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Infraestrutura 'verde' valoriza loteamentos e consegue atrair mais clientes

Empresas têm papel fundamental no desenvolvimento de cidades mais sustentáveis, diz diretora de entidade

10 out 2025 - 03h10
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A preocupação ambiental já é percebida pelas empresas loteadoras como um elemento decisivo por parte dos clientes que procuram terrenos para comprar nos empreendimentos do setor. Os loteadores, além de cumprir as obrigações da legislação nessa área, têm reforçado as medidas de sustentabilidade em seus projetos para torná-los mais atrativos no mercado.

"A adoção de práticas sustentáveis e responsáveis tem se consolidado como um diferencial competitivo e tem influenciado de forma positiva a decisão de compra dos imóveis", afirma Ruth Portugal, diretora da Associação de Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (Aelo) e COO da GP Desenvolvimento Urbano.

"Pesquisas recentes do setor imobiliário demonstram que as soluções de infraestrutura verde já são reconhecidas como fatores de valorização e se refletem diretamente no preço por metro quadrado dos imóveis, agregando não apenas valor econômico, mas também social e ambiental aos empreendimentos", acrescenta.

"O que antes era visto como um fator restritivo hoje se transforma em uma oportunidade de mercado, e as soluções aplicadas asseguram a continuidade desse processo e orientam a forma como o desenvolvimento urbano é concebido e implementado", comenta a diretora da Aelo. Ao avançar na agenda ambiental, avalia Ruth Portugal, as empresas de loteamento cumprem um papel importante na formação de cidades mais "resilientes, saudáveis e alinhadas às demandas contemporâneas".

"Cabe ao empreendedor, dentro da reflexão sobre o desenvolvimento urbano sustentável, identificar e potencializar as características de sua gleba. Isso significa que é essencial estruturar um planejamento estratégico que promova a melhor integração da área com seu entorno, considerando aspectos urbanos, sociais e ambientais", diz ela.

"A expansão metropolitana e regional deve ser cuidadosamente planejada para evitar o crescimento desordenado e a degradação ambiental. Ao integrar novos loteamentos ou bairros de maneira sustentável, o setor privado contribui com um desenvolvimento urbano equilibrado, com técnicas que minimizam os impactos negativos e preservam os recursos naturais."

Soluções que são tendências

A tendência inevitável, explica a diretora da Aelo, é a integração das infraestruturas cinzas com as Soluções baseadas na Natureza (SbN) nos projetos e na prática dos empreendimentos. As cinzas abrangem dispositivos tradicionais como redes de tubulação, barragens e reservatórios. As outras envolvem o aproveitamento dos recursos naturais para fazer frente às mudanças climáticas.

Ela cita como exemplos de medidas implantadas em empreendimentos o uso de cisternas para reservar águas da chuva e a adoção de pavimentos permeáveis que aumentam a infiltração no solo. O conjunto de providências é grande.

"Os jardins de chuva, as lagoas de retenção e as bacias de infiltração são soluções que contribuem para a prevenção de enchentes, o controle da drenagem urbana e a redução das ilhas de calor. A implantação de calçadas drenantes, biovaletas, telhados e paredes verdes aumenta a permeabilidade do solo."

E é fundamental, afirma Ruth, integrar e restaurar as áreas verdes e criar corredores ecológicos nos empreendimentos. "A arborização urbana planejada é outra ação essencial, pois fornece sombra em vias e espaços públicos, melhora a qualidade do ar e contribui para o conforto térmico nas áreas urbanas. Além disso, a preservação e a recuperação de matas ciliares e nascentes asseguram a proteção dos cursos d'água e a recarga dos lençóis freáticos."

De acordo com ela, as empresas também devem incentivar o uso de materiais reciclados nas construções, a reciclagem de resíduos e a compostagem nos loteamentos. Na área da energia, a prioridade é o uso de fontes renováveis, como a solar, e a iluminação pública em LED associada a sensores que otimizam o consumo.

"No campo da mobilidade, a criação de ciclovias e ruas compartilhadas incentiva o uso de transportes não motorizados, promovendo práticas mais sustentáveis e inclusivas. Paralelamente, busca-se a redução da emissão de poluentes e da dependência de combustíveis fósseis, com destaque para a implantação de infraestrutura voltada a veículos elétricos, incluindo estações de recarga em pontos estratégicos", afirma a diretora da Aelo.

Na GP Desenvolvimento Urbano, empresa em que atua, Ruth cita como referência o caso do Quinta dos Lagos, em Cotia, na Grande São Paulo. O empreendimento tem uma área de Mata Atlântica que envolve os lotes e preserva quatro lagos naturais. O projeto inclui soluções como jardins de chuva, quadras e pistas de caminhada permeáveis, além de espaços de convivência sustentáveis e ao ar livre para estimular a conexão dos moradores com a natureza.

