“Marketing digital deixou de ser opção e se tornou pilar do meu negócio”
Empreendedores descobrem no marketing digital mais do que uma vitrine: uma estratégia essencial para crescer, se conectar e vender
O designer Ricardo Benucci transformou a própria casa em vitrine e, com ela, alavancou um negócio de sucesso no ramo da decoração autoral. Criador da Benucci Gallery, Ricardo usou as redes sociais como trampolim para empreender — e descobriu que o marketing digital seria muito mais do que um acessório para o crescimento da empresa. “O marketing virou pilar. Não tem como separar do negócio”, afirma.
A história de Ricardo começou ainda na adolescência, quando produzia sabonetes artesanais e cupcakes para vender na escola. A paixão pelas artes o levou à faculdade de Design de Produto. Após formar-se e realizar exposições internacionais, decidiu criar sua marca própria — mas descobriu, como tantos criativos, que talento não basta para vender.
“Não adianta ter um bom produto se você não alcança as pessoas certas”, disse ele durante o webinar do Terra Meu Negócio.
Foi nas redes sociais, especialmente no TikTok, que Ricardo encontrou o canal para isso. Antes mesmo de lançar oficialmente a Benucci Gallery, ele começou a publicar vídeos sobre a decoração de seu próprio apartamento, quase toda feita à mão. As visualizações geraram as primeiras vendas. Durante oito meses, o TikTok foi a única vitrine da loja.
Com o tempo, ele passou a investir em tráfego pago — de R$ 5 mil a R$ 7 mil por mês. O valor representa uma pequena fatia do faturamento, mas garante previsibilidade e crescimento. “O orgânico funciona, mas te deixa refém. O tráfego pago dá controle.”
Hoje, a Benucci Gallery tem uma equipe enxuta, atendimento presencial com hora marcada e vendas concentradas no e-commerce. “Tem gente que compra sem nunca ter vindo. O digital é tão bem feito que isso não impede a decisão de compra”, conta.
Mais do que gerar receita, Ricardo vê o marketing como um meio de expressar sua identidade. “É sobre saber quem você é, o que ama fazer, e encontrar o equilíbrio entre o que você quer criar e o que o mercado está disposto a pagar.”
Estratégia, não mágica
A trajetória de Ricardo reflete uma virada de chave comum a muitos empreendedores: o marketing digital deixou de ser um canal acessório e se tornou estrutura essencial para manter qualquer marca viva.
Segundo Carolina Lara, especialista em comunicação e marcas, é preciso abandonar a ideia de fórmulas mágicas e pensar em relacionamento. “Não é sobre postar por postar. É sobre gerar confiança e manter consistência.”
Ela conta que viu resultados reais ao focar em ações simples e integradas, como e-mails personalizados, vídeos curtos com potencial de viralização e campanhas com baixo orçamento, mas bem direcionadas.
“Um investimento de R$ 15 por dia em conteúdo relevante deu mais retorno do que ações caras e impessoais.”
Outro ponto destacado por Carolina é a importância da análise de dados. “Uso ferramentas simples como Mailchimp e Google Analytics. Troco o título, testo horário. Olhar os dados com regularidade muda tudo.”
Marketing digital é a engrenagem
Especialistas ouvidos pelo Terra concordam que a digitalização do marketing é mais do que tendência: é questão de sobrevivência.
“O marketing digital tem uma capacidade ímpar de conectar uma companhia com seu público de forma assertiva e, sobretudo, ágil. No contexto atual, onde, por exemplo, usuários procuram por marcas e fazem negócios diretamente nas redes sociais, a construção de uma presença digital sólida é indispensável e um diferencial competitivo”, explica o gerente de digital da XCOM by Atrevia, Diego Betiloi.
“Empresas da nova economia usam o marketing digital como ponto de partida para testar, escalar e manter competitividade”, afirma Rico Araújo, CEO da PX/Brasil e conselheiro de inovação. “É ele quem permite uma escuta ativa, fundamental para ajustar o produto às reais necessidades do público.”
Segundo Araújo, a grande diferença do marketing atual é a hiperpersonalização. “Com tecnologia e inteligência artificial, criamos experiências únicas para cada cliente. Isso aumenta muito a chance de conversão.”
O publicitário Rayniere Evangelista, gerente de marketing da BRN Construtora, reforça que não adianta implementar ferramentas digitais sem preparo. “Antes de sair instalando IA em tudo, é preciso avaliar processos, pessoas e estrutura.”
Para empresas iniciantes, ele recomenda começar pelo básico: redes sociais com diálogo real, um site funcional e canais de atendimento ágeis, como o WhatsApp. “Com o tempo, é essencial também medir resultados. Quem não tem visão, não tem gestão”, diz.
Comunicação ativa e coerente
O consenso entre os entrevistados é claro: o marketing digital deixou de ser uma escolha e se tornou parte da engrenagem do negócio. “Não importa o tamanho da empresa. Começar com o que se tem, mas com comunicação coerente e ativa, já muda o jogo”, afirma Carolina.
E, como aponta Ricardo Benucci, mais do que ferramenta de vendas, o marketing é a ponte entre criatividade e mundo real. “Criatividade é a chave da felicidade. O marketing é o megafone que leva essa chave ao mundo.”