Speakers! Como vocês estão?
Barack Obama é, sem dúvidas, o maior orador contemporâneo. Durante os anos como presidente dos Estados Unidos, ele chamou a atenção pela forma eficaz como se comunica e, por isso, especialistas de todo o mundo passaram a analisar os discursos do chamado “Rei da Oratória”.
Já sabemos que oratória não tem nada a ver com um dom, não é mesmo? Ao contrário de ser algo que as pessoas “já nascem sabendo”, é, sim, um conjunto de habilidades, conquistadas através de muita prática e dedicação.
Os grandes comunicadores da história, como Jobs ou Obama, passam horas e horas praticando suas apresentações e é dessa forma que conquistaram o grau de excelência que todos conhecemos.
Pensando nisso, separamos algumas técnicas utilizadas por Barack Obama durante suas preparações para um discurso. Confira e inspire-se!
Prática... MUITA prática!
Um vídeo do programa Behind the Scenes ficou famoso por mostrar o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, praticando um de seus discursos. No vídeo, ele aparece ao lado do seu “Anger Translator” treinando suas falas e verificando o conteúdo da sua apresentação.
As pessoas ligadas a Obama confirmaram que essa prática – a de ensaiar suas falas com antecedência – é uma constante da vida do ex-presidente. Ainda que tenha a agenda sempre cheia (e repleta de apresentações e falas em público), sempre que possível, Obama ensaia em voz alta as suas apresentações.
Essa técnica, Speakers, mostra o quanto a oratória tem a ver com a humildade em admitir que todos nós precisamos praticar nossas apresentações, independente dos anos de experiência que temos ou do quanto dominamos o assunto em questão.
Atenção para a linguagem não-verbal
Quando vocês assistirem ao vídeo do Behind the Scenes, notarão que Barack Obama não se atém apenas ao CONTEÚDO da sua fala, mas também a toda a comunicação que existe na linguagem não-verbal.
Durante suas práticas, como essa do vídeo, o ex-presidente planeja cada item da sua exposição oral, incluindo os gestos, o contato visual, a alternância de tons, a velocidade da voz e a ênfase para determinadas palavras ou expressões.
Obviamente, não estou dizendo para vocês decorarem suas falas e, quando estiverem em frente ao público, agirem de forma mecânica. Mas conhecer e dominar o conteúdo da sua exposição e planejar formas efetivas de expressão não-verbal (como gestos e olhares) é uma forma de ganhar segurança e ter uma excelente apresentação.
Algumas técnicas usadas por Obama quanto à expressão não-verbal são:
- Criar harmonia entre fala e gestos: quando Obama fala sobre determinado assunto, consegue demonstrar que os seus gestos estão conectados com o conteúdo do seu discurso. Ou seja, a sua expressão corporal reflete a clareza do seu pensamento.
Quando começa uma nova frase, Obama usa um determinado gesto para pontuar esse começo ou esse novo raciocínio. Esse gesto pode ser balançar sutilmente com a cabeça ou fazer determinado movimento com as mãos.
- Saber usar a voz
Em seus discursos, Obama costuma falar devagar e em um volume mediano. Quando diz alguma palavra-chave, aumenta o volume da sua voz, como se estivesse “sublinhando” determinadas frases para que o público preste mais atenção.
A voz é uma ferramenta essencial para um bom discurso. Dar a ela a devida atenção é mais que essencial, é prudente.
Usar as pausas e as repetições como recurso comunicacional
As grandes “cerejas do bolo” da oratória de Obama são as pausas e as repetições. O ex-presidente usa esses dois recursos de forma brilhante, dando, às suas falas, o grau de emotividade e clareza necessário para um bom discurso.
Obama usa a repetição (ou a anáfora, como dizem os especialistas) para dar ênfase a uma ideia central, tornando-a praticamente inesquecível para o público. Um exemplo que sempre uso ao falar sobre esse tópico é o discurso de Obama na Convenção Nacional Democrática, em 2014. Notem o uso da repetição:
“Nós temos mais trabalho a fazer. Mais trabalho a fazer para os trabalhadores... Mais a fazer para o pai que eu conheci... Mais a fazer para a mulher jovem...”
Com essa simples técnica, Obama escancarou a sua mensagem: há trabalho a ser feito. Isso, Speakers, é comunicar-se com excelência!
Notem que, nesse mesmo exemplo acima, podemos perceber o uso das pausas (que representei com reticências). Ao contrário do que algumas pessoas pensam, as pausas são, sim, um recurso comunicacional. E mais: um importantíssimo recurso comunicacional!
As pausas exercem inúmeras funções quando bem empregadas em apresentações: elas servem para separar um tópico de outro; para dar destaque a determinada ideia ou argumento; para aumentar o nível de emoção do que está sendo dito; e, por fim, para permitir que as pessoas tomem um tempo para digerir as informações que receberam até então.
Barack Obama é um grande comunicador. Disso, ninguém pode discordar. E uma das grandes lições que ele deixa a todos nós é a necessidade de dedicar tempo e vontade para aprimorar as técnicas de oratória, independente da trajetória que temos.
Veja aqui o vídeo de Obama treinando um de seus discursos.
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