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Serviços crescem 2,3% em 2023, em terceiro ano consecutivo de alta

Setores que mais dependem da renda tiveram um desempenho melhor, a exemplo dos serviços prestados às famílias, mostram dados do IBGE

9 fev 2024 - 17h10
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RIO E SÃO PAULO - Os serviços encerraram o ano passado no azul. O volume de serviços prestados no País cresceu 0,3% em dezembro ante novembro, após uma expansão de 0,9% no mês anterior, já descontadas influências sazonais. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta sexta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Assim como ocorreu na indústria e no varejo, o desempenho do setor de serviços ficou positivo no ano de 2023, uma expansão de 2,3% em relação ao ano anterior.

"Os setores que mais dependem da renda tiveram um desempenho melhor, a exemplo dos serviços prestados às famílias, do que os mais ligados à atividade, como transportes e serviços profissionais", avaliou o economista-chefe do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso.

O desempenho das atividades de serviços deve ser mais bem distribuído ao longo de 2024 do que foi em 2023, prevê Pedroso. As atividades ligadas à renda devem manter a tendência de bons resultados, dado o cenário ainda positivo esperado para o mercado de trabalho, o reajuste do salário mínimo e os efeitos dos programas sociais.

Setor de serviços chegou ao terceiro ano consecutivo de alta
Setor de serviços chegou ao terceiro ano consecutivo de alta
Foto: Felipe Rau / Estadão / Estadão

Ao mesmo tempo, o processo de queda na taxa básica de juros pode estimular, via crédito, os subsetores que não tiveram desempenho tão bom no ano passado. Pedroso espera que os serviços impulsionem um crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024, após uma queda projetada em 0,2% na atividade econômica no quarto trimestre de 2023.

"(O resultado) Será bastante concentrado no ganho de renda, teremos reajuste do salário mínimo e dos programas sociais", justificou o economista do Banco MUFG Brasil, acrescentando que o início da colheita da safra de grãos também deve corroborar para a maior demanda por transportes. "Mesmo com a queda que está sendo projetada (na safra 2024), será a segunda maior da história", acrescentou.

O volume de serviços prestados no País encolheu ºno quarto trimestre de 2023 ante o terceiro trimestre do ano, depois de dois trimestres seguidos de avanços. Os serviços ºram ao longo do ano passado, mas sem cravar uma trajetória declinante, ponderou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. A expansão vista em 2023 tinha como base de comparação dois anos anteriores de "crescimento substancial", altas de 10,9% em 2021 e de 8,3% em 2022, apontou Lobo.

Uma sequência de três anos de crescimentos consecutivos não era vista desde o período que se estendeu de 2012 a 2014, quando acumulou uma expansão de 11,3%. No triênio de 2021 a 2023, porém, o crescimento acumulado nos serviços foi mais robusto, de 22,9%.

Quatro das cinco atividades em expansão

Em 2023, quatro das cinco atividades de serviços tiveram elevação, com destaque para os impactos positivos de informação e comunicação (alta de 3,4%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (3,7%). O setor de transportes teve expansão de 1,5%, e os serviços prestados às famílias avançaram 4,7%. A única queda ocorreu no segmento de outros serviços, recuo de 1,8% em 2023.

Em dezembro, o setor de serviços operava em patamar 11,7% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Os serviços prestados às famílias finalmente superaram o patamar pré-pandemia, funcionando em dezembro em nível 2,2% acima do pré-covid. A atividade foi a última a recuperar o nível pré-pandemia entre as cinco pesquisadas.

De acordo com Lobo, a demora ocorreu porque empresas do subsetor foram prejudicadas por uma transferência de recursos para companhias listadas em outras atividades. A mudança foi provocada por alterações na dinâmica de consumo, exacerbadas pela própria pandemia. Os gastos dos consumidores que antes eram apropriados pelos restaurantes passaram a ser incorporados também por empresas de delivery, por exemplo.

"Outro fator é que na pandemia a gente teve migração importante de trabalhadores do trabalho presencial para o trabalho remoto, e, posteriormente, para o trabalho híbrido", acrescentou Lobo, ressaltando que ainda não houve um retorno completo da força de trabalho ao labor presencial. "A permanência de pessoas trabalhando de forma híbrida ou totalmente remota faz com que haja migração da receita de restaurantes para supermercados", completou.

Embora a melhora no mercado de trabalho tenha elevado a massa de salários em circulação na economia, Lobo frisa que as famílias de renda mais baixa tendem a direcionar o orçamento doméstico para itens essenciais, enquanto que os serviços às famílias costumam ser mais consumidos por cidadãos de renda mais elevada.

Ele frisa que a renda de famílias que integram a base da pirâmide não costuma aumentar significativamente "de uma hora para outra", e que os serviços às famílias costumam crescem com maior impulso quando há grandes deslocamentos e eventos, como Copa do Mundo, Olimpíada e grandes shows, disse ele.

Em dezembro de 2023, os serviços prestados às famílias alcançaram o ponto mais alto da série desde fevereiro de 2016, embora ainda operem em patamar 6,8% abaixo do nível recorde visto em maio de 2014. A expansão de 3,5% na atividade de serviços prestados às famílias em dezembro ante novembro de 2023 sucedeu um avanço de 3,1% no mês anterior.

"A dinâmica turística ajudou esse movimento de crescimento", explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

A expansão nos serviços em dezembro mostrou que o recuo visto nas vendas do varejo no mesmo mês foi associado a um movimento de demanda menor no pós-Black Friday, e não por um freio no consumo, ressaltou Bruno Martins, economista sênior do banco BTG Pactual.

"O mercado estava com essa visão de que o consumo estava começando a acelerar um pouco na margem, com o crédito e as condições financeiras melhorando e o mercado de trabalho resiliente, mas veio esse dado de varejo muito fraco e o pessoal ficou com o pé atrás", lembrou Martins.

"Na minha leitura, a fraqueza do varejo está associada a uma Black Friday muito forte em novembro, então os setores que estavam com muito estoque deram promoções mais altas e as pessoas anteciparam em parte as compras de Natal, por isso em dezembro tivemos uma demanda menor por bens."

Martins acrescenta que os serviços prestados às empresas surpreenderam negativamente em dezembro, enquanto os serviços prestados às famílias mostraram crescimento forte, acima do esperado, corroborando a interpretação de que, com os salários subindo e a massa salarial crescendo, as famílias estão consumindo bastante serviços. Essa dinâmica ajuda a entender as pressões vistas na inflação serviços nos últimos meses.

"Tem um desafio para política monetária. O consumo das famílias acelerando é um dado que preocupa um pouco", concluiu Martins.

Estadão
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