tem uma grande vivência da cultura empresarial do Brasil.

O que faz para manter o negócio atualizado nesse ambiente de rápidas transformações?

Sou uma pessoa de inovação, gosto muito do assunto e empurro a empresa com isso. Meu interesse pessoal tem muito a ver com as novas tecnologias, temos vários programas de inteligência artificial dentro dos nossos negócios. Estamos fazendo várias experimentações e levando tudo isso aos nossos usuários.

Pode dar alguns exemplos?

Temos uma série de ações. Montamos, por exemplo, uma área de User Experience (UX) - o termo experiência do usuário envolve um conjunto de fatores relativos à interação do usuário com um determinado produto, sistema ou serviço, que tem por objetivo gerar uma percepção positiva. Também temos a aceleradora Edenred Connect, programa que oferece mentoria, parceria de negócio, incubação física, investimento financeiro e desenvolvimento tecnológico. O programa está em andamento. Tivemos mais de 200 startups cadastradas e escolhemos cinco. Assim, mantemos conexão com o mundo de startups.

Gostaria de destacar outros programas?

Sim, temos o programa Paperless, que prevê a eliminação do papel para o maior número de transações. Por meio de aplicativo, além de realizar transações, o usuário acessa informações sobre seu cartão, controle de saldo diário, bloqueio de senha, busca de estabelecimentos conveniados etc. Os aplicativos também estão sendo levados a outros negócios da empresa, como a Ticket Log (voltada à gestão de despesas corporativas com abastecimento e manutenção de veículos), que já ocasionou aumento de 200% no processo de afiliação. Já temos grande quantidade de usuários conectados pelos aplicativos. O uso de novas tecnologias nos interessa muito.

Quais são os seus maiores desafios atualmente?

Meu desafio aqui no Brasil é fazer o grupo crescer para algo bem maior do que temos hoje. Acreditamos no Brasil e no seu enorme potencial. Isso será possível por meio de inovação e tecnologia, mudando as formas de trabalhar. Enfim, queremos implantar o que há de melhor em termos de gestão e processos. Dentro desse mundo conectado podemos, via conexões inteligentes, proporcionar mais ganhos, bem-estar e eficiência. Ao mesmo tempo, uma das minhas maiores preocupações também vai crescendo, que é a adequação do papel do ser humano dentro das organizações que estão se robotizando. Para mim, o desafio é saber como a pessoa, o gestor, o ser humano vai se inserir nesse mundo que passa por uma completa revolução.

Quais são suas expectativas em relação ao crescimento da empresa?

Sou muito positivo. Em 2016 investimos quase R$ 1 bilhão para fazer a parceria que resultou na Ticket Log, sendo que aquele não era um ano favorável para investir no Brasil. Mas nós o fizemos, porque é assim que a Edenred é reconhecida: uma empresa que aposta no Brasil.

Qual é a sua marca?

Gosto de partir de um objetivo arrojado e ambicioso e trabalhar o ?como? e não ?o que?. Estou sempre em contato com os times tentando vislumbrar qual poderia ser a nossa ambição e depois ajudar as equipes a serem criativas e contributivas para definir como chegar nesse ponto. Gosto do desafio de identificar como atingir os objetivos e as ambições.

Como é viver no Brasil?

Não sou brasileiro, mas já tenho mais de 20 anos de Brasil. É um País fantástico para fazer coisas e me dou bem aqui, porque é um País no qual a inovação é bem-vista. É um País que adota coisas novas com certa facilidade. Vale relembrar que aqui nós migramos para o cartão em 1999 (no caso do tíquete refeição), sendo que até hoje, em alguns países, eles ainda estão no processo de migração.

E em termos dos profissionais?

Profissionalmente é um País de muitas realizações, óbvio que tem suas dificuldades, mas como um quase brasileiro eu entendo e vejo mais o lado positivo, a vontade tanto dos times quanto dos gestores de sempre buscar mais e fazer mais. Esse ambiente é muito gostoso, porque permite realizar coisas e avançar com certa velocidade e isso condiz muito bem com a minha forma de ver e fazer as coisas.

Estadão
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