Reforma Tributária elevará carga sobre empresas e impulsionará corrida a FIDCs
Líderes do setor debatem impactos da reforma, alta na tributação, migração de estruturas e o crescimento dos FIDCs
Reforma Tributária aumentará a carga tributária sobre empresas, impulsionando a migração para FIDCs, que ganham protagonismo no mercado com crescente relevância como alternativa estratégica para operações de crédito.
O impacto da Reforma Tributária no mercado de fomento comercial e crédito foi tema de um evento promovido pela Quartzo Capital no fim de junho, em Curitiba. Reunindo empresários, gestores e executivos do setor, o encontro discutiu os desafios e as oportunidades que surgem com as mudanças fiscais no país, além da crescente relevância dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) como alternativa estratégica para captação de recursos e operação no mercado de crédito.
O evento contou com a participação de Pedro Reis, head da área de crédito da Quartzo Capital; Clélio Gomes, diretor jurídico da Actual DTVM; e Eduardo Bertola, sócio-gerente da área de Mercado de Capitais do escritório Pironti+Moura Advogados.
Durante sua fala, Pedro Reis destacou que, apesar dos desafios tributários, o mercado de crédito privado no Brasil segue em expansão, movimentando atualmente cerca de R$ 700 bilhões.
“Estamos vivenciando uma transformação no setor, e isso abre espaço para veículos mais eficientes, como os FIDCs. Eles oferecem segurança jurídica, estabilidade operacional e são fundamentais para atravessar esse novo cenário econômico e regulatório com mais competitividade”, afirmou o executivo da Quartzo Capital.
O crescimento acelerado dos FIDCs foi um dos principais temas da discussão. Segundo Clélio Gomes, essas estruturas financeiras estão ganhando protagonismo no mercado. “Os FIDCs vão crescer e ultrapassar todas as estruturas do mercado. Hoje, a Actual junto com a Quartzo Capital, conseguimos estruturar, administrar e gerir veículos que permitem a captação direta de investidores para operações de crédito. É um mercado que não para de crescer no Brasil, já ultrapassamos R$700 bilhões de patrimônio líquido e mais de 3 mil registros ativos”, ressaltou Clélio.
A discussão também pontuou que o mercado de fomento deve passar por uma migração significativa de securitizadoras para FIDCs, impulsionada principalmente pelo aumento de impostos, que praticamente dobram os custos operacionais em algumas estruturas. Esse movimento também deve acirrar a concorrência entre as empresas de factoring.
Na análise jurídica, Eduardo Bertola reforçou que, embora a proposta de simplificar o sistema tributário brasileiro seja necessária, há um efeito colateral preocupante. “A simplificação vem acompanhada de aumento da carga tributária em grande parte das operações, o que pode piorar o ambiente econômico, em vez de melhorar”, explicou Bertola.
A conversa também chamou atenção para os impactos da tributação sobre dividendos, com previsão de queda na alíquota do IRPJ de 34% para 25%, mas compensada por uma nova tributação de 15% sobre dividendos, elevando a carga total para 40%, gerando uma nova preocupação para as empresas.
Para Pedro Reis, esse cenário exige dos players do mercado de crédito uma busca constante por alternativas mais inteligentes e resilientes. “O mercado vive uma transformação profunda. Na Quartzo, enxergamos os FIDCs como a solução mais segura, robusta e eficiente para estruturar operações de crédito, garantindo rentabilidade e segurança para investidores e tomadores, especialmente em um ambiente tributário desafiador”, reforçou Pedro.
O consenso entre os participantes é claro: a Reforma Tributária vai provocar uma reconfiguração significativa no mercado de crédito e fomento, exigindo mais estratégia, planejamento e uso de estruturas sólidas como os FIDCs para garantir competitividade, sustentabilidade e crescimento dos negócios.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.