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Petros prioriza gestão ativa e alocação no exterior em política de investimentos

A fundação ampliou o limite máximo de exposição a ativos fora do País - hoje nula - de 5% para 10% dentro da revisão de sua política de investimentos para o período 2021-2025, recém aprovada

19 abr 2021 - 17h32
(atualizado às 21h28)
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RIO - A Petros dará seus primeiros passos na alocação de recursos no exterior a partir de maio. Dentro de uma estratégia de proteção da carteira e diversificação de riscos, a fundação ampliou o limite máximo de exposição a ativos fora do País - hoje nula - de 5% para 10% dentro da revisão de sua política de investimentos para o período 2021-2025, recém aprovada. O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, que encerrou o ano passado com um patrimônio total de R$ 116 bilhões, alta de 9%, também quer avançar mais na gestão ativa de investimentos.

Atrasado pela pandemia, o processo de 'due diligence' (auditoria) dos primeiros gestores no exterior está em fase final. A proteção criada por esse tipo de investimento vem da baixa correlação com ativos locais e do fato de que a taxa de câmbio tende a subir quando os ativos brasileiros perdem valor. "Tem uma expressão do (economista Joseph) Schumpeter (1883-1950) que diz: é o freio que permite ao carro correr mais. Tendo a proteção no exterior, tenho condição de ampliar minha exposição a riscos domésticos", diz o diretor de Investimentos da Petros, Alexandre Mathias, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A fatia da carteira alocada no exterior deve subir para 3% a 4% rapidamente e depois será calibrada segundo as condições de mercado. Mathias diz que a Petros terá dois perfis de investimento externo: um defensivo, para "tempos bicudos", e outro de crescimento - orientado a retorno mais rápido e predominantemente de renda variável. "No momento percebemos um bom ambiente para tomar risco nas estratégias globais. Estamos no modo 'risk on'", brinca.

A nova política 2021-2025 reduziu o teto de alocação em renda variável da Petros, de 45% para 40%. Os investimentos em bolsa têm hoje uma participação de cerca de um terço do portfólio global da Petros ou R$ 30 bilhões. A fundação trabalha com uma perspectiva otimista para a economia em 2021, com um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) - acima da projeção do último Boletim Focus, de 3,08% -, e a bolsa rodando na casa dos 130 mil pontos.

Já a inflação medida pelo IPCA é estimada em 5%. O indicador, somado a uma taxa de juros real - calculada especificamente para cada plano da Petros - compõe a meta atuarial da fundação, isto é, a rentabilidade mínima que ela precisa atingir para fazer frente a seus compromissos.

Alexandre Mathias, diretor de Investimentos da Petros
Alexandre Mathias, diretor de Investimentos da Petros
Foto: Petros/ Divulgação / Estadão

"Vivemos até aqui um momento em que o grande destaque foram as ações ligadas a commodities e (atividades beneficiadas pelo) fechamento de economia. Agora começamos a vislumbrar uma normalização no segundo semestre, com a vacinação, então a estratégia está se movimentando em direção à reabertura da economia. Vemos perspectiva positiva para os shoppings, papéis ligados a serviços", diz Mathias.

A meta é avançar cada vez mais na gestão ativa de investimentos - em que o gestor atua para superar um índice ou parâmetro de referência - com destaque para os fundos de gestão própria. O executivo fala em eliminar a carteira proprietária de renda variável num horizonte de três a cinco anos, deixando todo o investimento em renda variável dentro de fundos. Para o diretor de Investimentos, a estrutura desses veículos é mais vantajosa do ponto de vista de governança, risco e compliance.

Apesar disso, ele diz que a Petros não tem pressa em se desfazer de suas posições e vai aguardar a maturação dos preços-alvo das ações das companhias investidas. Tendo como principais ativos Litel, Vale, BRF e Norte Energia, a carteira de participações da Petros soma hoje R$ 9,2 bilhões, cerca de 30% dos recursos da renda variável. No passado, essa fatia já foi de 80%, o que revela uma desconcentração.

A estratégia baseada em fundos ativos, com mandatos específicos e diversificados, foi fator-chave para a fundação reverter os impactos da pandemia, fechando 2020 com superávit em seus dois principais fundos'após nove anos no vermelho. Entre os destaques estão o FIA Petros Ativo, que rendeu 11,84%, bem acima do Ibovespa, e o Fundo Petros Carteira Ativa Multimercado, com alta de 4,73%. O primeiro investe em ações de empresas listadas na B3, buscando retornos superiores ao Ibovespa; já o segundo atua no mercado de juros, moedas e ações, perseguindo valorização acima do CDI, com baixa volatilidade.

Na virada do ano a fundação abriu o FIA Petros SAL (Seleção de Alta Liquidez), descrito por Mathias como a versão 2.0 da carteira proprietária. Nele, a fundação seleciona empresas com boas práticas e foco em critérios ASG (meio ambiente, social e governança), para manter no portfólio por mais tempo. A expectativa é alocar até R$ 5 bilhões no SAL, que hoje tem R$ 1,27 bilhão aportados.

A Petros pretende abrir outros dois fundos em renda variável ao longo dos próximos dois anos. Os estudos estão em torno de fundos de small caps (empresas com baixo valor de mercado), dividendos ou com uso de estratégia chamada smart beta.

Estadão
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