Relembre brasileiros que perderam controle de seus impérios
Empresas tipicamente brasileiras, como o Banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, a rede de supermercados Pão de Açúcar, da família Diniz, a companhia aérea TAM, da família Rolim, e a cervejaria Schincariol, da família de mesmo nome, passaram por vendas e fusões que diminuíram o tamanho desses "impérios" nacionais. Conheça os brasileiros que venderam suas grandes empresas:
Samuel Klein
A compra das Casas Bahia, criada pelo polonês naturalizado brasileiro, Samuel Klein, pelo grupo Pão de Açúcar, foi anunciada no fim de 2009. Klein, 88 anos, nasceu em Lublin, eaos 19 anos foi preso pelos nazistas e mandado com o pai para o campo de concentração de Maidanek, na Polônia, enquanto sua mãe e cinco irmãos mais novos foram para o campo de extermínio de Treblinka, de onde não retornaram. Em 1944, aproveitando-se de uma distração dos guardas, Klein fugiu do campo e ficou no país até o fim da guerra.
Em 1951, Samuel saiu em direção à Bolívia, mas encontrou o País em Guerra civil e decidiu seguir para o Brasil, instalando-se em São Caetano do Sul, onde começou a vender produtos de porta a portal. Em 1957, comprou sua primeira loja, "Casa Bahia", no centro de São Caetano do Sul. Segundo informações do site da empresa, o nome é em homenagem aos imigrantes nordestinos que se deslocaram para a região para trabalhar na indústria de automóveis.
A Casas Bahia conta atualmente com cerca de 56 mil colaboradores, 500 filais e presença em 13 Estados nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste (SP, RJ, MG, GO, PR, SC, MS, MT, TO, ES, BA, SE e CE), além do Distrito Federal. Apesar do anúncio de 2009, a venda só será concluída após parecer favorável do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deve analisar a fusão até meados de julho. Conforme o relator, a demora na conclusão da análise deve-se, principalmente, à escassez de informações sobre o mercado onde atuam as empresas.
Silvio Santos
Fundado em 1958, pelo empresário e apresentador Senor Abravanel, ou Silvio Santos, o grupo, que chegou a ser considerado o 62º maior em faturamento no País em 2010, segundo o Banco Central (BC), foi parcialmente vendido para a rede de lojas varejistas Magazine Luiza em junho de 2011 e para o banco BTG Pactual.
O Magazine comprou as lojas do Baú da Felicidade por R$ 83 milhões. A operação envolveu 121 lojas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, além de 3 milhões de clientes que foram adicionados à base de cartões da rede de varejo. A venda foi após a divulgação, em novembro de 2010, deinconsistências no balanço do banco PanAmericano, principal fonte de receitas do grupo. Em janeiro de 2011, o banco foi vendido mediante o pagamento de apenas R$ 450 milhões.
Edemar Cid Ferreira
Após deixar perdas de cerca de R$ 1 bilhão, o ex-dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, foi preso em 2006 em sua casa, no bairro Morumbi, em São Paulo, acusado de gestão fraudulenta e crimes financeiros que teriam levado a entidade à falência em 2005. O processo que levou a instituição financeira à falência começou em 12 de novembro de 2004, quando o Banco Central fez uma intervenção no banco e um ano depois o liquidou. Após a intervenção, foram descobertas irregularidades na concessão de empréstimos a empresas em dificuldades financeiras no Brasil em troca da compra de títulos e de investimentos em empresas localizadas em paraísos fiscais.
O plano de recuperação não permitiu a reabertura das agências que o Banco Santos operava em dez grandes cidades brasileiras e o BC optou por declarar a liquidação da entidade em 4 de maio de 2005.Em janeiro de 2011, a 1ª Vara Cível de Pinheiros (SP) determinou o despejo imediato de Ferreira, e de sua mulher, Márcia de Maria, da mansão em que o casal morava no bairro Morumbi, na zona sul de São Paulo. A ação de despejo foi motivada por falta de pagamento de alugueis e encargos por parte da mulher do ex-banqueiro. O aluguel mensal era fixado em R$ 20 mil, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Família Rolim
A companhia aérea TAM, anunciou em 2011 que iria fundir suas operações com a aérea chilena LAN, que irá gerir o grupo. A empresa sai das mãos dos descendentes do Comandante Rolim Amaro, que consolidou a empresa na década de 70. Maior da AMérica Latina, a Latam deve oferecer serviços de passageiros a 115 destinos em 23 países, assim como transporte de carga. O processo de fusão sofreu vários contratempos por acusações sobre um possível monopólio em rotas aéreas, principalmente entre Chile e Brasil.
A história da TAM começou em 1961, com a criação da táxi Aéreo Marília, a partir da união de dez pilotos de monomotores. Em 1971, o comandante Rolim Amaro, se torna sócio minoritário da empresa e, em 1972, passa a ser dono de metade de empresa. Em 1976, surge a TAM. Nesse período, Rolim é proprietário de 67% do capital. Em 1981, a empresa já conta com 1 milhão de passageiros transportados. Em 2001, mesmo com a morte trágica do comandante Rolim em um acidente de helicóptero, a empresa anuncia crescimento de 31%.
