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Galípolo tem tido postura firme e não acredito que o BC irá afinar a voz, diz Senna, da FGV

Participante do 4º Seminário de Análise de Conjuntura da FGV, nesta quarta-feira, 10, o chefe do centro de estudos monetários do FGV Ibre disse que o presidente do BC traz confiança

10 dez 2025 - 19h54
(atualizado às 21h30)
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Para o economista José Júlio Senna, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, tem demonstrado uma postura bastante "firme" na condução da política monetária. O chefe do centro de estudos monetários do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre) expressou essa avaliação no 4º Seminário de Análise de Conjuntura da FGV, realizado nesta quarta-feira, 10, horas antes de o BC manter em 15% ao ano a taxa básica da economia, a Selic, como esperado pelo mercado.

Senna disse que a postura do chefe do BC dá confiança para avaliar que não deve haver grandes diferenças entre o que precisa ser feito e o que de fato a autoridade monetária irá entregar em relação ao nível do juro.

'O BC vai continuar tocando o barco de acordo com os preceitos básicos do regime de metas', afirma Senna
'O BC vai continuar tocando o barco de acordo com os preceitos básicos do regime de metas', afirma Senna
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

"A diferença entre o que deveria acontecer e o que vai acontecer não é tão grande, porque todos têm sentido muita firmeza na atual diretoria do BC. O Galípolo tem uma habilidade muito grande de sustentar os mesmos pontos com palavras diferentes dois ou três dias depois de já ter se manifestado publicamente. Me parece uma postura muito firme. Não acho que o BC vai 'piscar', como se diz no jargão popular, ou 'afinar a voz'. O BC vai continuar tocando o barco de acordo com os preceitos básicos do regime de metas", afirmou Senna.

Para ele, também é importante reconhecer que o Banco Central brasileiro tem conseguido construir um arcabouço institucional sólido, fazendo com que a troca de membros das diretorias gere menos temor no mercado e na sociedade. "É claro que não há garantia que quem vier depois para o BC siga respeitando esse arcabouço institucional, mas a probabilidade de esse desrespeito acontecer, até onde a vista alcança, é baixa."

BC 'ainda não venceu a guerra'

A coordenadora do boletim Macro do FGV-Ibre, Silvia Matos, afirmou que o Banco Central está ganhando a batalha, mas ainda não venceu a guerra para controlar a inflação.

Ela reconheceu que números recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) têm mostrado acomodação nos preços, mas que uma demanda doméstica mais forte no ano que vem, na comparação com 2025, pode colocar em xeque a desaceleração dos preços, sobretudo a de serviços.

'Estados mais dependentes do agro e petróleo estão crescendo mais', diz Silvia Matos
'Estados mais dependentes do agro e petróleo estão crescendo mais', diz Silvia Matos
Foto: Reprodução/FGV / Estadão

Essa demanda mais forte em 2026, apontou ela, tende a ser reflexo de medidas como a ampliação da faixa de isenção de Imposto de Renda e eventuais novos estímulos em meio ao período eleitoral.

Matos também destacou que, embora o nível da atividade econômica como um todo seja menos intenso agora do que no início do ano, essa desaceleração é desigual.

Ela chamou a atenção, por exemplo, para o mercado de trabalho, já que apenas setores como a indústria e a construção civil têm registrado criação líquida negativa de vagas, enquanto os serviços seguem contratando mais do que demitindo. Esse panorama também acarreta em divergências regionais, disse ela. "Estados mais dependentes do agro e petróleo estão crescendo mais."

Aposta em corte 'fora do lugar'

A avaliação de parte relevante do mercado financeiro, que aposta em um corte na Selic já a partir de janeiro, ainda parece "um pouco fora do lugar", afirmou Livio Ribeiro, pesquisador do FGV-Ibre.

'O estímulo à demanda vai ocorrer; não é debate de direção, e sim de intensidade', diz Livio Ribeiro
'O estímulo à demanda vai ocorrer; não é debate de direção, e sim de intensidade', diz Livio Ribeiro
Foto: Helvio Romero/Estadão / Estadão

Ele destacou que ainda há muitas dúvidas a respeito do nível de consumo no início do ano que vem, dado o ineditismo de algumas medidas de incentivo à demanda, como a ampliação da faixa de isenção do IR. "O estímulo à demanda vai ocorrer. Não é debate de direção, e sim de intensidade", disse ele.

Para Ribeiro ainda é difícil traçar, por exemplo, o que as famílias que deixarão de pagar IR farão com essa renda extra, podendo haver direcionamento para consumo imediato, pagamento de dívidas, ou mesmo tomada adicional de crédito.

Esse cenário reforça que, para ele, o BC só poderia ficar realmente confortável em cortar juro a partir do segundo trimestre de 2026, à medida que os dados demonstrem que não houve mudança significativa no cenário doméstico.

Durante sua fala, Ribeiro também mencionou que, dada a incerteza com os possíveis impactos da expansão da demanda no comportamento da inflação em 2026, é preciso questionar se a economia do País está preparada para um ciclo consistente de corte de juros.

"A economia brasileira comporta um ciclo de cortes como está precificado no mercado (de 2,75 ponto a 3 pontos) a menos na Selic? Me parece que não."

Quando começar o corte de juro?

O modelo do Banco Central pode apontar para um IPCA abaixo do centro da meta, de 3,0%, já em janeiro, no cenário que leva em consideração a Selic constante em 15%, disse José Júlio Senna.

Mesmo com essa possibilidade, porém, ele avalia que seria mais prudente a autoridade monetária aguardar o mês de março para iniciar o ciclo de cortes na Selic.

Para Senna, mais do que esse processo "mecânico" de o Banco Central responder ao modelo de inflação, é preciso avaliar o desenrolar de outras variáveis, como o comportamento do hiato do produto e do câmbio.

"O BC não acompanha tudo de forma mecânica, não é assim. Senão, não precisaria haver diretores, bastaria um computador. O BC preserva sua capacidade de julgamento e tem que avaliar se as decisões fazem sentido", disse o pesquisador, que avaliou que o IPCA de novembro, divulgado pela manhã pelo IBGE, apresentou bons números.

Estadão
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