Imóveis em SP contrastam diferença acima de R$ 63 milhões entre o céu da cidade e a base da pirâmide
Extremos de preços vão de R$ 165 mil por estúdio de 16 m² até R$ 63,5 milhões para mansão em edifício de 206 metros de altura
Do céu da cidade até a base da pirâmide social, a curva dos preços de lançamento dos imóveis novos é radical. Começa em R$ 165 mil para um apartamento de 16 metros quadrados, em Carapicuíba, na região metropolitana, e alcança a marca de R$ 63,5 milhões para uma mansão de 789 m², espetada numa torre de 206 metros de altura a um quilômetro do antigo Jockey Club de São Paulo.
Os preços são de pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), responsável pela aferição do volume de lançamentos na capital paulista e em cidades da Grande São Paulo, o território definido para o ranking final do Top Imobiliário.
O mais caro, que traz a marca Cyrela, é o Vista by Armani/Casa. E o mais barato, vendido pela Direções Consultoria Imobiliária, é o Pop Granja. As duas empresas foram premiadas na 32ª edição do Top.
Para Orlando Pereira, diretor comercial do Grupo Cyrela, o Vista by Armani é um marco. Com 206 metros de altura, o projeto será um dos residenciais mais altos da cidade.
Localizado no Jardim Guedala, terá unidades de 348 m² a 883 m², com interiores e mobiliário assinados pela grife italiana. O terreno de 7 mil m² e a vista definitiva para o skyline da cidade, segundo Pereira, reforçam seu valor patrimonial.
Lançado em novembro de 2024, em parceria com a J. Safra Properties, tem unidades a partir de R$ 38 mil/m², segundo a Embraesp. O preço inicial de R$ 15 milhões vai subindo conforme o tamanho da unidade e a altura na torre. O valor geral de vendas (VGV) estimado é de R$ 1,5 bilhão.
Entre os três apartamentos mais baratos lançados na cidade de São Paulo aparece 1 dormitório, de 24 m² e preço a partir de R$ 197 mil, da Vivaz, marca do grupo Cyrela para a baixa renda. A Vivaz vai ganhar mais destaque em 2025, segundo Pereira, com os reajustes do programa Minha Casa, Minha Vida. "A mudança fortalece a demanda e viabiliza novos projetos na base da pirâmide", diz.
A Even, por sua vez, tomou a decisão de ajustar seu posicionamento estratégico para o topo da pirâmide, concentrando todos os investimentos imobiliários na cidade de São Paulo.
"Operamos muito bem no alto e altíssimo padrão, onde temos os melhores resultados", diz João Paulo Laffront, diretor de incorporação da Even. "Objetivo é lançar R$ 2 bilhões por ano." Em 2024, um megaprojeto superou a marca de R$ 3 bilhões em VGV.
O Faena São Paulo, maior produto da história da Even, terá duas torres, de 42 andares e 155 metros de altura, com 140 apartamentos de alto luxo (286 m² a 1024 m²) e cem quartos de hotel, com gestão do grupo francês Accor, além de quadras de tênis, com piso de saibro, restaurantes e centro de artes.
Segundo os registros da Embraesp, o metro quadrado do Faena São Paulo varia de R$ 57 mil a R$ 64 mil. "É um projeto emblemático, de grandes proporções", atesta Laffront, apontando o terreno de 20 mil m² perto da Avenida Faria Lima. "É a região do próximo vetor de crescimento para o alto padrão." A primeira torre foi lançada em abril de 2024, e a previsão de entrega é para julho de 2029. São mais de cinco anos para conclusão do projeto. As obras foram iniciadas em maio deste ano.
A Even não apresentou novos projetos este ano, mas tem dois engatilhados na esteira de lançamentos, a Casa Madalena e o São Paulo Bay.
Localizado em frente à Ponte Estaiada, o São Paulo Bay, ao lado do São Paulo Surf Club, terá acesso ao clube de surf com piscina de ondas artificiais. É um projeto muito relevante, diz Laffront, com VGV estimado de R$ 1,5 bilhão. Em pré-vendas, agora na fase de receber o cliente, o resultado está acima do previsto. "Está me lembrando o início do estande no Fasano Itaim, lançado pela Even em 2019", compara.
Com quadra de tênis, spa e piscina aquecida com raia de 25 m, o residencial Casa Madalena é um projeto de altíssimo padrão com VGV previsto de R$ 750 milhões.
Os preços dos apartamentos, de 355 m², e gardens, de 509 m², correm na faixa de R$ 9,5 milhões a R$ 11 milhões. As coberturas duplex, de 637 m², custam R$ 20 milhões. Serão 76 unidades residenciais em uma torre de 44 andares, na Rua Harmonia.
"Será o mais alto lançado pela Even", diz o diretor de incorporação, lembrando que, antes, os prédios tinham 30 andares e, agora, já existem projetos com mais de 200 metros de altura. "É uma novidade para São Paulo, e a gente gosta desse tipo de verticalização", diz Laffront, sem confirmar se a Even pensa em ter um empreendimento tão alto.
Ele enfatiza que o grande exemplo desse movimento é Balneário Camboriú (SC) com o recém-lançado Senna Tower. Projetado para ser o residencial mais alto do mundo, terá 500 metros de altura, 157 andares e 228 apartamentos, de 420 m² a 560 m².