A TAM encerrou 2011 com participação anual de 41,2% no mercado doméstico e de 88,1% no segmento de rotas internacionais operadas por companhias aéreas brasileiras, segundo informações da assessoria de imprensa. No período foram transportados cerca de 37 milhões de passageiros, superando os 34,5 milhões do ano anterior. A companhia conta atualmente com 156 aeronaves.
Schincariol
Em agosto de 2011, a cervejaria japonesa Kirin anunciou que iria pagar US$ 1,4 bilhão para comprar ações dos minoritários da brasileira Schincariol, consolidando o controle sobre a companhia na primeira expansão da empresa para o Brasil. O pagamento da Kirin envolveu os restantes 49,54% da Schincariol, segunda maior cervejaria e terceira maior produtora de refrigerantes do Brasil. A operação ocorreu depois da compra de participação de 50,45% da empresa em agosto de 2010, por US$ 2,6 bilhões.
Fundada em 1939 pelo filho de imigrantes italianos Primo Schincariol, em Itu, no interior do Estado de São Paulo, a Schincariol estava no momento da venda entre as 15 maiores do setor no mundo. Segundo informações da assessoria de imprensa da empresa, no começo a produção era limitada a licor de cacau, conhaque, groselha, vinho quinado, licor de anis e o refrigerante Itubaína (nome criado em homenagem à cidade e origem das atuais tubaínas) no sabor Tutti-Frutti.
No final dos anos 50 a fábrica investiu na compra de máquinas e equipamentos,já sob o comando dos filhos do fundados, José Nelson e Gilberto Schincariol. Em 1989, a empresa inicia a produção de cerveja. A trajetória da empresa foi conturbada, em agosto de 2003, José Nelson, na época com 60 anos, foi assassinado com três tiros quando chegava em casa, em Itu. Em 2005, Gilberto Schincariol e Adriano e Alexandre (filhos de José Nelson) foram presos por sonegação fiscal. Antes da venda, A Schincariol era controlada por duas holdings, uma formada pelos irmãos Alexandre a Adriano Schincariol (Aleadri-Schinni), e a outra composta por três primos da família. Atualmente a empresa conta com 13 fábricas em 11 Estados brasileiros, além de dez centros de distribuição próprios, cerca de 200 revendas credenciadas e 600 mil pontos de venda no território brasileiro.
Abilio Diniz
Abilio Diniz deixou de ser o grande tomador de decisões do grupo Pão de Açúcar na última sexta-feira, após 53 anos trabalhando na empresa (primeiro como executivo, depois como presidente e, por fim, como presidente do Conselho Administrativo) criada por seu pai em 1959. O franco-argelino Jean Charles Naouri, do grupo Casino, passou a ser oficialmente o responsável pela gestão do grupo que atualmente conta com 149 mil funcionários, 1.571 lojas, 78 postos combustíveis e 154 drogarias em 18 Estados brasileiros e no Distrito Federal. Em 2011, as vendas totais da rede atingiram R$ 53 bilhões.
Em 1994, ainda como parte do processo de reestruturação do grupo, começou a parceria entre o Pão de Açucar e a rede francesa Casino. Em 2003, Abílio deixa de ser o presidente executivo do Grupo e passa a ser o presidente do Conselho de Administração. Conforme acordo acertado em 2005, a holding do Grupo Pão de Açúcar, chamada Wilkes, era controlada conjuntamente pelos franceses e pelo empresário brasileiro. O acordo previa também que o Casino teria a opção de aumentar sua participação gradativamente na holding, e até deter a maioria das ações com direito a voto.
Mitsuo Matsunaga
Criada pelo imigrante japonês Yoshizo Kitano em 1960 a Yoki, sucessora da Kitano, foi vendida para a americana General Mills em maio por cerca de R$ 1,75 bilhão. A General Mills informou que também assumirá uma dívida de R$ 200 milhões e que a adição da Yoki a seu portfólio vai mais que dobrar suas vendas anuais na América Latina, para quase US$ 1 bilhão.
A empresa, uma das maiores empresas de alimentos dos EUA, atrás apenas de PepsiCo e Kraft Foods, teve receitas de US$ 14,7 bilhões em 2011, segundo ranking da revista Fortune. A transação foi concluída na primeira metade do ano fiscal de 2013 da General Mills, que começa em 28 de maio de 2012.
A Yoki começou comercializando cereais e derivados de farinha.Nos anos 70, a empresa passa a vender também chás. Nos anos 80 a empresa lança também sobremesas, mas vende esse setor e o de chás para a empresa Refinações de milho Brasil. Em 1990, seis meses após a venda da Kitano, é criada a marca Yoki alimentos, que comercializa cereais e derivados de farinha. Em 1996, a família compra novamente a marca Kitano e já conta com cerca de 80 produtos em catálogo. Atualmente a Yoki atua em 21 categorias, com 180 produto e 620 itens de consumo, com oito fábricas no País.
Para o presidente da empresa brasileira, Mitsuo Matsunaga, a família está confiante que as capacidades globais da General Mills, combinadas aos funcionários e portfólio da Yoki, vão levar a empresa a um crescimento acelerado no Brasil nos próximos anos. Após a venda, o executivo da empresa, Marcos Kitano Matsunaga, filho de Mitsuo, foi encontrado morto. A polícia prendeu sua mulher Elize como suspeita do crime.
