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PT defende adiamento de eleição em que Ilan Goldfajn disputa presidência do BID, que descarta pedido

Presidente do PT que lidera transição política disse que seria de "bom tom" que instituição adiasse votação para que Lula apresentasse uma nova candidatura. BID diz que regulamento da instituição não prevê adiamento. Eleição está marcada para 20 de novembro

11 nov 2022 - 14h09
(atualizado às 15h52)
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BRASÍLIA - A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deveria adiar as eleições para a presidência da instituição, marcadas para o dia 20 de novembro, para que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva pudesse apresentar um novo nome que pudesse concorrer à vaga.

"Nós não adiantamos (nenhum nome de candidato), mas eu acharia de bom tom eles adiarem. Nós temos um governo que foi eleito agora. Não tem por que não esperar a posse do governo pra poder fazer a indicação", comentou Gleisi, ao ser questionada sobre o assunto.

Gleisi Hoffmann (PT).
Gleisi Hoffmann (PT).
Foto: Beto Barata/Agência Senado / Estadão

Reportagem publicada pela emissora CNN aponta que o ex-ministro Guido Mantega, que passou a compor o governo de transição de Lula, enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano pedindo para adiar a eleição para a presidência do BID.

O Brasil foi o primeiro a apresentar um candidato oficial à corrida pela liderança do BID. Há cerca de duas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável pela indicação, oficializou o nome do então diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn, conforme antecipou o Estadão/Broadcast.

O prazo para a apresentação de candidatos à presidência do BID termina hoje, às 23h59 de Washington DC, ou seja, 1h59 do sábado no Brasil. A sabatina dos indicados está prevista para ocorrer no domingo, dia 13, e as eleições no próximo dia 20.

O BID afirmou nesta sexta-feira que o regulamento da instituição não prevê o adiamento das eleições para a escolha de seu presidente, agendada para o próximo dia 20. O assunto ganhou holofotes em Washington DC, sede da instituição, nesta semana, após uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) se movimentar para tentar postergar o pleito em uma expectativa de alterar o candidato indicado pelo Brasil, o que pode acabar por minar a candidatura do País, de acordo com fontes, que pediram anonimato.

"O Banco Interamericano de Desenvolvimento informa que o regulamento não prevê adiamento do processo. Além disso, reiteramos que qualquer questão relativa à eleição deverá ser abordada pela Assembleia de Governadores do banco", diz a instituição, em nota ao Broadcast.

No entanto, o regulamento do BID estabelece um quórum mínimo para que o nome de um candidato seja aprovado. Ou seja, caso os países membros se abdiquem de votar ou não cheguem a um consenso, o pleito poderia ser adiado, explica uma fonte que acompanha os bastidores das eleições na organização.

Fontes ouvidas pelo Broadcast consideram essa possibilidade como "pouco provável". Depois do desgaste com a última gestão, com o ex-presidente do BID, Mauricio Claver-Carone, sendo demitido após um escândalo ético, a preferência dos países membros é por resolver logo o assunto.

Até o momento, Brasil, Chile e México já apresentaram seus indicados para disputar a presidência do BID. Argentina e Equador também consideram sugerir nomes, conforme uma fonte, o que pode empurrar o número total para cinco candidatos que devem disputar o pleito.

Em uma tentativa de adiar o cronograma do BID, uma carta assinada por aliados de Lula, como o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, teria sido enviada ao Tesouro dos Estados Unidos, e a ministros de países-membros como Colômbia, Chile e Argentina, nesta semana, sugerindo o adiamento das eleições, conforme noticiou ontem o Broadcast. A movimentação levantou questionamentos em torno do apoio à candidatura brasileira, o que reduziu o apoio já dado como certo e abriu espaço para que outros governos cogitassem indicados de última hora, segundo fontes.

Ao justificar a escolha do nome, Guedes afirmou que o candidato concilia "ampla e bem-sucedida experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o qualificam para o exercício do cargo de presidente da instituição". Ilan, de 56 anos, foi presidente do Banco Central (BC) durante o governo de Michel Temer, entre 2016 e 2019, e chefiou ainda o departamento de economia do Itaú Unibanco, maior banco da América Latina.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Durante as reuniões anuais do FMI, Guedes aproveitou os encontros para colher apoio para a indicação do Brasil, em especial, dos Estados Unidos, na figura da secretária do Tesouro, Janet Yellen. No entanto, com a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou o rival Jair Bolsonaro nas urnas, houve questionamentos em torno da candidatura do Brasil.

Segundo fontes, Lula teria sido indicado por parte de seus aliados a manter tudo como está. Porém, uma alta no PT estaria se movimentando para tentar adiar as eleições do BID para avaliar com mais tempo o nome de Ilan ou ainda indicar outro nome, com um perfil mais alinhado ao partido.

Tal movimento, porém, acabou enfraquecendo a candidatura do Brasil, colocando em risco a oportunidade de o País assumir a presidência do BID pela primeira vez na história, segundo fontes. "As pessoas estão questionando: o Lula está apoiando ou não? O resultado vai ser que podem escolher um outro candidato ao passo que todo mundo já tinha aceito que era o momento do Brasil", diz uma delas, que pede o anonimato.

Paulo Guedes, responsável pela indicação, oficializou o nome do ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn
Paulo Guedes, responsável pela indicação, oficializou o nome do ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn
Foto: Marcelo Camargo|Agência Brasil / Estadão

No regulamento do BID, não está prevista a troca de um candidato. Ou seja, uma vez inscrito, o nome sugerido tem de ser mantido. No entanto, é possível alterar as regras caso seja da vontade dos próprios países membros. Pelo Brasil, até o fim do ano, quem responde e vota é justamente Guedes, quem indicou Ilan.

Para ser eleito à presidência do BID, o candidato precisa obter a maioria dos votos e ainda o apoio de 15 dos 28 países da região. O Brasil detém 11,3% do poder de veto, igual ao da Argentina. O maior peso, porém, está com os EUA, que possuem 30%, por isso, seu apoio é disputado pelos membros. A gestão de Joe Biden já afirmou que vai manter a tradição e não tem interesse em indicar um candidato.

Criado em 1959, o BID atua como financiador de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. O banco concede empréstimos, subsídios e cooperação técnica e faz ainda trabalhos de pesquisas.

Estadão
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