Taxa do DI janeiro 2027 fecha perto da estabilidade após Copom; prêmios longos caem
A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou a quinta-feira perto da estabilidade, com os investidores pouco alterando as apostas para a Selic em janeiro do próximo ano após comunicado do Copom na noite da véspera manter as dúvidas sobre o início do ciclo de cortes de juros, enquanto as taxas longas cederam em paralelo ao recuo dos rendimentos dos Treasuries.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,74%, próxima do ajuste de 13,757% da sessão anterior. Na ponta longa da curva, a taxa para janeiro de 2035 marcava 13,545%, em baixa de 10 pontos-base ante o ajuste de 13,64%.
Na tarde de quarta-feira o Federal Reserve cortou sua taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa de 3,50% a 3,75%, conforme esperado, mas passou indicações de que nova redução de juros em janeiro é improvável.
Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite de quarta-feira a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem dar uma sinalização mais clara sobre quando o ciclo de cortes começará.
"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Copom no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.
Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro -- o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.
No geral, o comunicado do colegiado foi lido de formas diferentes pelo mercado: enquanto alguns agentes viram no texto elementos "dovish" (brandos), que reforçam a perspectiva de corte em janeiro, outros enxergaram itens "hawkish" (duros), que fortalecem as apostas para março.
O consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, destacou que no comunicado o BC avaliou que a estratégia "em curso" de manutenção dos juros por "período bastante prolongado" é "adequada para assegurar a convergência da inflação à meta". No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo "em curso".
"Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o 'bastante' não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses", avaliou Goldenstein, em comentário enviado a clientes. "A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação."
No início do mês, Galípolo havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo "bastante prolongado" não zera a cada reunião.
Por outro lado, o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, disse não ver nenhuma brecha no comunicado para que o BC inicie os cortes no fim de janeiro.
"O BC teria que mudar a comunicação até lá para cortar. Este comunicado não parece compatível com um corte em janeiro", afirmou Olivares, que mantém a perspectiva de redução da Selic em março.
Em meio às dúvidas, as apostas na curva sobre a reunião de janeiro do Copom pouco mudaram nesta quinta-feira, destacaram profissionais ouvidos pela Reuters.
A curva de juros precificava mais cedo em 65% a probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro. Na véspera, antes do Copom, o percentual era de 63%, pontuou a analista Lais Costa, da Empiricus Research.
Na visão de Olivares, os investidores que apostam no corte em janeiro tendem a segurar as posições pelo menos até a próxima semana, quando serão publicados a ata do encontro do Copom, na terça-feira, e o Relatório de Política Monetária, na quinta --feira -- dia em que Galípolo também falará à imprensa.
"É mais fácil o investidor que está (apostando) em janeiro ir para março depois da fala dele (Galípolo), do que ele fazer hoje (a mudança) e, de repente, ter que desfazer na semana que vem", explicou.
Para Costa, havia pouco incentivo para o BC antecipar o corte de janeiro já neste comunicado.
"Ele tem o Relatório de Política Monetária, que vai mostrar a expectativa de inflação para terceiro trimestre de 2027, e tem outros canais de comunicação até a próxima reunião", destacou.
Entre os contratos de DI a partir de janeiro de 2028, o movimento nesta quinta-feira foi mais intenso, com quedas próximas de 10 pontos-base em alguns vencimentos. A baixa das taxas esteve em sintonia com o recuo do dólar no Brasil -- novamente para perto dos R$5,40 -- e com a baixa dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Às 16h39, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 4 pontos-base, a 3,524%. Já o retorno do título de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 2 pontos-base, a 4,139%.
No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no varejo tiveram alta de 0,5% em outubro na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,1%. Este foi o maior crescimento em sete meses. Houve ainda alta de 1,1% em relação a outubro de 2024, ante expectativa de recuo de 0,2%.