Prévia: apetite por risco ajuda BM&FBovespa; lucro da Cetip sobe
ZONAS - América Latina
A menor aversão ao risco no contexto mundial e rígidos controles de gastos provavelmente ajudaram os resultados do primeiro trimestre da BM&FBovespa e da Cetip, mostrou um levantamento da Reuters. Mas parte desses ganhos não devem se sustentar ao longo do ano. Os volumes de negociações na BM&FBovespa durante o trimestre foram fortes por conta de uma forte recuperação na demanda por ações e derivativos, segundo a pesquisa. Para a Cetip, fracos registros de financiamento de veículos foram parcialmente compensados pelo aumento do volume de ações sob custódia.
Os balanços, que provavelmente indicarão crescimento contínuo em registros, custódia e volume de negociações nos próximos trimestres, devem incentivar negociações envolvendo as ações tanto da Cetip quanto da BM&FBovespa, disseram analistas.
A BM&FBovespa, terceira maior bolsa de valores do mundo, administra todas as negociações de ações e derivativos no Brasil e é a principal beneficiária das listagens de papéis. A Cetip é a maior depositária de títulos de renda fixa da América Latina. "Esperamos bons resultados de ambas as empresas, com fortes volumes e dados excelentes relativos à BM&FBovespa e gastos mais baixos na base anual, no caso da Cetip", afirmaram os analistas Francisco Kops e Rafael Ferraz, da J. Safra Corretora, em relatório. "Esperamos que os resultados da Cetip tenham um impacto maior sobre as ações".
As bolsas de valores brasileiras registraram um nível recorde de fluxo de capital estrangeiro em janeiro, parcialmente por conta do relaxamento das preocupações com a crise de dívida da zona do euro. Tanto a BM&FBovepsa quanto a Cetip anunciarão dados operacionais trimestrais antes da divulgação dos balanços. Mas é possível que o salto atípico nos volumes de negociações no trimestre não sejam sustentados durante o resto do ano, disse o analista-sênior do Goldman Sachs Carlos Macedo.
O índice Ibovespa, que teve alta de 13,6% no trimestre, caiu 6% até agora desde 1º de abril. Controles de custos e de gastos continuarão a ser um elemento importante em relação aos lucros, descobriu o levantamento.
Resultados
O lucro líquido da BM&FBovespa subiu 4,3% ante o mesmo período de 2011, para R$ 282,9 milhões, de acordo com a estimativa média de nove analistas. A receita por contrato nos segmentos de ações e derivativos cresceu, enquanto as margens provavelmente subiram após a fatia relativa a ações negociadas no mercado de alta frequência ter caído numa base sequencial.
A pesquisa também prevê que a receita líquida tenha subido 5,9%, para R$ 500 milhões, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), subindo 9,4%, para R$ 337,1 milhões.
O valor pago como impostos sobre o lucro deve ter caído após a BM&FBovespa pagar juros sobre o capital a acionistas, um item dedutível para efeitos de impostos, disseram analistas do Itaú BBA liderados por Regina Sanchez Longo.
A Cetip parece pronta para superar a performance da BM&F Bovespa em termos de crescimento de lucro e receita, devido a controles mais rígidos de gastos e da queda nos custos de serviço de dívida. A receita, apesar de ainda crescer em ritmo de dois dígitos no ano a ano, provavelmente desacelerou na comparação com o quarto trimestre.
No tradicional segmento de registro e custódia sobre títulos de renda fixa da Cetip, a receita cresceu aproximadamente 20% ante o ano anterior, enquanto as vendas de ônus sobre carros em sua unidade financeira caíram cerca de 3%. A pesquisa mostrou que o lucro líquido subiu 67,3% para R$ 66,9 milhões.
O Ebitda subiu modestos 6,5%, para R$ 137,2 milhões, principalmente devido à queda nos gastos financeiros. A decisão do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros (Selic) desde agosto está ajudando a reduzir os custos de empréstimos da Cetip.
