Ibovespa tem oscilação tímida sem sinais do BC sobre queda da Selic
O Ibovespa oscilava pouco nesta quinta-feira, com BTG e B3 atuando como contrapeso ao declínio de papéis como Embraer, enquanto agentes financeiros analisavam decisão do Banco Central de manter a Selic em 15% ao ano na véspera, sem sinalizar o começo de um aguardado ciclo de alívio monetário no país.
Por volta de 12h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 0,04%, a 159.017,34 pontos. O volume financeiro somava R$5 bilhões.
Ao manter a Selic em uma máxima em quase 20 anos, o BC reforçou que a manutenção desse nível por período bastante prolongado é a estratégia adequada para levar a inflação à meta, em um comunicado com poucas alterações, que incluíram projeções melhores para a inflação à frente.
Para 2025, o BC mudou sua previsão para a inflação para 4,4% ante 4,6% em novembro, considerando o cenário de referência. Para o fechamento de 2026, a projeção caiu de 3,6% para 3,5%. Em relação ao segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante da política monetária, passou de 3,3% para 3,2%.
"Apesar de sinalizar uma melhora no cenário de inflação por meio de projeções menores, a estratégia de praticamente manter a mesma mensagem de 'forward guidance' indica uma autoridade monetária ainda mais comprometida em trazer a inflação para a meta de 3,0%", afirmaram economistas do Citi após a decisão.
"Como acreditamos que o cenário de inflação continuará melhorando nas próximas semanas, ainda não podemos descartar nosso cenário base de que o primeiro corte de juros ocorrerá em janeiro de 2026, mas os riscos de um corte mais tardio (em março de 2026) elevaram de forma significativa após tal comunicação."
Eles acrescentaram que aguardarão a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e o Relatório de Inflação da instituição -- ambos na próxima semana -- para reavaliar se a atual projeção de política monetária ainda é o desfecho mais provável.
No exterior, os norte-americanos S&P 500 e Nasdaq recuavam nesta quinta-feira, com novas preocupações sobre os planos de gastos com IA da Oracle ofuscando o otimismo em relação a um tom considerado menos "hawkish" do Federal Reserve na véspera.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN era negociada em baixa de 1,47%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no exterior, com o barril sob o contrato Brent em queda de 1,86%. PETROBRAS ON perdia 1,43%.
- EMBRAER ON caía 3,58%, em pregão de ajustes, após renovar máxima intradia na véspera, quando foi negociada acima de R$90 pela primeira vez. No ano, a ação da fabricante de aviões ainda acumula uma valorização de mais de 53%.
- SUZANO ON recuava 4,97%, em pregão com evento da produtora de papel e celulose com investidores, além de divulgação de previsões, incluindo menor endividamento. Também no radar estavam anúncios sobre pagamento de dividendos e aumento de capital.
- VALE ON cedia 0,07%, enfraquecida pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão do dia com queda de 1,3%.
- BTG PACTUAL UNIT avançava 1,18%, melhor desempenho entre os bancos do Ibovespa, enquanto BRADESCO PN subia 0,93% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhava 0,57%, mas BANCO DO BRASIL ON tinha decréscimo de 0,05% e ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,18%.
- B3 ON subia 1,27%, também fornecendo um suporte relevante. A corretora Interactive Brokers (IBKR) começou a disponibilizar neste mês acesso à bolsa brasileira para seus clientes pessoas físicas nos Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Reino Unido, Austrália, Hong Kong e Singapura.
- GRUPO ULTRA ON valorizava-se 1,93%, tendo como pano de fundo relatório do Citi reiterando compra para a ação, entre outras razões pela perspectiva de dinâmica melhor na distribuição de combustíveis no final de 2025 e em 2026.