O objetivo, diz ela, é minimizar os impactos das chuvas, favorecer a drenagem natural e fortalecer a relação entre ser humano e meio ambiente. No Nordeste, questões ambientais entram na pauta da Conviver Urbanismo já na fase de prospecção de áreas para loteamentos. Com 46 anos de atividade, a empresa atua no Ceará, Piauí e Maranhão, com empreendimentos em diferentes biomas.

"Buscamos áreas que permitam mais que uma boa infraestrutura para um futuro produto. São requisitos fundamentais uma localização estratégica, viabilidade legal e ambiental, potencial de valorização e observação de vetores de crescimento. Procuramos combinar topografia adequada, impacto ambiental gerenciável de forma sustentável e espaço com áreas verdes", diz Mário Aragão, sócio e diretor executivo comercial da Conviver Urbanismo. "Temos incorporado práticas responsáveis nos empreendimentos para além da preservação e da regeneração ambiental", conta Luiz Geddes, sócio e CEO da empresa, que conta com equipes de Engenharia Ambiental e de práticas ESG.

Geddes cita como exemplo dessa estratégia ações adotadas com o lançamento do empreendimento Conviver Riviera, situado em Barbalha, na região do Cariri cearense. A empresa procurou estabelecer boas relações com o entorno do loteamento e reforçar a agenda ambiental.

"Implantamos lixeiras seletivas no bairro vizinho ao empreendimento, com incentivo ao descarte correto de resíduos, fizemos campanhas de conscientização ambiental na região e criamos jardim externo com árvores para que a população possa ter um lugar verde para passeios e a prática de exercícios físicos."

Também houve preocupação com os impactos da obra do loteamento. "Adotamos medidas como controle dos processos erosivos, incluindo a umectação do solo para evitar poeira, e controle de emissões atmosféricas, reduzindo a poluição do ar", diz Geddes. Ele afirma que também houve preocupação com a vegetação no empreendimento. A empresa fez "a preservação de espécies arbóreas, com ajustes no projeto para manter exemplares de grande porte".

Em Goiás, empresa avança com o agro, mas vê limites estruturais

A agenda ambiental está no radar das empresas de loteamento em todas as regiões e biomas do País. Em Goiás, o Grupo NB, com uma história de 30 anos no setor de loteamentos, encara um cenário com limitações estruturais e ambientais já na fase de prospecção de áreas para empreendimentos.

"Os municípios com população acima de 100 mil habitantes têm mais possibilidade de oferecer atratividade a negócios imobiliários. Nas regiões metropolitanas, buscamos locais onde haja disponibilidade para fornecimento de água, energia e tratamento dos efluentes. Em Goiás, vários municípios têm deficiências no desenvolvimento de novos empreendimentos imobiliários por impossibilidade de aumento na demanda de água e energia", afirma o arquiteto e urbanista Ioav Blanche, diretor do Grupo NB.

No interior goiano, explica Blanche, a empresa segue "a evolução do agronegócio" pelo Cerrado. "Buscamos oportunidades de negócio em cidades que estão se desenvolvendo por incremento na atividade econômica. Em Goiás, o desenvolvimento acontece principalmente onde temos as agroindústrias."

A urbanização avança sobre regiões que pertenciam à zona rural. "A mitigação da urbanização de áreas antes rurais exige cuidados e ações efetivas. A principal preocupação está na coleta e destinação das águas pluviais. Desenvolvemos mecanismos de retenção que reduzem os impactos das águas das chuvas nos fundos de vale. A ideia é impedir a erosão e prevenir alagamentos", diz Blanche.

"Em todos os empreendimentos buscamos criar áreas verdes de convivência. Esta preocupação vem desde a aquisição da área, no projeto e nas soluções de infraestrutura. Todas as áreas com designação ambiental, as definidas como Áreas de Preservação Permanente (APPs), são reflorestadas e conservadas. Somente com a valorização destas áreas é que podemos garantir a preservação e a sustentabilidade."

A agenda ambiental também ganhou peso na atividade da ITV Urbanismo, empresa tradicional e uma das mais antigas do País no setor de loteamentos. Fundada em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, em 1937, ela também atua nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Alagoas.

"Buscamos reduzir impactos ambientais com a ampliação das áreas permeáveis, a implantação de sistemas de drenagem eficientes, a preservação da vegetação existente e a utilização de espécies nativas no paisagismo. Também realizamos inventários de fauna e flora e promovemos a regeneração natural", diz José Eduardo Ferreira, CEO da ITV Urbanismo. "No desenho urbano dos empreendimentos, priorizamos os pedestres com ruas arborizadas e acessíveis."

Estadão
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