Troca de dívidas: empresas usam consórcio para quitar seus débitos
Empresas brasileiras estão utilizando consórcios como alternativa para quitar dívidas, substituindo financiamentos com juros altos por pagamentos mais acessíveis e previsíveis, em um movimento estratégico para reduzir custos financeiros e melhorar a gestão de passivos.
No cenário econômico atual do Brasil, onde o crédito tradicional se torna cada vez mais caro e os juros dos financiamentos pesam no caixa das empresas, uma alternativa financeira tem ganhado destaque: a utilização do consórcio para a troca e quitação de dívidas. Essa estratégia tem sido adotada por diversas empresas que buscam reorganizar seus passivos e recuperar o fôlego financeiro sem recorrer a empréstimos com taxas elevadas.
O funcionamento dessa modalidade é relativamente simples, porém exige planejamento. A empresa adquire uma cota de consórcio cujo valor seja compatível com a dívida que deseja quitar, seja ela referente a caminhões, imóveis, equipamentos ou veículos leves. Diferentemente do financiamento tradicional, que cobra juros altos, o consórcio cobra apenas uma taxa administrativa, que pode ser até 10 vezes menor. Quando a empresa é contemplada, seja por sorteio ou por meio de lance, recebe uma carta de crédito que pode ser utilizada para quitar o débito existente. Essa troca permite substituir parcelas com juros elevados por pagamentos mais acessíveis e previsíveis, contribuindo para a saúde financeira do negócio.
Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), a participação de pessoas jurídicas nos consórcios já representa cerca de 18% do total, com crescimento puxado por setores como transporte, construção civil, agronegócio e serviços. Empresas desses segmentos têm usado o consórcio não apenas para aquisição de bens, mas como uma ferramenta estratégica de planejamento financeiro e gestão de dívidas.
Cléber Gomes, CEO da Maestria, empresa especializada em consórcios B2B, destaca que cerca de 30% do volume mensal movimentado pela empresa, que gira em torno de R$ 100 milhões, é destinado à troca de dívidas. Ele ressalta que essa é uma maneira de driblar as altas taxas de juros, desde que a empresa tenha um fluxo de caixa estável e possa planejar a antecipação da contemplação por meio de lances, acelerando o processo de quitação.
No entanto, é importante destacar que o consórcio não oferece liquidez imediata, pois a contemplação depende de sorteios ou lances, o que exige que a empresa utilize essa estratégia de forma planejada, preferencialmente quando há prazo para renegociar ou amortizar a dívida atual. Além disso, o consórcio promove uma disciplina financeira, já que os pagamentos mensais são fixos e previsíveis, evitando o endividamento excessivo.
Essa modalidade também permite que as empresas formem patrimônio de maneira programada e eficiente, pensando em futuras aquisições ou renovações de frota, por exemplo. Assim, o consórcio deixa de ser visto apenas como um mecanismo para compra parcelada e passa a ser uma ferramenta de gestão financeira e de troca inteligente de dívidas.
A troca de dívidas por meio do consórcio tem se consolidado como uma solução eficaz para empresas brasileiras que buscam reduzir custos financeiros, evitar juros abusivos e organizar suas finanças de forma sustentável, especialmente em um contexto de crédito tradicional cada vez mais restrito e oneroso.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
