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Quais setores da economia serão afetados pelas sanções que os EUA impõem ao Irã

Medidas contra a economia iraniana, suspensas desde 2015, foram retomadas nesta terça-feira, após Trump anunciar a saída do país do acordo nuclear com Teerã e as principais potências internacionais.

7 ago 2018 - 16h16
(atualizado às 16h22)
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Trump anunciou em maio a saída dos EUA do acordo, assinado por seu antecessor, Barack Obama
Trump anunciou em maio a saída dos EUA do acordo, assinado por seu antecessor, Barack Obama
Foto: AFP / BBC News Brasil

Os Estados Unidos retomaram nesta terça-feira as sanções contra o Irã, que estavam suspensas desde 2015, quando foi assinado o histórico acordo nuclear entre Teerã e as principais potências internacionais.

Em maio, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a saída do país do acordo - uma de suas promessas de campanha - e avisou que restauraria as sanções.

O chamado Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês), negociado pelo ex-presidente Barack Obama, impõe restrições ao programa nuclear do Irã, em troca da retirada de várias sanções contra a economia do país.

"O acordo foi tão mal negociado que, mesmo que cumprisse todas as exigências, o Irã permaneceria a um passo de ter armas nucleares", disse Trump, quando comunicou a retirada dos EUA do pacto, do qual também fazem parte Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.

Horas antes das sanções entrarem em vigor, Trump disse que o regime iraniano tinha uma escolha: "ou muda seu comportamento ameaçador e desestabilizador e se reintegra à economia global, ou continua seguindo por um caminho de isolamento econômico."

O presidente do Irã, Hasan Rohani, classificou a medida, por sua vez, como uma tentativa de "guerra psicológica", destinada a "gerar divisões entre os iranianos".

Além dos EUA e do Irã, o acordo foi assinado pela Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha
Além dos EUA e do Irã, o acordo foi assinado pela Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha
Foto: AFP / BBC News Brasil

Quais são as sanções?

As sanções estão divididas em dois grupos: as que entram em vigor nesta terça-feira (90 dias após a revogação do acordo) e as que começam a ser aplicadas em 4 de novembro (120 dias depois da rescisão).

Em agosto, começam a valer as sanções:

O presidente do Irã, Hasan Rohani, advertiu Trump: 'Não brinque com o rabo do leão'
O presidente do Irã, Hasan Rohani, advertiu Trump: 'Não brinque com o rabo do leão'
Foto: AFP / BBC News Brasil

Além disso, foram revogadas algumas medidas que favoreciam a importação de tapetes e produtos alimentares de origem iraniana e a determinadas transações financeiras.

Tampouco poderão ser exportados aviões comerciais de passageiros, peças ou serviços relacionados ao setor de aviação para o Irã.

Acordo nuclear com o Irã foi considerado um dos grandes marcos do governo Obama
Acordo nuclear com o Irã foi considerado um dos grandes marcos do governo Obama
Foto: AFP / BBC News Brasil

A partir de novembro, haverá sanções:

A mudança também revoga a autorização para que entidades estrangeiras americanas ou controladas pelos Estados Unidos desenvolvam atividades com o governo do Irã ou com pessoas sujeitas à jurisdição do governo iraniano, que era parte do acordo inicial.

A exportação de petróleo é um dos pontos mais críticos para o Irã.

"Não brinque com o rabo do leão, você vai se arrepender", disse o presidente iraniano Hasan Rohani há algumas semanas, reiterando que os EUA não podem proibir o Irã de exportar petróleo bruto para o mercado internacional.

Protestos no Irã

Quando Trump anunciou que retomaria as sanções, Rohani informou que ordenou à agência de energia atômica do seu país que se preparasse para começar o enriquecimento de urânio em escala industrial, caso fracassassem as negociações com os outros países para manter o tratado.

Número de protestos no Irã aumentou nos últimos anos
Número de protestos no Irã aumentou nos últimos anos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Além disso, ele advertiu posteriormente o presidente americano que um confronto com o Irã seria "a mãe de todas as guerras".

Para Rohani, ao retomar as sanções, os EUA estão "dando as costas para a diplomacia."

"Eles querem lançar uma guerra psicológica contra a nação iraniana", afirmou. "Somos sempre a favor da diplomacia e do diálogo, mas as conversas exigem honestidade", acrescentou.

"Negociações com sanções não fazem sentido."

Impacto

O Irã tem experimentado forte aumento dos preços dos alimentos, a alta do desemprego e até mesmo falhas no abastecimento de água nos últimos meses, o que desencadeou protestos em várias cidades. Manifestações realizadas em junho, em Teerã, foram consideradas as maiores da capital desde 2012.

É difícil afirmar o quanto os protestos estão ligados à nova política de sanções dos EUA, mas há uma relação clara entre as mudanças de tratamento do país e o valor da moeda do Irã. O rial perdeu 80% do valor no ano passado, e a taxa de câmbio do dólar triplicou nos últimos três meses, desde o anúncio de Trump de que pretendia retomar as sanções.

"Os preços dos produtos usados no dia a dia tiveram uma grande alta", conta Rana Rahimpour, jornalista do serviço persa da BBC.

"A população faz manifestações, mas é confrontada pelas forças policiais. Usam tanques, lançam gás. As pessoas querem dizer que estão com fome, que não têm nada para comer, mas os políticos não se importam", diz Ezan, comerciante que está em greve.

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