O promissor mercado dos grande eletrônicos recondicionados
Aliando menor preço e sustentabilidade, duas grandes marcas alemãs investem no recondicionamento de aparelhos. Eletrônicos devolvidos são revisados, reparados e revendidos de forma online com garantia.Uma máquina de lavar roupas Miele barata. Na Holanda, a fabricante premium alemã de eletrodomésticos vende, há três anos, também esse tipo de aparelho recondicionado. No projeto-piloto de refurbishment, são recolhidos produtos devolvidos, por exemplo, com arranhões ou defeitos facilmente reparáveis. Eles são restaurados e revendidos online.
A escolha recaiu sobre a Holanda porque a marca é muito popular no país e os consumidores são especialmente receptivos a produtos recondicionados. Com esse projeto experimental, a empresa quer alcançar também novos grupos de clientes.
O temido "canibalismo" dos novos modelos pelos eletrodomésticos recondicionados não se concretizou, afirma Max Wagner, chefe da equipe de sustentabilidade da Miele.
"Conseguimos ampliar a base de clientes para grupos mais jovens e digitalmente conectados, que, por motivos de custo, talvez tivessem optado por um [produto] concorrente", explica Wagner.
Considerações quanto à sustentabilidade, como economizar recursos e proteger o meio ambiente, segundo pesquisas atuais, são fatores secundários na decisão de adquirir produtos recondicionados.
Mais trabalho, bom retorno
Em outro projeto-piloto da Miele, placas de circuito impresso (PCB) recondicionadas são reinstaladas. Os clientes podem escolher, ao reparar sua máquina de lavar roupas, lava-louças ou cafeteira automática, entre uma placa nova e uma recondicionada. Em modelos mais antigos, muitos clientes optam pela alternativa mais econômica.
Em 2024, a Miele recondicionou cerca de 12.000 componentes eletrônicos. O projeto-piloto está em andamento em cinco países europeus, incluindo a Alemanha. Oferecer duas opções significa um pouco mais de trabalho, conta Wagner.
Os técnicos levam para as visitas de reparo tanto placas novas quanto recondicionadas, para que possam concluir o serviço já na primeira ocasião, conforme a escolha do cliente.
A máquina de lavar é especialmente adequada para o recondicionamento porque é relativamente cara e vendida em grande quantidade, garantindo um número suficiente de devoluções. As peças de reposição permanecem disponíveis por muito tempo. Arranhões têm pouca importância, já que, na Europa, as máquinas de lavar roupa geralmente ficam no porão — ao contrário, por exemplo, dos eletrodomésticos de cozinha, como é o caso de uma máquina de café.
O projeto-piloto da Miele na Holanda deve servir como modelo para outros grupos de aparelhos e mercados. No entanto, um sistema de recondicionamento exige infraestrutura própria e um volume suficiente de devoluções dentro de um país para atender à demanda, afirma Christoph Wendker, chefe de Sustentabilidade e Regulamentação na Miele. O transporte de máquinas de lavar descartadas através das fronteiras é praticamente impossível, devido à legislação de resíduos da União Europeia .
Recondicionamento é popular em smartphones
A dificuldade de transporte também é um dos motivos pelos quais os eletrodomésticos grandes recondicionados ainda têm uma participação de mercado muito baixa. Nejc Jakopin, da consultoria de tecnologia A.D. Little, estima essa fatia em menos de 5%. Para comparação: na Europa, um quarto dos smartphones é adquirido no mercado de segunda mão.
Os smartphones são pequenos, fáceis de transportar e de verificar, são trocados a cada dois a cinco anos e têm um valor residual relativamente alto. Já recolocar eletrodomésticos em circulação é bem mais trabalhoso: para buscar uma máquina de lavar, são necessárias pelo menos duas pessoas e uma conexão de água para testar as funções.
"Um recondicionamento profissional com garantia exige uma cadeia logística própria", explica Jakopin. A primeira dificuldade é conseguir aparelhos usados, mas ainda aproveitáveis.
"É preciso recolhê-los diretamente com o cliente ou criar pontos de entrega." Fabricantes premium como a Miele, com seus próprios canais de distribuição, têm uma vantagem neste ponto.
"Outros fabricantes precisam pensar em como colaborar com os varejistas", enfatiza o especialista.
Varejistas já oferecem aparelhos recondicionados
O recondicionamento também é um tema para o comércio. "Quando as devoluções entram em um ciclo, isso gera novas receitas. É possível tornar atraente para o cliente a troca por um aparelho mais barato, mas um pouco mais elegante e eficiente em energia do que o anterior", explica.
Na MediaMarktSaturn, a maior rede varejista de eletrônicos da Europa, além de milhares de smartphones e notebooks de segunda mão, são oferecidos também cerca de 260 eletrodomésticos "como novos", por exemplo, exaustores, frigobares e cooktops.
A estrela dos eletrodomésticos no mercado de usados é o Thermomix. A versátil máquina de cozinha da empresa alemã Vorwerk (que promete substituir 20 eletrodomésticos) custa centenas de euros, mesmo os aparelhos com vários anos de uso.
Assim como no caso da Miele, durabilidade, peças de reposição disponíveis por muito tempo e uma marca renomada são pontos a favor do recondicionamento. Além disso, um processador de alimentos é muito mais fácil de transportar do que uma máquina de lavar.
Mercado promissor
Hoje já existem empresas especializadas no recondicionamento de aparelhos antigos. Entre elas está a I-Project, empresa por trás do site erneuert.shop, que compra, inspeciona, limpa e revende máquinas de cozinha da Vorwerk. O processo é semelhante ao dos smartphones: o modelo é selecionado no site, o cliente faz uma autoavaliação do estado do aparelho e recebe uma oferta inicial sem compromisso. Após a inspeção do equipamento, a empresa confirma ou ajusta o valor que está disposta a pagar pelo aparelho usado.
Compradores que preferem produtos novos, sem arranhões e sem uso anterior, ainda são claramente maioria, afirma Jakopin. No entanto, o segmento de recondicionados está crescendo.
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