Pochmann toma posse no IBGE e fala em 'rigor técnico e científico' no órgão
Economista na presidência do instituto foi uma escolha direta de Lula, atropelando a ministra Simone Tebet, a quem o IBGE é subordinado
Brasília - O novo presidente do IBGE, Marcio Pochmann, destacou as próprias credenciais acadêmicas para assumir o comando do órgão de pesquisa com o "máximo rigor técnico e científico" nesta sexta-feira, 19. Sua indicação para comandar o instituto foi uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o anúncio feito via Palácio do Planalto atropelou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a quem o IBGE é subordinado.
Após assinar o termo de posse junto com Tebet, Pochmann fez longo discurso relembrando aspectos históricos do País. Ao mencionar o desafio de comandar o IBGE, Pochmann mencionou que a indicação o cobrava "a totalidade das energias e competências que quase 40 anos de vida dedicada ao ensino, para que com tais credenciais tenha êxito na preciosa incumbência de presidir o IBGE, com o máximo rigor técnico e científico".
Ele também reforçou o discurso do antecessor na função, Cimar Azeredo Pereira, sobre a recuperação do IBGE, cobrando mais recursos do Orçamento e novos concursos públicos. A execução do último Censo foi bastante conturbada porque, além da pandemia da covid-19, houve sérias restrições orçamentárias que prejudicaram a realização da pesquisa.
As restrições ao nome de Pochmann para o comando do IBGE remontam ao período em que ele foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2007 e 2012. Ele sofreu críticas por suposto uso ideológico do órgão.
Quando o nome de Pochmann foi anunciado, o economista Edmar Bacha, ex-presidente do órgão, disse que se sentia "pessoalmente ofendido". "Pochmann é um ideólogo. Tem uma visão totalmente ideológica da economia. E não terá problema de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia, como fez no Ipea", disse.
Carinho
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou, na cerimônia de posso, o censo demográfico realizado pelo IBGE, apesar de restrições orçamentárias, e pediu para que o novo presidente do órgão seja recebido "com carinho" no instituto.
Tebet rememorou os percalços do Censo, que só saiu este ano, após a covid-19 inviabilizar a realização da pesquisa em 2020 - e também pela falta de recursos, pessoal e direcionamento. Ela destacou que a pesquisa completa não beneficia apenas as políticas públicas, mas também a iniciativa privada.
"Fizemos o censo mais completo, transparente e realista da história do Brasil, porque entramos em todas as aldeias indígenas, quilombos e favelas. Incorporamos mais 16 milhões de brasileiros ao censo demográfico", destacou.
A ministra também refletiu que o Brasil está envelhecendo rapidamente e mal, porque não tem ganhos de produtividade. Ela cobrou mais investimentos na educação pública e qualificação dos trabalhadores.