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Produtores brasileiros de café e açúcar lucram com alta do dólar

11 jun 2018 - 19h32
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Muito produtores brasileiros de café e açúcar viram na semana passada um rara oportunidade para fixar preços com margens razoáveis de lucro em um momento de excesso de oferta global para os dois produtos, agindo rápido para lucrar quando a moeda brasileira atingiu sua mínima em dois anos frente ao dólar.

Trabalhadores descarregam sacas de café em armazém no Porto de Santos, Brasil
10/12/2015
REUTERS/Paulo Whitaker
Trabalhadores descarregam sacas de café em armazém no Porto de Santos, Brasil 10/12/2015 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Produtores de grãos também fecharam algumas vendas, principalmente para a próxima safra de soja, mas as negociações foram mais lentas em decorrência do debate político sobre custos de frete, disseram à Reuters analistas e participantes do mercado.

O real despencou cerca de 5 por cento em 7 de junho, com a moeda norte-americana avançando para quase 4 reais, em meio a receios sobre a política econômica errática e a corrida presidencial muito aberta. Para os produtores vendendo commodities em dólar, isso significa mais reais por tonelada de café, açúcar ou milho.

Fundos investindo em commodities e processadores de alimentos ficam atentos a informações de volumes de vendas de grandes produtores, como o Brasil, para ajustar melhor suas posições no mercado.

"Houve um bom volume de vendas de açúcar quando o real chegou a 3,90 por dólar", disse Douglas Oliveira, um consultor que aconselha usinas de etanol e açúcar sobre estratégia de vendas. "Era uma oportunidade que você não poderia perder."

Segundo ele, usinas fecham em bancos e corretoras operações casadas que incluem venda de futuros do açúcar em Nova York e venda de dólares no Brasil em contratos conhecidos como NDF (non deliverable forward), as duas operações com o mesmo período de maturação.

"Nós fixamos quando há picos (nos preços)", disse José Aparecido Naimeg, que produz café na região do Cerrado em Minas Gerais e entrega seu produto para a cooperativa Expocaccer. A cooperativa se encarrega de fazer o hedge em Nova York.

Ele disse que viu vendas pesadas por produtores na semana passada, quando os preços em real saltaram cerca de 40 reais por saca (60 quilos), aproximando-se de 500 reais por saca de café arábica.

O volume negociado para o café em Nova York em 7 de junho foi o máximo desde junho de 2016.

O operador-chefe em uma das principais exportadoras de café do país, que pediu anonimato, disse que um comprador adquiriu 100.000 sacas por volta de 490 reais por saca na semana passada, já que os produtores estavam mais dispostos a fechar negócios.

Thiago Cazarini, corretor na Cazarini Tranding Company, disse que os acordos esfriaram de novo depois que o Banco Central aumentou suas interferências no mercado de câmbio, trazendo o real de volta para cerca de 3,70 por dólar.

(Marcelo Teixeira; reportagem adicional por José Roberto Gomes e Roberto Samora)

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