Investidores jovens aprendem a apostar na Bolsa com amigos e na internet
Queda da taxa básica de juros leva iniciantes ao mercado de capitais
Em sua maioria, os novatos na Bolsa dizem que decidiram apostar em ações por causa da queda da taxa básica de juros, a Selic. A redução dos juros de 6,5%, em julho do ano passado, para 2%, hoje, tornou investimentos como poupança e Tesouro Direto pouco atrativos, dado que seu rendimentos diminuíram. A Bolsa tornou-se, assim, uma saída para quem quer fazer seu dinheiro render mais que a inflação. Nela, porém, os riscos são mais elevados e mesmo os mais experientes podem perder suas poupanças. A seguir, confira a experiência investidores na Bolsa.
'Pego dicas com amigos e na web'
Há cinco anos, a engenheira de software Isadora Maceió, de 30 anos, estava endividada, principalmente pelo uso excessivo de compras com cartão de crédito. Desde então, ela cancelou o cartão e passou a guardar dinheiro para realizar compras à vista. No final do ano passado, já sem dívidas, começou a guardar dinheiro. Até que no início da quarentena passou a se informar para investir o valor que mantinha na caderneta de poupança. "Eu pego muitas dicas com meus amigos economistas e bancários e passei a seguir alguns perfis com que me identifiquei no YouTube. É assim que defino os investimentos que vou fazer e os papéis que vou comprar."
'Comprei R$ 2 mil em ações'
As quedas consecutivas da taxa Selic foram determinantes para Pietro Corletto, de 23 anos, começar a investir em ações na Bolsa de Valores. O estudante de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que investia em CDB e no Tesouro Direto, começou a estudar sobre renda variável e a conversar com amigos com experiência prática na área. Ele procurou uma corretora de investimentos e iniciou com um aporte de R$ 2 mil. "Eu investi pouco, mas, para a minha realidade, é bastante dinheiro", diz. Por segurança, o estudante ainda mantém uma reserva em renda fixa aplicada no Tesouro Direto.
'Paguei dívidas da família com lucro'
O estudante de Administração Yan Rodrigues entrou no mercado de capitais motivado pelo ciclo de queda da taxa básica de juros, a Selic. No início, chegou a se aventurar com técnicas de day trade, mas desistiu depois de alguns meses porque perdeu mais dinheiro do que havia previsto, cerca de R$ 2 mil. "Como todo mundo, eu comecei ganhando, mas depois percebi que estava perdendo mais do que podia e que não tinha conhecimento suficiente." Com o rendimento dos investimentos, ele procura ajudar a família. "Já consegui quitar dívidas da família relacionadas a contas de telefone, financiamento do imóvel e IPTU."
'Sou viciado no Twitter'
Engenheiro civil, Sérgio Schreier acompanha as redes sociais e perfis de analistas de investimentos para entender o mercado e escolher as operações que vai fazer na Bolsa. "Eu sou viciado no Twitter. Uso a rede para me manter informado o tempo todo", afirma ele, que gosta de operações de day trade, mas recomenda cautela com os influenciadores. "Nós estamos em um mercado em que o cara é o guru de investimentos, que diz que acerta tudo, mas nunca vamos ter uma unanimidade. Eu tento pegar essas informações nas redes sociais para me ajudar, e não para viver em função delas, do que escrevem lá."
'Não quero deixar o dinheiro parado'
O estudante de Direito João Paulo Pujol, de 23 anos, comprou ações na Bolsa de Valores há cerca de um mês. "Estudei a respeito e percebi que, depois de um tempo, a renda variável é melhor que a renda fixa. Não posso deixar o dinheiro parado", diz. Ele comprou um curso sobre o tema e também assistiu a vídeos gratuitos. "Confesso que me arrependi de ter comprado o curso porque o conteúdo era muito parecido com o do YouTube." Para escolher os investimentos mais adequados aos seus objetivos, ele fez algumas análises sobre as empresas. "Li o gráfico de cotação de longo prazo e também levei em conta os dividendos", afirma ele.