Trump visita prédio do Fed com Powell, a quem já chamou de 'burro', e agora reduz tom das críticas
Presidente americano critica sistematicamente o chefe do Federal Reserve por causa de juros e gastos com reforma da sede do órgão, mas agora diz que estouro de orçamento em obras 'acontece'
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, evitou, nesta quinta-feira, 24, defender a demissão do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell, apesar de ter criticado os estouros de orçamento na reforma da sede do banco central. "Os custos saíram do controle, e isso acontece em obras", disse. As declarações foram feitas após passeio na sede do banco central americano, acompanhado do próprio chefe do Fed.
Trump também afirmou que "não há pressão alguma para Powell renunciar" e disse acreditar que ele "fará a coisa certa, talvez um pouco 'atrasado demais'", repetindo o apelido criado por ele para se referir ao presidente do Fed. Por "coisa certa", Trump se referia ao corte de juros. Ainda assim, admitiu ter "uma, duas ou talvez três pessoas" em mente para substituí-lo quando o mandato de Powell se encerrar, em maio de 2026.
Desde o começo de seu mandato, Trump tem criticado duramente o presidente do Fed por causa dos juros altos. Ele deu a Powell o apelido de "atrasado demais" e já o xingou de "burro", "teimoso" e "desgraça americana". O presidente americano também apontou o conselho do Fed como responsável pelos juros.
Antes de fazer a visita desta quinta, Trump reclamou do valor da reforma no Fed, estimado em US$ 2,5 bilhões e que, agora, estaria em US$ 3,1 bilhões, segundo o presidente americano.
Durante visita do republicano à sede do BC americano, ele mostrou um pedaço de papel com os custos da reforma do prédio a Powell, que reagiu com aparente desaprovação ao gesto de Trump.
No final, Trump foi conciliador. "Foi uma grande honra visitar a reforma (e algumas construções novas!) do Federal Reserve com o presidente Jerome Powell, o senador Tim Scott e outros", escreveu ele na sua rede, Truth Social.
Trump disse que há um longo caminho a percorrer e que teria sido muito melhor se as obras nunca tivesse sido iniciadas, mas que, com sorte, serão concluídas o mais rápido possível.
"Os custos excedentes são substanciais, mas, pelo lado positivo, nosso país está indo muito bem e pode arcar com quase tudo - até mesmo com o custo desse edifício!", acrescentou ele na postagem.
Trump pede corte de 3 pontos nos juros
Trump afirmou, na visita ao Fed, que o país "precisa reduzir as taxas de juros" e voltou a defender um corte de 3 pontos porcentuais.
Ele acrescentou que, durante a visita, conversou com o presidente do Fed, Jerome Powell. "A conversa com Powell foi produtiva. Não houve tensão", declarou. O chefe do banco central não falou com a imprensa após o encontro.
Segundo Trump, os atuais níveis de juros estão "muito altos" e dificultam o acesso da população à moradia.
"Pessoas não estão conseguindo comprar casas. Precisamos baixar três pontos porcentuais em nossas taxas de juros", repetiu.
Ele reiterou que os Estados Unidos "deveriam ter as menores taxas de juros do mundo" e que "a inflação está controlada e a economia está ótima".
O presidente também aproveitou a visita para criticar os atrasos na reforma da sede do banco central. "Olhamos as reformas do prédio do Fed. As obras precisam acabar, de fato", disse.
"Quero taxas de juros mais baixas e quero a obra do Fed finalizada", completou. Apesar da crítica, afirmou que, após a visita, acha que "entendemos o que aconteceu" para motivar a reforma e, mudando o tom das últimas semanas, afirmou que quer "ajudá-los a terminar essa obra".
Voltando a comentar sobre política comercial, Trump indicou otimismo nas negociações comerciais com a União Europeia. "Estamos no processo de fazer um ótimo acordo comercial com a UE. Eles querem muito fazer um acordo conosco e estamos a caminho disso." Ele também mencionou que "não estamos negociando tarifas sobre automóveis ainda" com nenhum país, e indicou que isso será discutido em outro momento.
Sobre acordos comerciais, por sua vez, Trump voltou a exaltar o pacto alcançado com o Japão e acrescentou que os EUA estão "indo muito bem com a União Europeia" nas negociações.