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Leilão da marca Daslu é adiado para incluir site e fica para 7 de junho

Mudança ocorreu para que o domínio da empresa de moda fosse incluído nos itens a serem vendidos; lance mínimo continua a ser de R$ 1,4 milhão

17 mai 2022 - 15h13
(atualizado às 16h53)
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O leilão da marca Daslu foi adiado para o dia 7 de junho. Inicialmente marcado para 11 de maio, o evento ficou para o mês que vem para que o domínio do site da companhia fosse adicionado à lista dos ativos a serem entregues. O evento está sendo realizado pela casa de leilões Sodré Santoro. O valor inicial é de R$ 1,4 milhão e inclui cerca de 50 registros, incluindo submarcas que batizavvam linhas de roupas específicas da Daslu.

Em não havendo arremate no primeiro evento, no dia 7, um segundo leilão poderá acontecer em 14 de junho, com lance mínimo de pelo menos 50% do valor atualizado da avaliação. Se ainda assim não houver a venda, no dia 21 de junho será realizado um terceiro pregão. Em todos os casos, o leilão será online, e a participação depende de cadastro no site da Sodré Santoro.

Histórico

A Daslu, criada pela empresária Eliana Tranchesi, que morreu em 2012, voou alto por mais de uma década, a partir dos anos 1990. Em um momento em que as marcas de luxo internacionais praticamente não tinham presença no Brasil, a Daslu oferecia não apenas acesso, mas também serviços especializados para suas clientes em um estilo "casa de patroa" - com vendedoras uniformizadas e que tratavam as consumidoras, que muitas vezes passavam a tarde na loja, como se estivessem em uma mansão paulistana.

Em abril, a especialista em marcas Ana Couto disse ao Estadão que, se alguma empresa se dispuser a comprar a marca Daslu, será necessário fazer um trabalho complexo de reestruturação, para aproveitar o aspecto de exclusividade e serviço, eliminando o que não funciona mais. Além disso, o posicionamento da Daslu também precisará levar em conta que, hoje, redes de shopping centers como Iguatemi e Cidade Jardim oferecem dezenas de marcas de luxo para os consumidores - cenário muito diferente do visto nos anos 1990.

No entanto, os desafios de um eventual novo dono da marca Daslu não se resumem a questões de mercado, já que a empresa também passou por uma longa e visível crise de reputação. Na verdade, o castelo da Daslu começou a ruir em 2005, não muito depois da inauguração da Villa Daslu, megaloja de luxo onde hoje fica parte do Shopping JK Iguatemi. O edifício neoclássico, de 20 mil metros quadrados e construído ao custo de R$ 100 milhões, chegou a ter 700 empregados.

Foi nessa época que Eliana Tranchesi foi presa por sonegação fiscal e por vender produtos trazidos ilegalmente ao País. Foi o início do declínio da empresa. Nos anos seguintes, a companhia viu seu caixa se esvaziar e, por volta de 2010, a Villa Daslu era uma sombra do que fora em sua inauguração. Faltavam produtos, e as vendedoras já não tinham muito o que fazer, pois a clientela havia batido em retirada, conforme mostrou reportagem do Estadão à época.

Em 2010, a companhia entrou em recuperação judicial, com dívidas de R$ 80 milhões. Em 2011, pouco antes da morte de Eliana Tranchesi e do fechamento da megaloja na Marginal Pinheiros, a Daslu foi comprada, por R$ 65 milhões, pelo fundo Laep, de Marcos Elias, empresário que já enfrentou vários questionamentos na Justiça e que também foi dono da Parmalat no País.

Antes da falência, despejo

No modelo de negócios posterior à sua megaloja, a Daslu tentou se reinventar como uma rede multimarcas com presença em shoppings, com unidades em São Paulo, Brasília e Ribeirão Preto (SP). Mas o projeto também não deu resultado.

Em 2016, a empresa foi despejada do Shopping JK por não pagar o aluguel (a conta chegava, à época, a R$ 3 milhões); problemas semelhantes ocorriam também em outros centros comerciais. Havia também comentários sobre dificuldades de pagar salários e que, apesar das injeções de capital que havia recebido, a dívida já era maior do que na época do pedido de recuperação. O resultado foi, então, a falência.

Estadão
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